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Alimentação é Permanência! Contra a Insegurança Alimentar, Estudantes Realizam Banquetaço com MST e MTST na UFMG!


Publicado em: 26 de maio de 2025

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Afronte Belo Horizonte

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Fotos: Taniara Damascena (@taniaradamascena)

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No último domingo, dia 25, estudantes organizaram a atividade Domingo na Moradia: Alimentação é Permanência para combater a insegurança alimentar que atinge estudantes da moradia estudantil e fortalecer a luta pela abertura do bandejão aos finais de semana. A atividade puxada pelo Afronte!UFMG foi construída em diálogo entre o Bandejão da Moradia e a Associação de Moradores da Moradia Universitária (AMMU), em parceria com o MTST, o MST e o Levante Popular da Juventude. 

A falta de políticas específicas de alimentação como um eixo da permanência estudantil é uma realidade dos estudantes da UFMG mas que também é vivida por muitas universidades de todo o país. Fazemos nesse texto uma reflexão sobre como essa luta é central para o movimento estudantil atualmente e caminhos que podem ser traçados na UFMG para superar esse problema.

Apesar de contar com um dos restaurantes universitários mais caros do país (R$ 5,60), cujo valor, embora alvo de sucessivas tentativas de aumento por parte da reitoria nos últimos 5 anos, permanece inalterado graças à mobilização do movimento estudantil. Os bandejões da UFMG atendem cerca de nove mil estudantes por meio da política de assistência estudantil, e  a UFMG enfrenta um déficit significativo na oferta de refeições aos finais de semana, agravada nos feriados. Nesses períodos, a última refeição é servida no último dia útil anterior, sendo retomada apenas na segunda-feira seguinte. Consequentemente, muitos estudantes assistidos enfrentam, de forma recorrente, situações de insegurança alimentar.

Insegurança alimentar é a condição em que pessoas não têm acesso regular e permanente a alimentos de qualidade e em quantidade suficiente para uma vida saudável. Essa situação pode variar desde a preocupação com a disponibilidade futura de alimentos até a privação severa, caracterizada pela fome. No Brasil, a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia) classifica essa condição em níveis leve, moderado e grave, conforme a gravidade da restrição alimentar enfrentada pelas famílias.

Foi diante dessa realidade e da urgência por uma política alimentar que contemplasse os fins de semana que surgiu o Bandejão da Moradia. Inspirado em uma iniciativa semelhante organizada por estudantes das moradias da Unicamp, o projeto passou a reunir, aos domingos, moradores e apoiadores no salão da Moradia Universitária 3 da UFMG. A proposta é simples, mas essencial: garantir, ao menos por um dia, a refeição para estudantes que, mesmo assistidos pela universidade, não têm condições de arcar com uma alimentação adequada nos finais de semana. Afinal, os auxílios financeiros oferecidos atualmente não são suficientes para garantir a segurança alimentar e outras despesas básicas do cotidiano, e não sofrem atualização dos valores há mais de cinco anos, sendo o valor dos auxílios insuficiente frente aos preços dos alimentos básicos. 

Por meio de doações de alimentos e contribuições financeiras, o Bandejão da Moradia resistiu por sete meses, servindo semanalmente uma média de 150 refeições, o que corresponde a cerca de 10% dos moradores das moradias universitárias. No entanto, no último domingo, 18 de maio de 2025, a ação não pôde mais ser realizada. Mesmo com os esforços coletivos, o caixa tornou-se insuficiente, inviabilizando a compra dos insumos necessários para preparar o almoço. O resultado foi duro e concreto: estudantes que contavam com essa refeição mais uma vez ficaram com fome.

Diante dessa situação e após constantes diálogos com os representantes do Bandejão da Moradia e da Associação de Moradores da Moradia Universitária (AMMU), o movimento Afronte!, em parceria com o MTST, o MST e o Levante Popular da Juventude, organizou a atividade Domingo na Moradia: Alimentação é Permanência. A ação teve como objetivo garantir a alimentação dos moradores da moradia universitária e também de estudantes externos que residem na região do bairro Ouro Preto. Afinal, se os auxílios oferecidos pela universidade já são insuficientes para os moradores das moradias, a situação se torna ainda mais grave para aqueles que precisam custear o próprio aluguel.

