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Saiba quem é Carol Iara 50000, travesti intersexo que disputa uma cadeira na Câmara de São Paulo nessas eleições

Carol Iara tem a vida marcada pela resistência permanente. Uma mulher negra, nascida intersexo, criada pela mãe e pela avó, ainda jovem Carol se reconheceu travesti e teve de ir para as ruas fazer trabalho sexual. Aos 18 anos, passou num concurso público da Saúde e passou a trabalhar com atendimento a pessoas vítimas de violência. Descobriu que vivia com HIV e iniciou sua militância em prol de jovens negros com HIV. Entrou pra Universidade, fez Ciências Sociais, se tornou mestra em Ciências Humanas e Sociais e, em 2020, se tornou a primeira parlamentar intersexo do Brasil. 

Carol atua pela auto-organização de muitas LGBTI+ para seguirem na luta coletiva por um mundo libertário e sem preconceito. Ao mesmo tempo, Carol não cabe em caixinhas, é uma LGBTI+ de todas as lutas, estando ao lado de trabalhadores dos serviços públicos contra as privatizações, ao lado de estudantes em luta contra a reforma do Ensino Médio, ao lado das trabalhadoras domésticas e de todos aqueles que lutas por um mundo justo. 

Carolina Iara ter nascido intersexo – possuir aspectos biológicos considerados dos dois sexos binariamente construídos – a fez enfrentar o preconceito e a binarismo cisheteronormativo já muito cedo. Carol foi submetida a mutilações de seu corpo ainda muito pequena. Transformando a dor em luta, Carol é também fundadora da Associação Brasileira de Pessoas Intersexo (ABRAI), em 2018.

Junto à sua mãe, seu companheiro e seus irmãos, Carol vive na Zona Leste, na periferia de São Paulo, e sempre retrata a importância de sua avó Altina em sua formação. Como candomblecista, exalta a ancestralidade na história do povo de terreiro, na luta por uma São Paulo antirracista e feminista. 

Por um período, ainda muito jovem, foi para a rua fazer trabalho sexual e nunca escondeu que foi também neste meio, com as travestis garotas de programa, que aprendeu muito sobre solidariedade e a lutar pela melhoria de vida das LGBTI+ expulsas de casa, que não encontraram outra forma de sobreviver que não a prostituição.

Trabalhadora exemplar, é servidora pública concursada da saúde municipal de São Paulo. Em sua carreira trabalhou enfrentando os desmontes do SUS e a privatização e a concessão para OSs.

Aos 21 anos descobriu que vivia com HIV/Aids e iniciou sua militância com jovens negros positivos, lutando pela ampliação de recursos, fiscalizando o Conselho de Saúde como representante da sociedade civil e exigindo direitos ao trabalho digno, seguridade social e aposentadoria para pessoas com HIV/Aids. Esta sua luta se transformou também em projeto de pesquisa de mestrado que desenvolveu na Universidade Federal do ABC (UFABC), onde investigou o direito ao emprego de pessoas negras soropositivas e se tornou mestra. 

Um corpo negro que transita entre o pé no barro da periferia para a Universidade. Esta é Carolina Iara, uma mulher trans que se tornou a primeira pessoa intersexo da América Latina a ocupar um lugar no Parlamento, nos cargos de covereadora (2020) e copedutada (2022), ambas pela Bancada Feminista do PSOL e hoje disputa uma cadeira na Câmara de Vereadores da mais importante cidade do país. 

Sem dúvida temos um longo caminho na política para garantir o futuro que queremos, do tamanho das nossas necessidades e sonhos: aquele que no lugar da agressão, teremos o respeito por ser quem somos; que no lugar da repressão e do medo, teremos a liberdade sexual; aquele que teremos a cura para o preconceito e seremos plenas das amarras da opressão. Mas venceremos!

 

 

 

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