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Especiais
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Eleições 2024: derrotar a extrema direita com a frente de esquerda

Editorial Esquerda Online
Guilherme Gandolfi

Nesta sexta (16), começaram oficialmente as eleições de 2024. Trata-se da mais importante disputa eleitoral nos municípios em muito tempo. Afinal, não está em jogo apenas o poder local em milhares de cidades brasileiras. Mais do que isso: essas eleições preparam a disputa pela Presidência e o Congresso em 2026 num país profundamente dividido politicamente, no qual a extrema direita fascista segue como ameaça real.

Se a extrema direita ganhar posições importantes nessas eleições, chegará com muita força em 2026. Se acontecer o inverso, isto é, se a esquerda prevalecer nas principais cidades, a chance do bolsonarismo retomar a Presidência diminui consideravelmente.

O bolsonarismo pretende retomar o controle do governo federal daqui dois anos, assim como ter mais cadeiras no Senado e na Câmara de Deputados. Para isso, precisa ampliar seu poder nos municípios. Por outro lado, a esquerda visa aumentar seu espaço político nas cidades, sobretudo nas principais capitais e centros metropolitanos, para fazer frente ao perigo representado pela extrema direita. A direita tradicional e o centrão, por sua vez, oscilam politicamente entre esses campos políticos principais. Mas, na maioria dos lugares, estão aliados com o bolsonarismo, objetivando abocanhar mais prefeituras.

Se a extrema direita ganhar posições importantes nessas eleições, chegará com muita força em 2026. Se acontecer o inverso, isto é, se a esquerda prevalecer nas principais cidades, a chance do bolsonarismo retomar a Presidência diminui consideravelmente. Por isso, é de fundamental importância o engajamento das pessoas de esquerda nessa campanha: o futuro do país está em jogo.

O mapa geral das eleições

Por de trás das principais forças políticas, estão os interesses das classes sociais fundamentais. A grande burguesia confere apoio a candidaturas diretamente bolsonaristas ou a candidaturas da direita tradicional e do centrão. Vale notar, porém, que, em muitas cidades, esses dois segmentos políticos estão unificados desde o primeiro turno. Tal como acontece nas cidades de São Paulo e de Porto Alegre. Na primeira, Bolsonaro é cabo eleitoral de Ricardo Nunes, do MDB; na segunda, firmou acordo com Sebastião Melo, também do MDB.

Os principais partidos da esquerda (PT, PSOL e PCdoB) são os representantes vinculados aos interesses do povo trabalhador e oprimido. Em cidades importantes, houve a valiosa formação de frentes de esquerda, sem alianças com setores da direita. Fato que deve ser saudado! Em São Paulo, palco da disputa mais importante dessas eleições, Guilherme Boulos é o candidato da esquerda contra as candidaturas da extrema direita e da direita. Em Porto Alegre, Maria do Rosário será a candidata da aliança. Em Belém, Edmilson Rodrigues lutará pela reeleição pela frente de esquerda. Em Belo Horizonte, Rogério Correia é o nome da unidade.

Há, contudo, algumas capitais e municípios importantes nos quais o PT confere apoio, equivocadamente no nosso entendimento, a candidaturas de direita. Esse é caso, por exemplo, do Rio de Janeiro e de Salvador. O partido de Lula está com Eduardo Paes (PSD), na capital fluminense, e Geraldo Júnior (MDB), na capital baiana. Convém observar que eles representam forças políticas de direita que compõem o governo Lula, tal como a família Barbalho no Pará.

Corretamente, o PSOL lançou candidaturas próprias em diversos municípios em que o PT optou por apoiar candidatos da direita tradicional. No RJ, apresentou o nome do deputado federal Tarcísio Motta, que conta com o apoio da ala do PT ligada ao deputado Lindbergh Farias. Em Salvador, o partido entrou na disputa com Kleber Rosa. Em Recife, Dani Portela é a candidata. O PSOL também tem candidaturas competitivas em Niterói, com Talíria Petrone; em Florianópolis, com Marquito; em Franca, com Guilherme Cortez; entre outras cidades.

