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Um novo tempo no movimento estudantil na UFRGS e no Brasil: rumo ao 16º CONEB da UNE!


Publicado em: 24 de janeiro de 2025

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A imagem que abre esse texto é histórica e representa um novo tempo para o movimento estudantil na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e em todo o Brasil. Wellington Porto, Niara Dy Luz e Amanda Martins compõem a primeira coordenação geral totalmente negra da história do Diretório Central dos Estudantes da UFRGS. Além disso, Niara também é a primeira mulher trans coordenadora geral da história do DCE. 

Esse trio de estudantes representa uma gestão eleita com 2807 votos, 1098 votos a mais do que a 2ª colocada, a chapa da antiga gestão do DCE da UFRGS. Muitos fatores construíram a nossa vitória e podemos citar alguns como: a linha política acertada, propostas reais que impactam a vida universitária, uma comunicação nas redes sociais ousada e inovadora, os apoios de centenas de estudantes, além de parlamentares e professores da Universidade. 

Entretanto, neste texto queremos destacar o fator definitivo, na nossa opinião, para garantir essa grande conquista e iniciar um novo tempo no movimento estudantil gaúcho e brasileiro: a ampla unidade das organizações do movimento estudantil que conduziram essa campanha.

O coletivo Afronte!, a União da Juventude Socialista (UJS), o Levante Popular da Juventude, a Kizomba (PT), a juventude da corrente Socialismo em Construção (PT), a Juventude do PDT, a Juventude do PPL, a Juventude Fora da Ordem da corrente Avante (PT) e centenas de estudantes independentes levaram aos quatro cantos da UFRGS um amplo sentimento de mudança, alicerçado numa campanha leve, alegre, conectada com os principais anseios dos estudantes e com uma proposta ousada: experimentar mudar a cultura do movimento estudantil.

Os desafios do nosso tempo

O ano que se inicia coloca sob a nossa recém empossada gestão uma responsabilidade muito grande. O primeiro desafio que enfrentaremos é o abandono completo da entidade nos últimos anos. 

Desde 2020, o que vimos no DCE da UFRGS foi uma sequência de gestões afastadas dos estudantes e desconectadas das principais lutas políticas de Porto Alegre, do Rio Grande do Sul e do Brasil. É nossa tarefa número um retomar o protagonismo do DCE da UFRGS na cidade e no estado, com uma gestão aberta e na mão dos estudantes.

Cabe afirmar com veemência que nós não abriremos mão de lutar por mais investimentos na educação. O governo Lula deve enfrentar as pressões do mercado e do centrão, comandados pelas elites do país, para reconstruir uma lógica que priorize um maciço investimento na educação pública brasileira. A nossa gestão será aquela que estará nas ruas e nas salas de aulas mobilizando nossos colegas para lutar por isso, denunciando os cortes de gastos, o trágico arcabouço fiscal e mobilizando os estudantes para a taxação dos grandes ricos.

Nós seremos a gestão que vai retomar a ocupação da universidade em todos os seus espaços. Queremos que os estudantes da UFRGS gostem de viver a universidade, mas para isso será obrigatório que avancemos na ampliação das políticas de assistência e permanência estudantil, na infraestrutura das Casas de Estudante, na melhoria dos Restaurantes Universitários e nos auxílios socioeconômicos que ajudam a tornar a vivência universitária um pouco mais estável. Somente assim conseguiremos enfrentar o esvaziamento das instituições federais de ensino e a descrença na educação pública brasileira.

Para a nossa gestão será prioridade transformar o movimento estudantil e a produção científica que desenvolvemos diariamente num ponto de apoio da sociedade gaúcha no enfrentamento à emergência climática. As enchentes de 2023 e 2024 provaram que a UFRGS pode contribuir muito na resiliência das nossas cidades aos efeitos da crise climática e nós lutaremos por isso. 

