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MOVIMENTO

Rodoviários do Grande Recife: lutar para reeleger a direção O Guará com Aldo Lima presidente

O Guará, o nome que leva a atual gestão, é uma referência ao animal da fauna brasileira hábitos noturnos, tal como é o trabalho de parte da categoria, que chega nas garagens ainda de madrugada, para retirar os carros.

Bruno Rodrigues, de Recife (PE)

Chapa 1 – O Guará

No dia 5 de dezembro ocorrerão as eleições para o sindicato dos rodoviários de Recife. Será a hora de aferir, a partir do voto da base, o resultado do trabalho realizado nos últimos 5 anos, por um dos sindicatos mais combativos da região.

5 anos de lutas e enfrentamentos

Certamente, não foi um mandato fácil. Nesses 5 anos, a diretoria enfrentou a deserção de 3 de seus membros, que uniram-se ao grupo patronal que atua como oposição; a sabotagem permanente das empresas; e uma categoria com pouca experiência sindical, apesar de muito combativa.

Certamente, esses 5 anos da gestão foram marcados por inúmeros enfrentamentos. Esse fato é reconhecido por ninguém menos que pelo próprio Fernando Bandeira de Mello, empresário de ônibus e presidente do sindicato patronal (URBANA-PE). Isso se deu na última reunião para tratar do dissídio da categoria, quando Bandeira queixou-se, diante do juiz e do sindicato, das mais de 30 paralisações, bloqueios de avenidas e de terminais, além de 3 greves de mais de um dia, realizadas pela entidade.

E não sem motivo. Nas últimas décadas, antes da gestão O Guará, o que havia era um sindicato cujo papel era acomodar um grupo de pelegos que vivia de parasitar a entidade, em troca dos mais rebaixados acordos, em prejuízo da categoria.

Tudo isso mudou quando um jovem motorista da empresa Caxangá, Aldo Lima (foto), ao lado de outros “guarás” de luta, como Josival e Paulão (Consórcio Recife), Clarice e Jeremias (Caxangá), Flávio “Kisuki” (Cidade Alta), Ivanildo (Mobibrasil), Arlene e Anderson (Rodotur) e Elias “Pipoca” (Borborema), indignado com a situação da categoria e com as maracutaias da então direção do sindicato, resolveu montar uma chapa e conseguiu tirar o sindicato das mãos da antiga pelegada.

O papel dessa direção chegou a ser reconhecido até na Delegacia do Trabalho de Pernambuco. É que, antes da gestão de Aldo assumir, eram pouquíssimas as denúncias contra as empresas de ônibus que o órgão recebia.

Disputa pela reeleição é marcada por mais luta

Bruno Rodrigues/Esquerda Online
Josival Costa, militante da Resistênca-PSOL e Secretário-geral do sindicato rodoviário, durante paralisação no Centro

A última greve da categoria, realizada em agosto, além de arrancar dos patrões reajuste salarial e no ticket de refeição, conseguiu arrancar plano de saúde, além de eliminar uma antiga cláusula da Convenção Coletiva que literalmente roubava o trabalhador, deixando de remunerar ele tanto no tempo levado para realizar o trajeto entre a garagem e o terminal, como nas paradas para embarque e desembarque de passageiros nos terminais.

Acontece que, para jogar confusão na categoria e tentar desmoralizar o sindicato, as empresas, de maneira consciente, passaram a descumprir acordo firmado no TRT, deixando de apontar parte das horas trabalhadas.

Arlene e Clarice, dirigentes sindicais rodoviárias, durante paralisação em uma garagem da cidade

Assim, no curso da campanha eleitoral, o sindicato vem tendo que realizar mutirões nos terminais para fiscalizar o cumprimento do acordo (o que é possível, através da verificação do contracheque do trabalhador, além do espelho de ponto), tendo chegado até a realizar uma assembleia relâmpago, de madrugada, na garagem de uma dessas empresas.

Grupo patronal é risco mortal para a categoria

Nos próximos dias, até o dia 05, a campanha da chapa 1 tem dois desafios gigantescos, que passam por fazer valer o acordo de greve e emplacar no conjunto da categoria a real natureza da chapa adversária, ou seja, que são um grupo financiado e apoiado diretamente pelas empresas, para tomar o sindicato.

Não pode haver dúvidas entre os trabalhadores da ameaça que esse grupo representa. Querem usar o sindicato em proveito próprio. Uma vez lá, irão vender facilmente os poucos direitos da categoria. O próprio líder desse grupo já chegou a falar em grupos de whatsapp que “benefícios são mais importantes que salários”, ou seja, uma vez na liderança do sindicato, esse grupo certamente será conivente com o congelamento de salários dos trabalhadores.

Foram os mesmos que, na assembleia de 2022, votaram pela não incorporação do plano de saúde na pauta de reivindicações; tentaram sabotar a greve de 2024, distribuindo um pix de R$100 por dia a quem comparecesse na garagem nos dias da greve; foram coniventes com a tentativa de incorporação de contrato de horistas na empresa Mobibrasil, medida que foi impedido pelo sindicato, etc.

Todo apoio à chapa 1 – O Guará

Com esse artigo, queremos pedir a solidariedade de todo o movimento sindical combativo do país. Essa ferramenta, além de sua atual direção, precisa ser resguardada, a todo custo. Perdê-la, será perdê-la para o bolsonarismo. Ou seja, um retrocesso não só para a categoria, mas para toda a esquerda pernambucana.

Mas a Chapa 1 O Guará só pode contar com a solidariedade de outros sindicatos e da esquerda.

Assim, ressaltamos como muito importante a declaração do companheiro Samuel Herculano (foto), militante da Revolução Solidária e presidente estadual do PSOL-PE, em uma recente reunião de militantes e sindicalistas na sede partido: “O partido compreende que essa eleição é mais que uma disputa sindical; é um embate de projetos de sociedade. Do outro lado, temos uma chapa que representa a direita e extrema direita”, garantindo o apoio do PSOL à Chapa 1 – O Guará.

Baiano, Corredor, Cleiton, Napoleão e Cuscuz (agachado), dirigentes do sindicato da construção civil de Fortaleza

Nesse mesmo sentido, também tem sido indispensável o apoio solidário do sindicato da construção de Fortaleza (CE), que enviou 5 militantes para atuar diretamente na campanha, além de uma uma doação em dinheiro. Outras entidades como o SINPMOL, a APEOESP, o SINDJUD, também já fizeram importantes contribuições.

Contudo, ainda faltam muitos dias até o dia 05 e seá precisamos rodar material (panfletos, faixas, camisas e adesivos), pagar ajuda de custo dos apoiadores que estão indo nas garagens e terminais fazer campanha, pagar gasolina para rodar pela cidade, pagar equipe de comunicação, etc. A solidariedade dos sindicatos combativos para a Chapa 1 é indispensável e muito bem vinda.

Moções, vídeos e declarações de apoio para: (11) 96453 0281 (Whatsapp André Valuche)
Chave pix para doações: [email protected]
Fotos: Bruno Rodrigues/Esquerda Online