Os monstros fascistas à solta

as candidaturas da esquerda precisam estar preparadas para enfrentar uma eleição muito difícil. Pois enfrentarão candidatos bolsonaristas dispostos a tudo

As cenas grotescas de Pablo Marçal nos debates em SP chamaram atenção. O candidato “coach”, um impostor profissional e mentiroso compulsivo, proferiu todo tipo de ofensas e ataques vis a Guilherme Boulos, do PSOL. O objetivo principal é bombardear o candidato da esquerda, dificultando suas chances de vitória. O problema, no entanto, não é só esse. Figuras bizarras como Marçal encontram audiência de massas em quase todo lugar. Em algumas cidades, podem até mesmo chegar ao poder. Ou seja, não apenas atiram na esquerda, mas também disputam para valer o pleito. Embora inspirem asco pela sua baixeza sem limites, não devem ser subestimados politicamente.

Consideramos que as candidaturas da esquerda precisam estar preparadas para enfrentar uma eleição muito difícil. Pois enfrentarão candidatos bolsonaristas dispostos a tudo. Pode-se esperar um verdadeiro show de horrores, com enxurrada de fakenews, ataques misóginos, racistas, LGBTfóbicos, ofensas morais, armações mentirosas, enfim, o lamaçal bolsonarista.

Enfrentar a extrema direita com coragem política e programática

O desafio político estratégico dessas eleições, (…), é ampliar a influência política e ideológica da esquerda nas camadas trabalhadoras e populares, enfrentando com altivez o bolsonarismo.

Se é fato incontestável que o bolsonarismo influencia politica e ideologicamente parte da sociedade, é verdade também que uma parcela também expressiva das massas trabalhadoras rejeitam a extrema direita, especialmente entre os mais oprimidos. Se não fosse assim, Lula não teria vencido em 2022. Evidentemente, há muita desigualdades pelo país. Em algumas regiões, o bolsonarismo é majoritário, em outras, é minoritário. Com a esquerda, ocorre o mesmo.

O desafio político estratégico dessas eleições, ao nosso ver, é ampliar a influência política e ideológica da esquerda nas camadas trabalhadoras e populares, enfrentando com altivez o bolsonarismo.

Nesse sentido, o perigo maior é deixar a extrema direita impor a pauta das eleições. Não baixar a guarda ideológica, levantar a bandeira da esperança, não recuar do programa de mudanças, lutar para estabelecer os temas principais junto ao povo, promover uma campanha-movimento nas periferias e bairros populares, desmascarar a falsidade e hipocrisia dos fascistas, combatendo-os com vigor; animar e encorajar a base social da esquerda para a campanha nas ruas e nas redes. Acreditamos que o caminho seja esse.

A contribuição da Resistência-PSOL

A Resistência, corrente interna do PSOL, que é responsável pelos editorais deste portal, tem o compromisso de lutar nessas eleições, em primeiro lugar, para derrotar a extrema direita. Em segundo, para contribuir ao avanço da esquerda no país e ao fortalecimento do PSOL.

Em terceiro, vamos à batalha por um programa anticapitalista e ecossocialista, que seja porta voz das principais demandas dos trabalhadores, dos bairros periféricos, do povo negro, das mulheres, das pessoas LGBTIs, da juventude, dos povos indígenas, dos sem teto, dos afetados pelas mudanças climáticas, dos mais humildes e desfavorecidos.

Não apresentamos candidaturas pelo PSOL por acreditar que mudaremos a realidade injusta do capitalismo por dentro desse sistema injusto e violento. Mas queremos representações socialistas eleitas para fortalecer a luta do nosso povo explorado e oprimido pelos seus direitos. A batalha eleitoral que começa nesta sexta, dia 16, é parte importante de uma luta maior pelos destinos do nosso país, que segue ameaçado pelo bolsonarismo. Convidamos a todas e todos a se somarem nessa campanha antifascista.