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MUNDO

A Lei Ônibus voltou à estaca zero e Milei responde com novos ataques

Agora, um plano de luta com greves e mobilizações em todo o país até que o plano do governo seja derrotado

Opinião Socialista, da Argentina. Tradução de W. Mermelstein, do Esquerda Online

Uma enorme alegria foi causada pela notícia da queda do projeto de lei Ônibus, que na sexta-feira, 3 de fevereiro, havia conseguido aprovação geral, causando uma indisfarçável derrota política para o governo de Milei.

Quando o projeto naufragou na terça-feira, 6, a bancada minoritária do La Libertad Avanza propôs votar que o projeto “retornasse à comissão”, o que significa que todo o tratamento recomeça.

A crise do regime e de seus representantes ficou mais evidente quando os governadores, o bloco colaboracionista do PRO (Proposta Republicana), Pichetto (da coalizão Fazemos Coalizão Federal, a UCR (União Cívica Radical) e outros, que apoiaram o governo para a aprovação global do projeto e continuam a apoiá-lo, não aprovaram artigos específicos relativos aos superpoderes [concedidos a Milei] da lei. Essa crise pode ser explicada pelas lutas entre os interesses capitalistas e pelo repúdio popular, pelas mobilizações, pela Greve Geral de 24 de janeiro, bem como pelas inúmeras ações que mostraram nas ruas a rejeição ao plano da motosserra.

Milei, desde Israel, para onde viajou para cumprir sua submissão ao imperialismo e ao sionismo, desabafou e fez ameaças, após anunciar a possível transferência da embaixada argentina para Jerusalém, postulando-se como “parceiro do ocupante sionista em suas violações contra nosso povo palestino”, como afirmou o Hamas, alinhando-se ao governo do genocida Netanyahu, cuja política é questionada em seu país e internacionalmente.

A fúria de Milei é porque ele não está sendo capaz de cumprir os compromissos assumidos com o FMI, os fundos abutres, os bancos, as multinacionais, de que ele seria capaz de impor as políticas de espoliação do país e de sua classe trabalhadora.

Essa derrota parcial, no entanto, não significa que ele mudará de rumo. Seu plano contra as massas está em curso, submetendo-as à fome e ao sofrimento com a desvalorização de 120% [da moeda], a liberação dos preços, os aumentos de preços e todas as políticas que favorecem a minoria capitalista contra a imensa maioria daqueles que, com seu trabalho, criam toda a riqueza existente.

O governo nacional não envia alimentos para cozinhas comunitárias desde que assumiu o cargo, em dezembro. São dois meses em que a procura nos comedores e merenderos (espaços de alimentação comunitária e solidária) está aumentando. Mas transferiu US$ 177,5 milhões para as igrejas evangélicas montarem novos refeitórios, deslocando as organizações populares que já cobrem essa tarefa urgente, priorizando assim o fortalecimento de sua frente antidireitos e não a fome do povo.

Na mesma linha está a apresentação de um projeto de lei para revogar a Lei do IVE (Interrupção Voluntária da Gravidez), uma provocação contra um direito conquistado que deve ser garantido em todo o país e do qual as mulheres não vão desistir sem lutar.

O tempo ganho deve ser usado para promover a reflexão e uma nova organização, liberando a força da classe trabalhadora e do povo até que o governo seja derrotado. É preciso construir um plano de luta com novas greves e mobilizações. Devemos exigir que a CGT e as 2 CTAs (Centrais de Trabalhadores Argentinos) o exijam, porque o dia 24 de janeiro demonstrou todo o poder que reside na ação unificada das massas. Agora não podem ficar de braços cruzados ou lhe dar um tempo.

As assembleias populares que surgiram desde a noite de 20 de dezembro devem ser espaços de organização contra o plano de Milei e seus múltiplos efeitos; A militância deve acompanhar o processo e colaborar com o desenvolvimento desses espaços, não deve obstruí-los impondo sua política, mas promover maior debate e participação democrática.

Devemos incentivar a unidade de ação com as organizações e espaços que se organizam contra o plano de ajuste, privatização e saque. Os sindicatos, as organizações sociais e de bairro, bem como os locais de trabalho e os próprios bairros, devem promover o estado de alerta, de sensibilização, unindo forças para os próximos confrontos.

Todos os dirigentes sindicais devem convocar as suas bases, como os sindicatos militantes têm vindo a fazer, para organizar a resposta a partir de baixo. O movimento sindical organizado não deve baixar a guarda, mas redobrar sua mobilização.

Não podemos confiar nos políticos de um parlamento que, com a honrosa exceção do bloco FITU, não defende os interesses da classe trabalhadora e do povo, sendo pagadores contumazes da dívida externa e aplicadores de ajustes contra o povo trabalhador. Os governadores e seus legisladores estão tentando chegar a um acordo com Milei para dar-lhe governabilidade e descarregar mais austeridade sobre a classe trabalhadora e o povo empobrecido.

A militância classista e de esquerda deve se dirigir ao povo trabalhador como um todo com uma proposta que possa ser realizada em unidade por todas as organizações operárias existentes, pelo menos até que Milei e sua gangue sejam derrotados. Uma estratégia de classe exige uma linha política correta, e hoje a unidade de ação é o que dá à classe a força para vencer.

Abaixo todo o plano da Motosserra!

Aumento geral dos salários, pensões e subsídios!

Abaixo o Protocolo Repressivo [às mobilizações]. Plena Validade dos Direitos Democráticos!

Liberdade para os companheiros detidos e fim dos processos persecutórios!

Entrega urgente de alimentos em comedores e merenderos!

Fora o FMI! Suspensão do Pagamento e Investigação da Dívida Externa Fraudulenta!

Cancelamento [do aumento] das tarifas!

Opinião socialista, 9 de fevereiro de 2024
Original em https://www.facebook.com/opinion.socialista