Vitória de Santo Antão é um município na Zona da Mata pernambucana famoso por seu histórico de luta pela reforma agrária no século passado, sendo o berço das Ligas Camponesas. Atualmente é casa do Centro Acadêmico de Vitória de Santo Antão (CAV), campus universitário da UFPE, onde são ofertados os cursos de Nutrição, Bacharelado e licenciatura em Educação Física, Licenciatura em Biologia, Enfermagem e Saúde Coletiva.
A tradição de luta segue viva na cidade, dessa vez capitaneada pelos estudantes. Na última segunda-feira, 22/04/24, ocorreu uma assembleia geral dos estudantes, que deflagrou greve estudantil, com apoio da esmagadora maioria, 333 votos favoráveis e 73 abstenções (e nenhum voto contrário).
Os estudantes do campus vitoriense da UFPE enfrentam uma dura realidade. O CAV parece abandonado pela reitoria. A maioria dos alunos vivem em cidades no raio de 60 km da universidade e não encontram as condições mínimas de permanência. Existe um grande déficit estrutural e a universidade sequer oferece Residência Estudantil e Restaurante Universitário, tornando-os dependentes de bolsas que podem vir ou não a depender da conjuntura. Além disso, a estrutura construída já está desgastada, hoje a quadra está inutilizada, o que deixa os estudantes sem espaço para aulas práticas, utilizando para isto os corredores do prédio. Os espaços de lazer e conviencia também são escassos e os estudantes ficam sem ter onde comer e socializar em dias chuvosos, comuns na região.
A primeira atividade do comando de greve foi uma ocupação digital nos perfis do reitor Alfredo Gomes, ação que mobilizou mais 200 estudantes a comentar sobre a greve no instagram do queridíssimo. A mobilização resultou em uma reunião presencial com Alfredo, que durante suas falas deixou claro que só foi ao campus devido a movimentação, o que deixa escancarada a percepção de abandono por parte dos estudantes, ele não visitaria o CAV se não fosse a pressão?
A reitoria que atuou contra a greve dos docentes. No dia 12/04 a prograd reuniu com os centros da universidade e informou que os professores grevistas teriam que repor aulas, inclusive aos sábados, numa ameaça de submeter a longa jornadas de trabalho no pós greve e uma tentativa de pôr os estudantes contra os professores.
NÃO PROSPEROU! ESTUDANTES APOIAM A GREVE DE PROFESSORES E TÉCNICOS . O CAV MERECE RESPEITO.
Os técnicos e professores são parte estruturantes da universidade, a reformulação do plano de carreira, e as demais reivindicações grevistas, garantem melhores condições de trabalho e portanto, melhores condições de ensino e pesquisa. Defender a greve dos TAES e docentes , além de solidariedade entre as categorias universitárias, é defender a universidade e o ensino público, gratuito e de qualidade.
O comando de greve escreveu uma carta de reivindicações a ser entregue ao reitor, à diretoria do centro e aos comandos de greve dos docentes e dos TAEs. A carta elenca as prioridades dos estudantes para a manutenção da UFPE, são elas:
1. Reforma estrutural CAV: pela manutenção periódica dos ar condicionado nas salas de aula, projetores com defeito, dos bebedouros disponíveis, construção e reforma dos espaço para as aulas práticas,;
2. Garantia de materiais específicos nos laboratórios para elucidação de aulas práticas em quase todas as disciplinas;
3. Garantia de disponibilidade de ônibus e vans para atividades fora do campus, principalmente com relação aos ônibus que levam os alunos nos Hospitais e Unidades de Saúde, do Recife e demais cidades onde ocorre a realização das atividades de estágios;
4. Construção do RU Já! É de fundamental importância para todos os alunos que frequentam o CAV, afetando o curso de nutrição de diversas maneiras, uma vez que poderia ser um local de aulas práticas e uma área de atuação do nutricionista;
5. Criação de laboratório destinados à Educação;
6. Ampliação das bolsas de monitoria e extensão;
7. Manutenção no elevador;
8. Rede de internet que suporte todos os usuários;
9. Novos implementos para o curso de Educação Física;
10. Disponibilidade de salas para a realização de disciplinas que acontecem durante o período da tarde para o curso de nutrição;
11. Água ofertada para consumo em alguns blocos é intragável, devido ao sabor excessivo de cloro, pela reforma e instalação de novos bebedouros ;
12. Construção de espaços de convivência cobertos, porque quando chove os alunos não têm onde sentar e abrigar-se para realizar refeições e atos de sociabilização, necessários para a vivência universitária, desenvolvimento de laços e troca de conhecimentos interdisciplinares;
13. Reforma da sala de informática e manutenção das máquinas. Tendo em vista que muitos estudantes não têm acesso a computador;
14. Expansão do auxílio creche.
Os estudantes do CAV mandam o seu recado, estão mobilizados e dispostos a transformar a UFPE em um espaço melhor para toda comunidade acadêmica. Por mais permanência, por mais estruturas. Conquistaremos os avanços que a UFPE precisa, na lei ou na marra!
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