Além da distribuição de marmitas produzidas pelo MTST, o evento contou com um momento de formação política sobre Alimentação e permanência no contexto universitário e atividades cultural com a realização da oficina de Forró em parceria com o Picaderro e um Sarau de Slam. Foram servidas, ao todo, 300 marmitas.

O papel do movimento estudantil na luta por segurança alimentar.

A mobilização em torno da pauta da alimentação nos finais de semana na UFMG parte do reconhecimento de que a fome compromete diretamente o direito à permanência estudantil. A atividade tem como objetivo pressionar a instituição e, ao mesmo tempo, abrir um canal efetivo de diálogo com a PRAE e a Diretoria da Moradia Universitária. Como encaminhamento central, propomos a criação de uma Comissão Permanente composta por representantes da PRAE, da Diretoria da Moradia, do DCE e de estudantes, com a tarefa de construir uma política institucional de alimentação para os finais de semana.

Reconhecemos a urgência da situação e, por isso, consideramos inadiável que a UFMG apresente uma medida emergencial que garanta comida imediatamente aos estudantes, enquanto se constrói uma política definitiva de alimentação. 

Nos orientamos por uma linha política firme: fome não espera, alimentação é um direito, não um favor!  Defendemos a criação de uma política pública estrutural, permanente e comprometida com a permanência estudantil.

Entre as medidas imediatas, seguimos mobilizados pela formalização da Comissão Permanente de Segurança Alimentar, e pelo funcionamento do bandejão auto organizado da moradia.

Mas sabemos desde já , que alimentar  os estudantes não deveria ser responsabilidade dos próprios estudantes — é dever da universidade, e estamos organizados pra conquistar a criação de uma política efetiva de alimentação na UFMG, que garanta dignidade alimentar aos estudantes.

Diante da continuidade da insegurança alimentar nas moradias universitárias e da ausência de uma política institucional que assegure refeições nos fins de semana, reafirmamos a urgência da nossa mobilização. A fome não pode ser normalizada dentro da universidade. A realização do Domingo na Moradia: Alimentação é Permanência demonstra que a comunidade estudantil, aliada a movimentos sociais, tem força para construir soluções concretas e cobrar responsabilidade do poder público e da própria universidade. 

Em outras universidades do país o problema também se perpetua, como casos da UFVJM Mucuri, UFV, Unimontes, UFSB, UFRGS, entre tantas outras. Apesar de diferentes realidades locais, a raiz do problema é o mesmo: o estrangulamento do orçamento das universidades, que tem sido insuficiente pras políticas de permanência necessárias para garantir a qualidade do ensino e da trajetória universitária dos estudantes. Mesmo com a recomposição orçamentária da perda dos últimos anos feita pelo governo Lula, ainda é necessário ampliar os recursos destinados ao MEC e ao Plano Nacional de Assistência Estudantil. A educação precisa sair do Arcabolço Fiscal, e o decreto 12.448/2025, que é uma execução do planejamento orçamentário de 2025, que fraciona ainda mais o recurso recebido pelas universidades, precisa cair! 

Acreditamos que essa pauta é básica e deve ser uma luta comum do movimento estudantil de todo país. É necessário pensar em alternativas como a criação de um Plano Nacional de Segurança Alimentar para o Ensino Superior, que destine uma verba específica à parte do PNAES para as políticas de alimentação para que tenhamos acesso à R.Us de qualidade com preços acessíveis e políticas complementares de alimentação, que seja combinado com um calendário de lutas em defesa da permanência estudantil. Os estudantes não podem pagar pela crise orçamentária das e universidades, e o movimento estudantil tem a tarefa de articular essa luta em busca dos nossos direitos: com fome ninguém estuda: Alimentação é Permanência!

Por segurança alimentar na UFMG!

 

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