Aos 83 anos, Bernie Sanders foi reeleito esta terça-feira senador do estado do Vermont com 63,3% dos votos e a mais de 30 pontos de distância do candidato republicano. Este é o quarto mandato do senador que faz questão de concorrer como independente, embora se articule no Senado com a bancada democrata e seja conhecido como uma figura de peso da ala esquerda do partido, no qual chegou a concorrer às primárias para as presidenciais de 2016.
Considerado um forte aliado de Joe Biden, a quem não poupou elogios às políticas laborais no primeiro mandato, Sanders foi das últimas vozes a apelar ao presidente cessante para não abandonar a corrida às presidenciais, quando as pressões para a desistência já eram muitas no interior do partido. Isso não o impediu de se envolver na campanha de Kamala Harris, insistindo em confrontar as propostas económicas de Trump que vão beneficiar os bilionários e não a maioria da população. E nos últimos dias da campanha, desdobrou-se em apelos ao voto por parte daqueles que, como ele próprio, discordavam da posição de Harris sobre Israel e Gaza. Contados os votos e confirmada a vitória de Donald Trump, Bernie Sanders afirma que “não devia ser grande surpresa que um Partido Democrata que abandonou a classe trabalhadora viesse a descobrir que a classe trabalhadora o abandonou”.
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“Primeiro, foi a classe trabalhadora branca, e agora são também os trabalhadores latinos e negros. Enquanto a liderança Democrata defende o status quo, o povo americano está zangado e quer mudança. E eles têm razão”
“Primeiro, foi a classe trabalhadora branca, e agora são também os trabalhadores latinos e negros. Enquanto a liderança Democrata defende o status quo, o povo americano está zangado e quer mudança. E eles têm razão”, defende o senador, lembrando que a desigualdade de rendimentos nunca foi tão grande e que os trabalhadores ganham hoje menos do que há 50 anos, enquanto os mais ricos nunca ganharam tanto.
A insegurança da juventude quanto ao futuro, ao perceber que vai ter um nível de vida pior que o dos pais, a ausência de um sistema de saúde que garanta proteção universal no país que mais dinheiro gasta em saúde e o financiamento sem limites à guerra de Netanyahu contra os palestinianos reprovada pela maioria dos estadunidenses são outros fatores que Sanders acrescenta à sua reflexão sobre a derrota dos Democratas.
“Será que os grandes interesses financeiros e os consultores bem pagos que controlam o Partido Democrata irão tirar lições desta campanha desastrosa? Irão eles perceber a dor e a alienação política por que estão a passar dezenas de milhões de americanos? Será que têm alguma ideia de como podemos atacar a cada vez mais poderosa Oligarquia que tem tanto poder económico e político? Provavelmente não”, considera o senador, concluindo que nas próximas semanas e meses aqueles que estão preocupados com a justiça social e a democracia de base terão de levar a cabo “algumas discussões políticas muito sérias”.
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