Hoje nosso país sofre com um evento extremo provocado pelos efeitos da crise climática e do negacionismo dos governos. No Rio Grande do Sul milhares de jovens como nós, mulheres, crianças, perderam tudo. O racismo ambiental se apresenta nú diante de nós. O 1% mais rico organiza a barbárie contra os 99% que produzem a riqueza do planeta. Foi preciso uma tragédia provocada pelo negacionismo para desvelar a agressividade de um sistema literalmente destruidor.
Ao provocar o genocídio dos povos originários, transformar nossa terra fértil em monocultura árida, expulsar quilombolas para retirar e saquear as riquezas do seu território, ao sufocar, desviar e canalizar rios que cortam cidades, transformando as grandes metrópoles em um emaranhado de asfalto, carros e prédios entupindo as veias do nosso planeta de CO2, o capitalismo transformou nosso planeta em uma bomba relógio. O Rio Grande do Sul é uma fotografia desse filme que precisamos interromper.
A extrema-direita de Bolsonaro, Trump, Netanyahu, Milei com seus representantes no Rio Grande do Sul – como o prefeito da capital Sebastião Melo – finge heroísmo, mas na verdade pretende aprofundar o extermínio da vida no planeta a partir de seus governos e dos seus discursos. Não existe luta contra os efeitos da crise climática que não seja uma luta de vida ou morte contra a extrema-direita.
Precisamos encampar uma luta também contra a direita liberal, representada por Eduardo Leite, que trabalhou sistematicamente para retirar e flexibilizar leis em defesa do meio ambiente, sempre defendendo o lucro acima das vidas. Leite chegou ao absurdo de dizer que as ações de solidariedade nesse momento atrapalhavam o comércio do RS.
Só a ação e mobilização das pessoas atingidas pelos efeitos da crise climática pode frear esse curso de destruição. Somo nós, jovens, trabalhadores, negros, LGBTIAP+, quilombolas, indígenas, os que sofrem o racismo ambiental, que podem ser agentes da mudança. E decidimos dedicar nossa energia, nossa indignação e nossa juventude para essa luta. A resistência pelo clima é a resistência pela vida.
Agora a luta pelo clima é ao mesmo tempo a luta por solidariedade. A solidariedade de milhões tem salvado vidas no Rio Grande do Sul. Nos somamos a esse sentimento que mostra o melhor da humanidade. Mas precisamos transformar a solidariedade em luta.
Estava na agenda do AFRONTE um acampamento nacional nos dias 30, 31 de maio e 1 e 2 de junho. Mas não podemos mantê-lo. Como ecossocialistas que somos, não nos serve a roupa da indiferença, a normalidade nos incomoda. Por isso não faremos mais o acampamento que estava planejado.
Em seu lugar faremos um encontro para organizar a resistência à crise climática e a solidariedade ao Rio Grande do Sul. É necessário transformar a comoção em ação. Em São Paulo, nos dias 30, 31 de Maio e 01 e 02 de junho organizaremos centenas de Brigadas com Jovens do Brasil todo que irão partir para a reconstrução do Rio Grande do Sul, levando consigo a empatia e a vontade de mudar o mundo , mas levando também seus conhecimentos em saúde, engenharia, arquitetura, educação para reconstruir a vida nesse estado, que com a força dos que produzem conhecimento e riqueza vai se reconstruir e ser a capital da luta em defesa do planeta.
As Brigadas também irão voltar para seus estados para coordenar doações para o Rio Grande do Sul, mas também para debater com o povo quem são os culpados e como podemos resistir. As brigadas voltam para as suas cidades para que nenhum orçamento municipal, estadual ou federal fique sem investimentos em prevenção, preparação e mitigação dos efeitos da crise climática. Para que nenhum governo ignore a necessidade de evitar que as pessoas sejam atingidas como foram no Rio Grande do Sul. As Brigadas pelo Clima, seja as que vão ao Rio Grande do Sul, sejam as que retornarão ao seu estado serão um polo de resistência contra o negacionismo climático.
É tempo de Solidariedade e Resistência! Participe conosco deste movimento.
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