As eleições para o Sindicato dos Rodoviários do Recife e Região Metropolitana se aproximam. Nessas eleições, estará em jogo, de um lado, a manutenção do sindicato nas mãos dos trabalhadores rodoviários, representados pela Gestão O Guará, ligada à Travessia Coletivo Sindical, e de outro a entrega da entidade para a patronal, representada na categoria por uma oposição pelega e bolsonarista.
Nos últimos quatro anos, nenhum setor de trabalhadores no Recife lutou tanto quanto os Rodoviários: greves, atos, paralisações e manifestações vêm sendo a marca dessa categoria, que após anos sob a mão de ferro da pelegada sindical, têm agora à sua frente uma gestão combativa, classista e independente dos patrões. Liderada pelo Presidente Aldo Lima (militante da Resistência-PSOL e da Travessia), a gestão O Guará tem sido exemplo de luta para os trabalhadores de todo o país.
Além das lutas da categoria, a atual gestão tem buscado fazer do sindicato uma entidade parceira dos movimentos sociais e demais sindicatos do estado.
As tentativas de golpe e intervenção patronal no sindicato
É evidente que os patrões não assistiram de braços cruzados a essa mudança de rumo no Sindicato. Desde o primeiro dia de gestão atacam o sindicato, perseguem diretores e utilizam de diferentes práticas antissindicais, ao ponto de financiarem um grupo de oposição, patronal e de viés nitidamente bolsonarista.
Esse grupo apresenta-se como uma associação que, mesmo sem possuir nenhum sócio e, portanto, não ter receita advinda de contribuição, curiosamente dispõe de uma sede mobiliada, assessoria jurídica, funcionários e uma tropa de pelegos liberados dia e noite para disseminar fakenews nas redes sociais e atacar o sindicato na base da categoria.
Esse mesmo grupo ficou famoso em 2022, quando em meio a uma assembleia da categoria entoou gritos de “mito, mito, mito”, em favor do então presidente, Jair Bolsonaro. Além da claque organizada em favor do ex-presidente, chegaram ao ponto de arrancar do auditório do sindicato uma faixa com a palavra de ordem Fora Bolsonaro! e, por pouco, a assembleia não acabou em pancadaria, como eles queriam.
A tentativa de golpe patronal na prestação de contas
Após a vitoriosa greve de 2023 que parou o Recife por seis dias, o desespero bateu a porta da patronal e de sua oposição pelega. Como não podiam impedir que Aldo Lima e Josival Costa (também militante da Resistência-PSOL e da Travessia) de concorrer através da simples demissão, tal como tentaram anteriormente contra Aldo, planejaram um golpe: reprovar as contas do sindicato para tornar a gestão inelegível nas eleições que ocorrerão ao fim deste ano.
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Bem ao estilo do velho gangsterismo sindical, os pelegos bolsonaristas invadiram a quadra do Sindicato no dia da apresentação das contas com o claro objetivo de implodir e inviabilizar a aprovação delas, que se daria no dia seguinte nos locais de trabalho.
A bem da verdade, não esperávamos nada diferente por parte desse grupo de pelegos bolsonaristas, porém no meio da confusão duas presenças nos causaram estranheza. Tratava-se de Josinaldo Dário (de camisa branca e óculos, na foto abaixo) e Gilson Mendonça (de camisa preta e óculos, na foto abaixo), militantes do MES (Movimento de Esquerda Socialista, corrente interna do PSOL), entre os articuladores daquela tentativa de implosão na assembleia, inclusive promovendo intimidações contra os dirigentes da Resistência-PSOL que estavam presentes em apoio ao Sindicato. Dario, inclusive, preside o PSOL no município de Ipojuca-PE.
Contudo, até então acreditávamos tratar-se de uma atitude individual desses dois militantes, que todavia não contava com o apoio formal da direção do MES, se é que é possível estabelecer esse tipo de divisão.
Reunião do Diretório Estadual do PSOL-PE: cai a máscara do MES
Os ataques contra a gestão O Guará e contra a PSOL por parte do grupo patronal apoiado pelo MES se intensificaram cada vez mais desde então. Ilações de que o Sindicato desvia dinheiro para o PSOL tornaram-se constantes nos grupos de whatsapp da categoria (foto ao lado). Acusações contra a memória de Marielle também passaram a ser prática cada vez mais constante por parte desse grupo pelego, com frases do tipo “vão chupar os ossos da Marielle” sendo usadas contra os diretores do sindicato.
Até que, no último dia 6 de julho ocorreu a reunião do Diretório Estadual do PSOL-PE e, por iniciativa da companheira Raphaela Carvalho, do Diretório Estadual do partido e militante da Resistência, pautou-se nesta instância o tema do Sindicato dos Rodoviários.
O objetivo do ponto seria formalizar o apoio do PSOL-PE à atual gestão do sindicato, bem como defender o PSOL dos ataques promovidos por esse grupo bolsonarista e patronal. A diretoria do sindicato tem procurado, neste momento, intensificar os apoios junto aos movimentos sociais, sindicatos, centrais e a formalização do apoio do PSOL seria de grande importância.
Mas, o que deveria ser um ponto simples, acabou nos mostrando que o apoio de Dario e Gilson ao grupo pelego e bolsonarista nos rodoviários tinha de fato aval da direção estadual do MES.
Os dirigentes dessa corrente não só defenderam a postura do seus militantes, Dário (que segue nos atacando, vide prints abaixo) e Gilson, como na própria reunião defenderem o apoio ao grupo patronal e bolsonarista que faz oposição à atual gestão do sindicato.
Apesar dos votos contrários da representação do MES no diretório do PSOL, ao fim e ao cabo, a resolução de apoio ao sindicato rodoviário foi aprovada por esmagadora maioria.
PSOL precisa expulsar Dário e Gilson do seu quadro de filiados
Levamos essas acusações ao conjunto do PSOL para que medidas sejam tomadas.
Alinhar-se a um grupo bolsonarista e explicitamente patronal rompe qualquer linha de mera divergência política.
Nesse sentido, é inaceitável que os dois militantes citados nesse artigo, permaneçam em nosso partido. Dario e Gilson devem ser imediatamente expulsos do PSOL.
Leia abaixo a resolução na íntegra, aprovada no Diretório estadual do PSOL-PE:
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