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Unir a esquerda e construir um projeto da classe trabalhadora para Sergipe
Publicado em: 8 de fevereiro de 2025
Foto: Ricardo Stuckert
Em outubro passado, venceu em Aracaju o projeto político de Emília, liderança do PL, partido de Bolsonaro. Por que isso aconteceu? Por que o candidato de Edvaldo, Luiz Roberto saiu derrotado, mesmo com a máquina nas mão há tantos anos? E a esquerda? O que explica a fragmentação e a derrota, ainda que tenha conseguido ocupar postos parlamentares de peso? As pessoas olham para o péssimo governo Mitidieri e para a nova gestão de Aracaju e buscam respostas. Queremos ajudar a refletir a atual situação política e pensar o futuro de forma coletiva.
A gestão de Edvaldo trouxe um desgaste de muitos anos à frente da administração municipal e problemas estruturais que se acumularam. Apesar de ter uma história na esquerda, Edvaldo se distanciou dessas ideias e sempre governou para a elite e os grandes empresários de Aracaju e não para a maioria do povo trabalhador. Esse desgaste foi capitaneado pela extrema direita. Rapidamente o movimento bolsonarista sergipano se conectou com Emília e a turma da gestão de João Alves, e convenceram o povo que fariam “uma nova Aracaju”.
Em segundo lugar, o grupo de Edvaldo/Mitidieri se dividiu entre a campanha de Luiz Roberto e Yandra Moura. Na prática, essa divisão fez um bom estrago nas bases governistas. Tudo orquestrado para medir forças entre eles para 2026. Terceiro, Emília contou com o maior fundo partidário – mais de 5 milhões – e o apoio de Bolsonaro com vídeo gravado em suas redes sociais no início da campanha. Assumiu de vez um projeto político com a extrema-direita do país.
Por fim, a divisão da esquerda impediu o crescimento de uma candidatura que pudesse polarizar de fato. O PSOL deveria ter escolhido Linda Brasil como candidata a prefeita. Seria uma campanha histórica, posto que Linda foi a mais votada de Aracaju em 2020 e 2022, aparecendo com muita força em todas as pesquisas. As direções partidárias desperdiçaram uma grande oportunidade. Os erros da esquerda também precisam ser contabilizados na equação. Deveriam seguir o bom exemplo de Estância, onde foi possível construir a unidade entre PSOL e PT.
O resultado geral do estado, em números de prefeituras: PSD – 26 prefeituras, União Brasil – 23, PL – 6 , PT – 6, PP – 5. Entre os dez maiores colégios eleitorais, a esquerda elegeu apenas uma cidade que foi Simão Dias com a candidatura do PT. Em Aracaju, temos uma câmara de vereadores mais conservadora, com lideranças bolsonaristas que costumam atacar a esquerda nas redes sociais e nos diversos espaços políticos, como ocorrido na posse dos vereadores, no Teatro Tobias Barreto. Nessa oportunidade, grupos de extrema direita proferiram insultos e vaias contra os parlamentares de esquerda da câmara, Sonia, Iran e Camilo. São tempos difíceis.
O PSOL reelegeu em Estância e em Aracaju elegeu mais vereadores que o PT. Iran e Sonia, pelo PSOL e Camilo pelo PT. O PSOL teve outras candidaturas fortes como Mario Leony e Jéssica Taylor que ficaram como suplentes. Na majoritária, mesmo com os erros já apontados, o partido teve seu melhor desempenho eleitoral, com a chapa Niully Campos e Alexis Pedrão que fizeram o enfrentamento à extrema direita, sem abrir mão de debater um projeto da classe trabalhadora para a cidade. Ademais, a participação de Linda Brasil foi decisiva. Mesmo não sendo escolhida pelo PSOL se portou como a grande liderança que é, atuando de forma unitária e militante na campanha.
Para 2026, os ativistas, a militância e a população trabalhadora em geral com quem temos conversado, que se preocupa com o futuro de Sergipe, que ajudou a eleger Lula em 2022, quer uma ampla unidade de toda a esquerda para apresentarmos uma alternativa de futuro. Construir um modelo de desenvolvimento que não seja predatório contra a natureza, com as comunidades quilombolas, pescadoras, catadoras, que respeite e valorize o serviço público, as empresas públicas como a DESO, Banese, contra toda forma de privatização, em defesa da juventude, das mulheres, da população LGBT, negra, por uma política de segurança voltada para a inteligência e a garantia de direitos e não com foco na repressão e na violência institucional. Um projeto em defesa do meio ambiente, dos rios e mangues. Por mais empregos, educação e saúde pública, moradia e tantas demandas legítimas da população.
Somos aqueles e aquelas que insistem que a unidade da esquerda nunca foi tão importante quanto nessa quadra histórica. E não pode ficar restrita ao terreno eleitoral. É preciso organizar lutas em conjunto. Articular ações coletivas. Elaborar, formular a exemplo da organização de seminários. As recentes manifestações pela prisão dos golpistas de 8 de janeiro, organizadas pela CUT/SE, tem mostrado uma ampla unidade das forças da esquerda sergipana. Precisamos de muito trabalho de base, melhorar nossa comunicação, formação política e uma série de questões. Estamos dispostos a dar essa batalha e te convidamos a organizar uma grande campanha em defesa da unidade da esquerda sergipana, para mudar pela raiz e termos esperança de um futuro melhor.
Fevereiro de 2025
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