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Mais do que nunca, é hora de lutar pelas cotas trans em todas as universidades brasileiras
O Trumpismo e o Neofascismo crescem em 2025 e escolheram as pessoas trans como um de seus principais alvos. É preciso estar atento e forte: a batalha pelas cotas trans nunca foi tão necessária como tarefa de todo movimento estudantil.
Publicado em: 29 de janeiro de 2025
Foto: Dylan Gayer Colagem: Redação
O Janeiro da Visibilidade Trans de 2025 foi desafiador para a nossa comunidade. Atravessado por notícias diárias sobre ataques às pessoas trans no Brasil e no mundo, os últimos 29 dias escancararam o que cada vez torna-se mais evidente: a crescente da extrema direita que se abriu em 2025 com a posse de Trump; as novas medidas da Meta em conflito com os direitos humanos e as posses de prefeituras e vereanças do PL por todo o país deram espaço para uma grande investida contra os direitos das pessoas trans de todo planeta.
É hora de agir: mais do que nos defender desses ataques e desmentir as mesmas fake news de sempre, precisamos investir parte significativa da força dos movimentos sociais para avançar cada vez mais em direitos e garantias aos setores oprimidos que tanto estão sendo atacados. Não apenas combater os retrocessos, mas avançar por medidas concretas e que transformem qualitativamente a realidade da classe trabalhadora. É nessa seara que a batalha por cotas trans deixa de ser somente uma tarefa fundamental e passa a ser mais – uma luta necessária, pra ontem, que deve ser encampada por todo movimento estudantil.
A defesa da comunidade trans na ordem do dia da esquerda internacional
Trump tomou posse no dia 20 de janeiro e em menos de 10 dias vê-se tantas manchetes escancarando os ataques à comunidade trans dos Estados Unidos que essa política já se tornou uma das marcas do novo governo. O atual presidente decretou as seguintes medidas nas últimas semanas de janeiro: afirmou em sua posse que “agora só existem dois gêneros” no país (20); encerrou os programas de diversidade dos Estados Unidos no primeiro dia de mandato (21); proibiu que mulheres trans cumpram pena em presídios femininos (25) e assinou um decreto para banir pessoas trans das Forças Armadas nos EUA (28). Isso é o que se desenha como uma agenda anti-trans orquestrada pelo Trumpismo, mas que não é isolada, porque se soma ainda com outros ataques que temos assistido.
Ainda em Janeiro, a Meta alterou sua política para discursos de ódio que se refletem nas redes como Facebook, Instagram e Threads e passou a permitir que se vincule a comunidade LGBTI+ ao que se nomeia como “doenças mentais”. E, no Brasil, apenas na capital de São Paulo, o vereador mais votado da cidade apresentou três projetos de lei transfóbicos em um intervalo de apenas três dias, como uma forma de demarcar o começo da sua atuação na Câmara Municipal. Sob o manto falso da liberdade de expressão, do apreço à moralidade e da proteção das infâncias, a extrema-direita não faz questão de esconder que o seu programa político para a comunidade trans está na ordem do dia.
Agora, o que temos a fazer é disputar mais do que nunca essa temática, e mostrar o que de fato significa a defesa dos interesses da população: nós defendemos a vida contra o assassinato, nós defendemos à saúde contra a precariedade, nós queremos educação e trabalho digno para todas as pessoas. Essa é a disputa que devemos fazer no imaginário da classe trabalhadora. Acima de tudo, nós também precisamos colocar as lutas do movimento trans na ordem do dia da esquerda brasileira. Essa é uma saída fundamental para combater o neofascismo. Não se trata de forma alguma de apenas identitarismo, estamos falando de um projeto de país para todas pessoas e de uma resposta à altura para a extrema direita.
Não é hora de recuar nem de apenas se defender: precisamos avançar cotidianamente na tarefa de cotas trans
Se é preciso dizer que a agenda de direitos da comunidade trans deve estar na ordem do dia da esquerda brasileira e internacional, sem dúvida, a luta por cotas trans nas universidades brasileiras tem um espaço gigantesco nesse cenário. O papel do movimento estudantil nunca foi e agora é menos secundário ainda quando falamos de arrancar conquistas que transformem a realidade brasileira. Mas, para isso, precisamos avançar cotidianamente com toda nossa militância, mobilização e todas entidades do ME em uma batalha incessante de todo o corpo estudantil por cotas trans. Essa está longe de ser apenas uma luta setorial, muito menos apenas dos coletivos trans nas universidades, ela é uma das chaves para a mobilização de todes estudantes do Brasil contra a ascensão da extrema-direita.
É preciso dizer que o cenário das cotas trans no Brasil avança, e isso nos permite tomar fôlego em meio às investidas contra nós. Já são quase 25 universidades brasileiras que aprovaram a política de cotas para pessoas transexuais, transgênero e travestis – algumas já tendo implementado o sistema de reserva de vagas e outras em vias de deliberação para tal. Além disso, são inúmeras as universidades que contam com frentes unificadas em defesa das cotas trans, grupos de trabalho multissetoriais e muito mais. 2025 pode ser uma virada de chave nessa política, para mais do que dobrar esse número. São cerca de 173 universidades federais, estaduais e municipais por todo o país, e cerca de 2.500 universidades privadas – podemos e devemos avançar muito.
Em 2025, estamos diante do Congresso de Entidades de Base da UNE que se inicia hoje, no Dia Nacional da Visibilidade Trans, e ainda vamos construir o Congresso Nacional da UNE: a defesa das cotas trans pode ganhar muito espaço se compreendida como uma política de unidade para enfrentamento da extrema direita. É preciso assumir a autocrítica e convidar as entidades do movimento estudantil para de fato construírem a luta por cotas trans para além da agitação esporádica. Precisamos construir frentes de trabalho; nos inserir na disputa dentro dos Conselhos Universitários e Congregações; pleitear a existência de GTs para essa finalidade e pressionar as nossas entidades para organizar uma Campanha Nacional por Cotas Trans, que unifique essa luta por todo país. Da agitação à aprovação existe um longo caminho, e está nas mãos do movimento estudantil dar a luta por aquilo que têm devolvido o brilho nos olhos e a sede de transformação para muitas pessoas nas universidades. Mais do que nunca, essa luta se faz urgente, necessária e promissora.
As cotas, as cotas, as cotas abrem portas! Vamos à luta!
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