Resistência Māori na Nova Zelândia contra projeto de lei racista


Publicado em: 16 de novembro de 2024

Mundo

Francisco Machado, de Florianópolis (SC)

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Na última quinta-feira (14/11), viralizou nas redes sociais o protesto da jovem parlamentar neozelandesa Hana-Rawhiti Maipi-Clarke na forma de um Haka, tradicional dança de guerra Māori, contra o projeto de lei que busca destruir o Tratado de Waitangi, e com ele os direitos do povo indígena do país.

O Tratado de Waitangi foi assinado originalmente em 1840 e é um dos documentos fundacionais da Nova Zelândia. Neste acordo firmado entre a coroa britânica e lideranças Māori, definiu-se um governo britânico sobre a Nova Zelândia e a soberania Māori sobre suas terras, além de garantir total proteção e direitos enquanto sujeitos britânicos ao povo nativo de Aotearoa (Nova Zelândia na língua Māori).

O projeto de lei, que passou a ser chamado de The Treaty Principles Bill, foi proposto pelo líder do partido ultraliberal ACT Party, David Seymour. Com o argumento de que o Tratado de Waitangi garante privilégios aos Māori, o parlamentar da direita liberal busca continuar com a política colonialista e racista que foi regra dos países imperialistas durante os últimos séculos. Os Māori atualmente representam cerca de 20% da população de Aotearoa, e vivem em média 7 anos a menos que o restante dos neozelandeses, são muito mais encarcerados proporcionalmente e recebem penas mais duras, além de haver um racismo crescente contra o uso de sua língua nativa.

Em resposta à tramitação do projeto, uma marcha de cerca de 450km, que conta com 10 mil pessoas, começou rumo à Wellington, e deve chegar à capital do país na próxima terça-feira. O protesto está passando por diversas cidades, onde tem sido recebido com atos locais em apoio à causa Māori.

Em resposta à tramitação do projeto, uma marcha de cerca de 450km, que conta com 10 mil pessoas, começou rumo à Wellington, e deve chegar à capital do país na próxima terça-feira. O protesto está passando por diversas cidades, onde tem sido recebido com atos locais em apoio à causa Māori.

O projeto de lei necessita ser aprovado em 3 turnos no parlamento, tendo passado no primeiro com apoio do National Party, partido conservador do Primeiro Ministro, e do New Zealand First, partido de extrema direita. Porém, a aprovação não se deu sem luta dos parlamentares do Te Pāti Māori, o partido Māori, e do Labour Party, partido trabalhista. Acusando Seymour de mentiroso e denunciando o teor racista do projeto, os parlamentares da esquerda e representantes Māori implodiram a sessão momentaneamente. Hana-Rawhiti Maipi-Clarke, uma jovem parlamentar Māori, que já havia viralizado nas redes sociais ao performar a tradicional dança de guerra indígena, o Haka, ao tomar posse no início do ano, o fez novamente rasgando o projeto de lei no meio da sessão. Com a pressão, o Primeiro Ministro já afirmou que não apoiará o projeto nos próximos turnos.

Este projeto, ao contrário do que afirma seu proponente, não visa “igualar os direitos dos Māori e do restante dos neozelandeses”, mas sim retirar sua soberania e enfraquecer qualquer modelo de sociedade que não seja subserviente ao Capital. O estilo de vida Māori representa resistência ao capitalismo e à transformação da terra em commodity. A luta dos Māori é uma luta de toda a classe trabalhadora!


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