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BRASIL

Eleições em São José dos Campos-SP: Em meio à divisão da direita, a esquerda deve se unificar para a disputa.

Jéssica Marques, de São José dos Campos (SP)

Os últimos anos foram bastante duros na vida política de São José dos Campos. Em 2020, começamos a passar pela pandemia que, como em qualquer ponto de um país governado por Bolsonaro, foi uma verdadeira tortura para todos e todas que prezam pela vida acima dos lucros. Por aqui, não foi diferente e as incertezas daquele momento se somaram à relocalização de Felício Ramuth, que se aproximou do bolsonarismo e foi reeleito.

Com força em seu segundo mandato, vimos desde então o projeto conservador, autoritário e privatista de cidade que ele buscou aplicar junto com Anderson Farias, seu vice que assumiu o comando da cidade em abril de 2022 quando Felício mudou do PSDB para o PSD, juntou-se ao turista Tarcísio de Freitas e foi concorrer ao governo estadual.

Estamos novamente em um ano eleitoral e, mesmo que muita coisa tenha mudado, os desafios seguem enormes para o lado da classe trabalhadora em São José. A vitória de eleger Lula e derrotar Bolsonaro foi enorme para todo o Brasil, mas sabemos bem que a extrema-direita segue viva e busca aprofundar suas raízes nos interiores do país, visando a disputa contra o governo Lula e toda a esquerda brasileira.

O cenário é complexo, de forte polarização entre duas grandes figuras da direita local. De um lado, temos Anderson que, além de representar a continuidade e possuir o poder e a propaganda da Prefeitura, é um forte laço com o governo bolsonarista de Tarcísio e Felício. O projeto dessas figuras nefastas se concretiza pelos vários ataques do último período.

No campo dos serviços públicos, promoveram uma das piores reformas da previdência do país, prejudicando a vida de servidores aposentados, e ainda deixaram sucessivas dívidas no Instituto de Previdência. Acumularam problemas de contrato e licitação com empresas de transporte e com a limpeza urbana, piorando o dia a dia da população. As propostas de privatização avançaram, com a terceirização das creches, de mais UBS’s e até mesmo do Parque da Cidade, loteando a cidade para garantir lucros que não retornam para o povo.

No campo político, tivemos enfrentamentos importantes. Sindicatos e partidos foram atacados em vários momentos, enquanto o acampamento golpista do DCTA foi mantido sem nenhum problema. O prefeito Anderson tentou, sem sucesso, impedir a realização da Marcha da Maconha e até mesmo de blocos populares de carnaval de rua, com destaque para a perseguição ao Bloco Capivara Neon!

Em plena época de Natal, ainda perseguiu e buscou remover a comunidade do Banhado, resultando em violência policial e assédio a moradores para sua retirada. Aliás, este cerco, segue, com diferentes propostas para retirar as famílias e a completa falta de investimento público na comunidade, em contraste ao projeto higienista de revitalização do Centro.

No entanto, quem também desponta na disputa política é a figura de Eduardo Cury, prefeito pelo PSDB entre 2005 e 2012, que tem a confiança de setores empresariais menos afeitos ao Anderson. Cury foi, simplesmente, um dos principais responsáveis pela violenta e desumana desocupação do Pinheirinho, que já completou 12 anos. Após perder as últimas eleições para deputado federal, ele tenta retomar o comando da cidade, mas, no fundo, sabemos que seu projeto é exatamente o mesmo.

Ao que parece, talvez nem mesmo a identidade com o PSDB, fora do governo municipal desde a ruptura de Felício e Anderson, importe tanto assim. Segundo as mídias locais, Cury busca neste momento negociar com o PL, o partido de Bolsonaro, para uma aliança ou mesmo sua entrada oficial. Tudo que importa para esses homens é a disputa dos votos do bolsonarismo na cidade, visto que se identificam ideologicamente com tudo que a extrema-direita representa.

Precisamos saber disputar esse cenário a nosso favor. Com a direita dividida, a esquerda unificada deve ocupar seu espaço e ir à luta.

Precisamos saber disputar esse cenário a nosso favor. Com a direita dividida, a esquerda unificada deve ocupar seu espaço e ir à luta. Para tanto, deve polarizar contra o programa de retrocesso e conservadorismo de ambos os lados, levantando as bandeiras históricas e atuais dos setores progressistas, e demonstrar como Cury e Anderson servem ao mesmo projeto de cidade e sociedade.

Os partidos de esquerda, aliados a todos os ativistas e movimentos sociais que resistem em São José dos Campos, precisam demarcar sua posição, juntos, em favor dos trabalhadores e trabalhadoras que construíram essa cidade e em favor das mulheres, negros e negras e LGBTI+ que batalham para viver contra o conservadorismo. Esse deve ser o papel do PSOL no processo eleitoral: impulsionar uma política unitária que dispute rumo a uma cidade para a maioria da população. Com o apoio de cada militante, a mudança é possível! Vamos juntes!