O quadro político para as eleições que se aproximam está dificílimo. Em todo o globo avança o projeto político neofascista. Israel massacra o povo palestino e já matou mais de 10 mil crianças enquanto finge combater o terrorismo. Depois da eleição de Milei na Argentina, Donald Trump segue liderando as pesquisas nos Estados Unidos. No Brasil, tivemos uma importante vitória com Lula, mas o movimento de extrema direita liderado por Bolsonaro segue vivo e colocaram milhares nas ruas de São Paulo. Mesmo em Sergipe, território de luta e resistência, onde Bolsonaro perdeu a eleição em todos os municípios, a situação é delicada. Em Aracaju, duas candidaturas bolsonaristas estão liderando as pesquisas, Emília Correia e Yandra Moura.
Edvaldo Nogueira fez uma gestão tão conservadora e subserviente às elites, que abriu espaço para que as candidaturas de extrema direita se apresentarem como possibilidade de mudança. Só se a mudança for para pior. A gestão de Edvaldo governa para os mais ricos, por isso apresenta um projeto acelerado de privatização, destruição do meio ambiente, desrespeito aos servidores públicos, dinheiro público para empresas de transporte, através dos subsídios, não há plano diretor e as construtoras seguem no comando. O prefeito e a grande maioria dos vereadores servem apenas para abaixar a cabeça aos desmandos do grande capital enquanto a população padece sem direitos. Depois de uma gestão pífia, ainda quer emplacar um candidato sem expressão.
Emília e Yandra querem aprofundar esse projeto político de Edvaldo. Tentam disfarçar, mas não conseguem. Bolsonaro fechou a Petrobrás em Sergipe, negligenciou durante a pandemia matando milhares de brasileiros e sergipanos, é acusado em diversos casos de corrupção e tentou dar um golpe na democracia articulando, à distância, uma invasão ao congresso nacional. O que esse projeto político tem para Sergipe e Aracaju a não ser mais destruição e uma prefeitura voltada cada vez mais para as elites? A turma que acampou em frente ao 28 BC não pode comandar a prefeitura. Não são “doidinhos”, tem um projeto muito nítido e não é a favor da maioria do povo aracajuano.
Por isso, precisamos de um projeto político que pense em mudanças estruturais. Construir uma Aracaju com a cara da classe trabalhadora. Ouvir as catadoras de mangaba do Santa Maria, os rodoviários que não receberam seu salário e seus direitos das empresas de ônibus, os movimentos de moradia que lutam por um teto, os servidores que estão na ponta dos equipamentos públicos atendendo a população mais vulnerável, a juventude que está sem emprego, sem perspectivas, em busca de educação, cultura e lazer. Os trabalhadores da segurança, da construção civil, as empregadas domésticas, os motoristas de aplicativo. As comunidades de terreiro, as LGBT’s, os artistas e os pescadores. Um programa, de fato, negro e popular! É urgente desprivatizar a cidade de Aracaju e colocar o povo com prioridade no orçamento público.
Infelizmente, a esquerda não tem se mostrado a altura do desafio. Em pleno mês de abril deveríamos estar em uma grande unidade da esquerda – liderada por PSOL e PT – realizando seminários públicos de discussão e diálogo com os bairros. Os “grandes” dirigentes parecem mais preocupados com vaidades políticas do que com a realidade do povo aracajuano. Sem dúvidas, Linda Brasil é o melhor nome para enfrentar as bolsonaristas. Linda foi a mais votada de Aracaju em 2020 e em 2022. Em algumas pesquisas chegou a pontuar entre 8 e 10% das intenções de voto. Hoje é a líder da oposição ao desgoverno de Mitidieri e uma das parlamentares mais respeitadas de Sergipe, assim como a professora Sonia Meire, vereadora que mais se destaca na capital pela sua presença nas lutas populares e nos projetos em favor da classe trabalhadora.
Temos uma oportunidade histórica. Não podemos vacilar e abrir espaço para a extrema direita na prefeitura de Aracaju. A superação da gestão de Edvaldo precisa ser pela esquerda. Apelamos às direções partidárias que ouçam as vozes das ruas, dos trabalhadores organizados e das comunidades em luta. Ainda há tempo. Ainda há esperança.
* Alexis Pedrão é professor, militante da Resistência e membro da direção nacional do PSOL
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