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É contra extrema-direita, estúpido!

ALESP

Paulo Pasin

Paulo Pasin é metroviário aposentado do Metrô de São Paulo (SP) e ex-presidente da Fenametro (Federação Nacional dos Metroviários).

Bastava uma análise objetiva da situação da luta de classes baseando-se no arsenal teórico acumulado pelo movimento operário, para prever uma disputa acirradíssima e desleal contra o Boulos. A Faria Lima e a especulação imobiliária encabeçaram uma frente ampla que unificou o centro, a direita, o bolsonarismo e até o crime organizado contra o candidato do PSOL. Nenhum setor burguês ou do aparato do Estado, incluindo o judiciário que nada fez contra os desmandos do Marçal, ficou de fora.

A Faria Lima e a especulação imobiliária encabeçaram uma frente ampla que unificou o centro, a direita, o bolsonarismo e até o crime organizado contra o candidato do PSOL. Nenhum setor burguês ou do aparato do Estado, incluindo o judiciário que nada fez contra os desmandos do Marçal, ficou de fora.

O objetivo maior é impedir o crescimento de uma liderança nova e combativa na esquerda brasileira. Vale tudo. Vale a utilização sem o menor constrangimento da máquinas do Estado e Municipal, obras eleitoreiras, apoio financeiro e de estrutura do capital aos dois bolsonaristas, parcialidade descarada da mídia hegemonica (o compartamento das e do entrevistadores da CBN comprova isso), debates montados, difamação, prontuário falso e todo tipo de fakes divulgados na redes sociais sem qualquer atitude da justiça eleitoral.

Porém, graças a trajetória de Boulos, construída durante anos “amassando barro” nas ocupações organizadas pelo MTST e liderando mobilizações de rua contra Bolsonaro, sua capacidade política, a dedicação da militância dos partidos que compõem a frente e o apoio do Lula chegamos ao segundo turno.

A esquerda precisa sair da defensiva, apresentar um projeto anticapitalista que dê esperança às pessoas. Muito se discute sobre ser antissistema. Para nós ser antissistema significa agregar direitos e poder político para o nosso povo, numa perspectiva revolucionária. Para a extrema-direita é a antipolitica, antissistema de direitos trabalhistas e previdenciários, antissistema público de saúde, antissistema público de educação etc.

Este mesmo sentimento desilusão “com tudo que está aí” foi estimulado pelo capital contra a esquerda e galvanizado pela extrema-direita para dar o golpe em 2016 e prender Lula. Não é coincidência o fato de que muitos dos que acham que devemos ser “antissistema”, sem qualificar o conteúdo desta expressão e a forma concreta e realista de se acumular contra o sistema capitalista , fletaram com os atos da extrema-direita com a proposta “radical” de “Fora Todos”.

Debatendo o conteúdo e não a forma, a rejeição ao Boulos se deve a sua postura firme contra o sistema , nas ocupações, na defesa dos sem-teto nas ações de reintegração (Pinheirinho em São José dos Campos), nas mobilizações mais contundentes contra Bolsonaro e das posições corretas do PSOL. Posições que as igrejas evangélicas utilizam contra o conjunto da esquerda.

Muitos camaradas de esquerda preferem se omitir do processo eleitoral de São Paulo ou, pior ainda, se somar à campanha que tenta desmoralizar Boulos. Não pensam no contexto geral da luta contra a extrema-direita, preferem fortalecer suas posições na disputa interna da esquerda.

Virar votos no segundo turno

Há muito aprendemos como proceder nos períodos adversos. Estamos acostumados a “tirar leite de pedras” em situações difíceis, e despertar os trabalhadores, trabalhadoras e a juventude em toda sua diversidade para fortalecer suas reivindicações e organização.

“Não é difícil ser revolucionário quando a revolução já rebentou e se inflamou, quando todos aderem à revolução por simples entusiasmo, por moda e por vezes até por interesse numa carreira pessoal. Mas «libertar-se» de tais revolucionários de meia tigela custa depois ao proletariado, após a sua vitória, os esforços mais duros, dolorosos, poder-se-ia dizer torturantes. É muitíssimo mais difícil — e muitíssimo mais valioso — saber ser revolucionário quando ainda não existem as condições para a luta directa, aberta, autenticamente de massas, autenticamente revolucionária, saber defender os interesses da revolução (mediante a propaganda, a agitação e a organização) em instituições não revolucionárias e muitas vezes francamente reaccionárias, numa situação não revolucionária, entre massas incapazes de compreender imediatamente a necessidade de um método revolucionário de acção”. Lenin

A nossa paciência revolucionária nos faz ampliar o diálogo, compreender as dificuldades que a ultradireita tenta nos impor, aprofundar depois do segundo turno os balanços eleitorais mais conclusivos.

É hora de arregacar as mangas e ir para o segundo turno com confiança de que estamos numa disputa política. As prefeituras e vereanças que conquistamos, as novas figuras públicas projetadas e os valores divulgados no periodo eleitoral serão pontos de apoio para continuidade da luta de massas contra o fascismo no terreno eleitoral e na ação direta.

O momento é agora.

 

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