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Carta aberta do Sindipetro-RJ coloca sinal de igual entre Governo Lula e Bolsonarismo


Publicado em: 21 de fevereiro de 2025

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Mateus Ribeiro, do Rio de Janeiro (RJ)

Esquerda Online

Esse post foi criado pelo Esquerda Online.

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O Sindipetro-RJ publicou no dia 17/02 uma carta aberta à população do Rio e à classe trabalhadora. Esse documento foi entregue ao Presidente Lula na cerimônia de retomada da Indústria Naval e, teoricamente, deveria ser um texto que ajudasse a desenvolver a pauta do Teletrabalho para o Presidente (Confira aqui o documento produzido pela direção do sindicato).

O texto, no entanto, além de quase não falar em Teletrabalho equiparou o Governo Lula aos governos Bolsonaro e Temer e ainda afirma que o governo atual não fez nenhuma mudança substancial na gestão da Petrobrás em relação à esses 2 governos anteriores. Além da crítica totalmente descalibrada em proporção, choca o momento que a direção do sindicato escolheu para mirar pesada artilharia contra Lula: estamos a menos de um mês de uma nova manifestação pelo impeachment, chamada pelos setores da ultra-direita (incluindo aí o homem mais rico e poderoso do mundo: Elon Musk).

Primeiramente, quanto a criticar ao governo: seguramente o governo Lula é criticável, e inclusive, devemos fazer críticas se queremos que o governo melhore e dê certo. A última pesquisa de popularidade pelo DataFolha apresentou uma realidade alarmente. É necessário que Lula e seu governo mudem de estratégia, se enfrentando mais abertamente com o Congresso mais reacionário que já tivemos no país, pautando os projetos que melhorem as condições de vida dos trabalhadores e deixando claro aqueles que são contra. Com isso aumentamos a pressão popular para aprovação de projetos como o fim da Escala 6×1, taxação dos super-ricos e isenção do IR até 5 mil reais de salário.

Mas o conteúdo da crítica e como a fazemos, importa muito. No texto em questão, quase não se fala da direita. É uma narrativa em que todos os canhões são apontados unicamente para o PT. Quando se fala da direita é colocado um sinal de igual entre Lula, Bolsonaro e Temer. Esse argumento não sobrevive à prova dos fatos: estamos vendo a maior convocação de nível técnico da empresa em muitos anos, a reincorporação da FAFEN-PR, a política de conteúdo local,  o início da produção no Boaventura (antigo COMPERJ), investimentos na RENEST,  etc.

Além de todas essas iniciativas que vão no sentido de fortalecer a Petrobras, há a principal diferença: a direita tem como uma das pautas principais O FIM DA PETROBRAS COMO EMPRESA PÚBLICA. É verdade que queremos ainda mais avanços e o governo cede à direita em vários temas, como no tema dos dividendos. Ou vemos a diretoria implementando uma medida autoritária e arcaica, com o retrocesso no Teletrabalho. Mas colocar que Lula e a direita governam iguais não vale, pois não é verdadeiro.

Porém, o maior problema do texto em questão é sua lógica escondida. A dedução implícita no texto é: Se o Governo Lula e a extrema-direita são iguais, não cabe aos trabalhadores defenderem esse governo frente à ameaça golpista. Essa conclusão é terrível nesse momento em que estamos vivendo. Há em curso uma nojenta trama golpista, arquitetada pelos mesmos setores que sempre votaram contra os trabalhadores e agora querem pagar de bons moços. Exatamente os mesmos que buscaram dar um golpe no 8 de janeiro e matar Lula e Alexandre de Morais, articulam com auxílio de Musk e da extrema-direita mundial, uma manifestação pelo impeachment de Lula no dia 16 de março. É necessário que todo o movimento social consciente denuncie e alerte aos trabalhadores o perigo em curso. Essa é a carta aberta que precisamos ver em ação. Nenhuma confiança nos golpistas, pois eles querem um país submisso aos EUA, são contra a isenção do IR para até 5 mil, são contra taxação dos super-ricos e sobretudo: querem privatizar a maior empresa da América Latina, símbolo de orgulho nacional do nosso povo

PSTU defendeu o Fora Dilma em 2015

Apesar de chocante, essa posição da atual direção não surpreende. Hoje o nosso sindicato está sendo dirigido pelo mesmo grupo político que em 2015 defendeu o impeachment de Dilma Roussef. É o tipo de grupo que no afã de estar à esquerda de todos, não se importa em romper qualquer dialógo e ponte com aliados da própria esquerda, e o pior: não se preocupa em flertar com a extrema-direita se for para falar mal do Lula. Afinal, a Terra é redonda e aqueles que estão na “ultra-esquerda” por vezes se enfileiram com a direita.

Mateus Ribeiro é Operador do Polo Boaventura (antigo COMPERJ) e membro do Resistência Petroleira


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