A urgente luta contra o confisco: o papel central dos estudantes secundaristas na defesa da educação pública


Publicado em: 25 de novembro de 2024

Brasil

Sami Fontana, de Suzano (SP)

Esquerda Online

Esse post foi criado pelo Esquerda Online.

Brasil

Sami Fontana, de Suzano (SP)

Esquerda Online

Esse post foi criado pelo Esquerda Online.

Compartilhe:

Ouça agora a Notícia:

Em um momento crucial para a educação pública no estado de São Paulo, a aprovação, no último dia 13 de novembro, da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 09/2023, pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP), sinaliza uma grave ameaça ao futuro das escolas públicas. A PEC, que propõe um corte de 11 bilhões de reais no orçamento da educação, foi aprovada com o apoio de 64 deputados da extrema-direita e do centrão, desconsiderando o clamor popular e a mobilização de estudantes, professores e movimentos sociais. O ataque à educação pública já é uma realidade, e a resistência precisa ser amplificada, com os estudantes secundaristas assumindo um papel protagonista nesse processo.

O impacto do corte orçamentário: uma ameaça direta ao futuro da Educação

A aprovação do corte orçamentário de 5% para a educação paulista representa um desmonte sem precedentes de um sistema já precário. A redução de 11 bilhões de reais comprometerá ainda mais a qualidade do ensino nas escolas públicas, que já enfrentam uma realidade alarmante: estruturas físicas deterioradas, salas de aula superlotadas, falta de materiais pedagógicos, baixos salários para os educadores e condições de trabalho insustentáveis. O impacto desse corte será devastador, aprofundando a crise existente e promovendo a precarização das condições de ensino e aprendizagem.

O cenário atual das escolas públicas de São Paulo é um reflexo de décadas de desinvestimento na educação. Teto caindo, infiltrações nas escolas, falta de merenda, precarização dos salários dos professores e superlotação nas salas de aula são apenas algumas das dificuldades enfrentadas pelos alunos e educadores. Esse corte orçamentário não só intensifica essas problemáticas, mas ameaça também comprometer o futuro de milhares de jovens, que já se encontram em uma situação de desvantagem, com poucas perspectivas de acesso a uma educação pública de qualidade.

A mobilização secundarista: resistência e exigência por direitos

É nesse contexto de ataque à educação que os estudantes secundaristas, protagonistas de diversas lutas históricas, têm um papel essencial. A PEC 09/2023 foi aprovada em primeiro turno na ALESP mesmo com a presença ativa dos estudantes nas galerias da Assembleia e nas ruas. A mobilização de secundaristas e professores, que protestaram incansavelmente contra o corte, foi ignorada pela maioria dos parlamentares, que, como se mostrou, preferem atender aos interesses da extrema-direita e do centrão, ao invés de garantir um futuro digno para a população.

O processo legislativo, longe de ser democrático, se caracterizou pela exclusão. Centenas de estudantes foram impedidos de participar das discussões no plenário, e a plenária pública, que deveria ser um espaço de livre manifestação e debate, foi marcada por atitudes antidemocráticas. Mesmo com a resistência sendo sistematicamente abafada, os estudantes e professores que conseguiram manter-se dentro da ALESP, bem como aqueles que se organizaram do lado de fora, continuaram a luta. Esse ato de resistência demonstrou que, apesar das tentativas de silenciamento, a voz dos estudantes não pode ser calada.

A participação ativa dos estudantes nas mobilizações será decisiva nas próximas etapas do processo legislativo

Nesse momento tão crucial, que é o momento que a votação está indo para o segundo turno, votação que cortará 11 bilhões da educação paulista, é imprescindível que os estudantes secundaristas, juntamente com os estudantes universitários, se unifiquem, não somente com os professores, mas também com os pais e responsáveis, e além disso, com toda sociedade, para que assim o governador veja que temos voz e temos força e que lutamos pelos nossos diretos. Não podemos deixar isso passar! São 11 bilhões sendo cortado da educação paulista. É 5% do investimento da nossa educação.

A participação ativa dos estudantes nas mobilizações será decisiva nas próximas etapas do processo legislativo. A votação em segundo turno da PEC 09/2023 será uma nova oportunidade para que a sociedade, liderada pelos secundaristas, mostre sua força e reivindique um futuro que não seja comprometido pela lógica do corte, da privatização e da precarização. Para isso, a organização nas escolas e a presença nas ruas são fundamentais.

O Governo Tarcísio e o desmantelamento da educação pública

A retórica da “eficiência” e da “gestão econômica” serve como máscara para um processo de sucateamento, em que o setor privado se beneficia do que deveria ser um direito público universal.

O governador Tarcísio de Freitas, ao apoiar a PEC 09/2023, demonstra sua adesão a uma agenda de desmantelamento da educação pública, com o risco de privatização das escolas estaduais. A alegação de que o sistema público de ensino não consegue atender à demanda devido à falta de recursos pode ser vista como um passo estratégico para justificar a entrega das escolas para a iniciativa privada. A retórica da “eficiência” e da “gestão econômica” serve como máscara para um processo de sucateamento, em que o setor privado se beneficia do que deveria ser um direito público universal.

Esse movimento está profundamente alinhado com uma agenda que coloca os interesses políticos e econômicos à frente das necessidades da população. Durante suas campanhas eleitorais, muitos desses deputados e do próprio governador prometeram melhorias na educação. Agora, com o corte orçamentário, fica evidente que essas promessas foram vazias, e a verdadeira face de um sistema político que privilegia poucos em detrimento da grande maioria da população se revela de forma cruel.

O desafio é agora: a resistência é fundamental

A resistência à PEC 09/2023 é mais do que uma luta contra um corte orçamentário; é uma batalha pela sobrevivência da educação pública no estado de São Paulo

Diante desse cenário desolador, é imprescindível que os estudantes secundaristas ocupem o protagonismo dessa luta. A mobilização nas escolas, as ocupações pacíficas e as manifestações nas ruas são ferramentas essenciais para garantir que a educação pública continue sendo um direito inalienável de todos. O movimento secundarista, com sua energia, organização e capacidade de luta, tem o poder de se tornar a força que pode reverter esse retrocesso.

A resistência à PEC 09/2023 é mais do que uma luta contra um corte orçamentário; é uma batalha pela sobrevivência da educação pública no estado de São Paulo. Os estudantes devem ocupar as ruas, se organizar em comitês de mobilização e pressionar as instâncias políticas até que essa proposta seja derrotada. A unidade entre estudantes, professores e movimentos sociais será fundamental para barrar esse ataque e garantir que a educação pública de qualidade, gratuita e acessível a todos continue a ser uma realidade no estado.

Este é um momento decisivo. A luta dos estudantes secundaristas pela educação não pode parar. A resistência precisa ser mais forte do que nunca, pois o futuro da educação pública está em jogo. Agora é a hora de intensificar a mobilização, ocupar os espaços de decisão e garantir que o direito à educação não seja mais uma vez sacrificado em nome de interesses escusos.

Sami Fontana é estudante secundarista na rede estadual de São Paulo

Contribua com a Esquerda Online

Faça a sua contribuição