Por fim, não esqueceremos do que vivemos no nosso país nos últimos anos. Enfrentar a extrema-direita, que tem um projeto ideológico para dominar as universidades federais e acabar com a democracia no Brasil, é nosso compromisso. É impensável defender qualquer tipo de anistia àqueles e aquelas que destruíram nosso país, além de construir uma gestão conectada com a pauta da classe trabalhadora também representada na UFRGS, pelo fim da escala 6×1

A unidade histórica como base dessa caminhada

Com a vitória nas eleições do DCE da UFRGS, é possível afirmar que iniciamos os primeiros passos para a formação de um novo campo político que será amplo, diverso, coeso e coerente com as realidades do nosso tempo. A partir dessa construção unitária, que envolveu alunos de todos os campi da Universidade, nós queremos iniciar um novo tempo no movimento estudantil.

Para nós do Afronte!, antes de tudo, é importante dizer que não havia outro caminho. Nossas ideias não cabem mais no projeto político da ex-gestão do nosso DCE, representada a nível nacional pela Oposição de Esquerda da UNE, que é insuficiente diante das demandas estudantis e da realidade política que vivemos no Brasil, além de representar métodos ultrapassados na disputa política cotidiana dentro das salas de aula, dos centros e diretórios acadêmicos e dos espaços da universidade. 

Por outro lado, a unidade consolidada na nova gestão do DCE é uma amostra daquilo que sonhamos pro nosso país. É a conexão entre a história de luta da União Nacional dos Estudantes, as juventudes do PSOL que constroem um novo horizonte político para o Brasil e a ousadia histórica das lutas populares pelas reformas que nosso país precisa para combater as desigualdades até hoje existentes. 

Uma nova cultura de movimento estudantil

Nesse momento, o mais importante é consolidar uma nova cultura no movimento estudantil brasileiro. Se depender de nós, a prioridade número um das entidades do movimento estudantil será retomar a mobilização estudantil dentro e fora das universidades partindo daquilo que é elementar: a luta pelas demandas que mais afetam diretamente a realidade dos nossos colegas.

A importância de retomar as reivindicações diárias dos nossos colegas também como prioritárias é muito mais do que resolver um problema numa sala de aula, num laboratório, em um elevador de um prédio que não funciona ou a falta de suco no Restaurante Universitário. Ao fim e ao cabo, atuar dessa maneira é lutar para retomar na memória dos estudantes a possibilidade de um movimento estudantil organizado e atuante, diretamente conectado ao nosso dia a dia.

Acreditamos que o 16º Congresso Nacional de Entidades de Base, que acontecerá em Recife entre os dias 29 de janeiro e 02 de fevereiro deste ano, será também o espaço para essas discussões. Queremos pensar uma Universidade que seja inclusiva, tecnológica, democrática e participativa para nossos colegas.

Por isso, através da construção unitária que acumulamos com a Juventude Sem Medo,  campo político que integramos dentro da União Nacional dos Estudantes, lutamos para conquistar uma grande vitória. Os nossos esforços foram recompensados. Enquanto JSM, somos a 4ª maior força política rumo ao CONEB, com 110 delegados do Afronte!, nos tornando assim a maior juventude do PSOL rumo à Recife.

Nós, do Afronte!, assumimos a responsabilidade de representar um novo tempo político nas universidades brasileiras e vamos com toda energia e vontade trabalhar para que a nova gestão do DCE da UFRGS seja efetiva e vitoriosa em suas pautas e lutas. 

Acreditamos na unidade como força motora para as conquistas de melhorias estruturais para os estudantes. Vamos buscar conectar o ensino, a pesquisa e a extensão com a sociedade gaúcha, fazendo da UFRGS uma universidade viva, e renovando o movimento estudantil, fazendo com que o mesmo supere seus erros e tenha a cara e a coragem de se transformar diante dos desafios de nosso tempo.

Viva o DCE UFRGS!

Vamos à luta!


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