Durante o período da pré-campanha, fizemos um chamado público para a formação de uma unidade de esquerda em torno de uma candidatura à prefeitura. No entanto, as direções das federações do campo progressista optaram por não lançar candidatos para o cargo de prefeito, concentrando-se apenas nas candidaturas a vereador — uma decisão que consideramos um erro estratégico.
Infelizmente, essa escolha deixou a disputa limitada às candidaturas da direita do ex-prefeito Alberto Mourão (MDB), Danilo Sugoi (MOBILIZA) e à extrema-direita bolsonarista, representada por Danilo Morgado (UNIÃO) ou Lissandro (PL). Como resultado, os trabalhadores, as trabalhadoras e o povo pobre e periférico da cidade ficaram sem um verdadeiro representante nestas eleições.
A candidatura de Alberto Mourão (MDB) simboliza a continuidade do domínio de seu grupo político, que controla a prefeitura há mais de 30 anos. Diante dessa realidade, muitos trabalhadores da cidade, descontentes — como os servidores públicos, que protagonizaram uma greve histórica este ano — buscam uma alternativa política, e alguns cogitam votar em Morgado. No entanto, escolher candidatos como Morgado ou Lissandro, ambos ligados à extrema-direita e ao bolsonarismo, é dar um tiro no próprio pé.
As eleições municipais deste ano se tornaram um campo de batalha crucial contra a extrema-direita, em especial o neofascismo bolsonarista que busca fortalecer-se conquistando cargos nas prefeituras e câmaras de vereadores. As candidaturas de Morgado e Lissandro são a expressão desse campo, embora tentem se pintar como oposição. Na realidade, são nossos maiores inimigos. O verdadeiro objetivo da extrema-direita é desmantelar os serviços públicos, privatizar tudo o que for possível — como está acontecendo agora com a privatização da Sabesp — e destruir de vez tanto os direitos quanto a organização dos trabalhadores. Já vimos isso de forma clara durante o governo Bolsonaro e estamos revivendo essa política sob a gestão de Tarcísio.
A ausência de uma candidatura de esquerda nessas eleições cobra um preço alto. Sem uma alternativa política comprometida com a classe trabalhadora, o espaço de oposição fica vago, facilitando a ascensão da extrema-direita — que, no fim das contas, não é uma verdadeira oposição, mas sim uma falsa promessa de mudança.
Nenhum voto à extrema-direita: uma posição necessária
Diante desse cenário difícil, é essencial que a esquerda adote uma posição clara e firme: nenhum voto para as candidaturas da extrema-direita e do bolsonarismo. Embora Morgado e Lissandro se apresentem como “oposição”, na verdade, representam a continuidade da destruição bolsonarista, com seus ataques sistemáticos aos serviços públicos e aos direitos dos trabalhadores. As pesquisas indicam que a extrema-direita não deve ter força para chegar ao segundo turno, sendo provável a vitória de Alberto Mourão ainda no primeiro turno. No entanto, qualquer voto em seus candidatos contribui para o fortalecimento de seu projeto anti-trabalhador na cidade.
No que diz respeito à câmara de vereadores, é igualmente crucial eleger candidaturas comprometidas com a oposição ao grupo Mourão, que estejam firmemente alinhadas às lutas da classe trabalhadora, do povo pobre e periférico. Atualmente, a câmara está recheada de capachos do grupo Mourão ou de figuras ligadas ao bolsonarismo, comprometendo a defesa dos direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras. Durante a recente greve dos servidores municipais, ficou evidente a falta que faz a presença de vereadores de esquerda, pois a maioria dos atuais vereadores votou contra os servidores. Por isso, é fundamental eleger vereadores que de fato representem os interesses da classe trabalhadora. Considerando que o PSOL não apresentou candidatos, pedimos o voto nas candidaturas do PT, com destaque para a professora Vera 13013, garantindo que a resistência contra a extrema-direita e suas políticas antitrabalhador se fortaleça também no legislativo municipal.
Unidade da esquerda e a construção de uma alternativa combativa
Para reverter esse quadro, a esquerda em Praia Grande tem uma tarefa fundamental: construir, nas lutas da classe trabalhadora e de seus aliados, uma representação forte e combativa que consiga enfrentar os inimigos de nossa classe, como o futuro governo de Mourão. Essa construção só será possível com muita unidade do campo da esquerda, dos partidos como PT, PSOL, PCB e UP e dos movimentos sociais da cidade. Essa unidade é essencial para consolidar uma oposição sólida e preparada para defender os interesses do povo pobre e periférico, não apenas nas urnas, mas nas ruas e em cada espaço de resistência, garantindo desde já uma maior capacidade de disputa para as próximas eleições. Raphael Guedes é professor da rede municipal de Praia Grande e dirigente da Resistência-PSOL.
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