A operação “Tempus Veritatis” tem enorme importância. Primeiro, porque comprova que houve uma longa e sistemática articulação golpista cujo desfecho foi a intentona de 8 de janeiro. Segundo, por demonstrar cabalmente que Bolsonaro e diversos membros da alta cúpula do seu governo comandavam o plano autoritário. Terceiro, por atingir o núcleo de generais bolsonaristas e, assim, revelar a extensa trama golpista no interior das Forças Armadas.
Com isso, o Brasil tem uma oportunidade histórica, que não pode ser perdida. O que nunca se deu no país antes precisa acontecer dessa vez: punição rigorosa para a cúpula política e militar envolvida numa tentativa de golpe de Estado. Isso deve significar, fundamentalmente, prisão para Bolsonaro e os generais golpistas. Se essa chance única for desperdiçada, o preço a ser pago pode ser, num futuro não muito distante, a ocorrência de um novo e exitoso golpe contra a democracia e o povo trabalhador.
Hora de ir às ruas pela prisão de Bolsonaro e dos generais
Alexandre de Moraes está à frente do processo que encurralou a direção golpista. Felizmente, até aqui, o Ministro, com apoio da maioria do STF, atua com firmeza e rigor no caso. Por sua vez, o governo Lula, corretamente, vem dando apoio às investigações.
É fundamental que a ação em curso vá às últimas consequências. Mas, sem as ruas, ela pode ficar limitada e, talvez, ser derrotada. O bolsonarismo ainda preserva influência política e ideológica em amplas camadas da população. A base bolsonarista acredita na narrativa de que Bolsonaro é vítima de “perseguição”. Na cúpula das Forças Armadas, pode haver movimentação para tentar brecar as investigações. Mourão exigiu isso ontem na tribuna do Senado, ameaçando em tom golpista. Não podemos subestimar os inimigos.
Por isso, a esquerda, os movimento sociais e o governo Lula não podem ficar assistindo “de camarote” o desenlace desse processo, como meros expectadores. Estamos num momento crucial, que pode representar uma derrota qualitativa do fascismo no país. É hora de chamar o povo às ruas, exercendo pressão pela prisão de Bolsonaro e dos generais golpistas. É preciso mostrar que há mobilização popular para colocar na cadeia quem tentou estabelecer uma nova ditadura no país.
A esquerda precisa retomar as ruas do país, urgentemente, e exigir punição para o núcleo golpista liderado por Bolsonaro. Se Bolsonaro e os generais golpistas não forem presos, se houver impunidade, será questão de tempo para que busquem promover uma nova tentativa de golpe.
— Esquerda Online (@esquerdaonline) February 15, 2024
As frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular podem e devem liderar a articulação dos movimentos sociais e estudantis e sindicatos, marcando um dia unificado de atos em todo país. O PSOL, o PT, o PCdoB e demais partidos da esquerda, assim como seus parlamentares e lideranças, podem e devem estar à cabeça da convocação de mobilização. É necessário unidade, coragem e ousadia! Contra o fascismo, é preciso mostrar força, golpeando-o duramente quando se abre a oportunidade.
A importância da disputa nas redes e também no carnaval
Além das ruas, as redes sociais são um palco chave para a disputa política. Levantamento da Quaest revelou que a ação da PF teve gigantesca repercussão na internet, alcançando mais de 50 milhões de pessoas em um único dia. Segundo a aferição, 58% das publicações foram contrárias a Bolsonaro e 42% a seu favor. Ampliar a liderança da esquerda na batalha nas próximas semanas é fundamental, pois sabemos da força do bolsonarismo também nas redes sociais.
O país já está em clima de carnaval, que além de alegria e festa, representa também espaço para a crítica política. Desse modo, nada melhor que a maior festa popular do nosso povo mandar, com muito bom humor e irreverência, Bolsonaro e os milicos golpistas pra cadeia! Fantasias, faixas, cartazes, músicas e tudo mais são muito bem-vindos!
A mão não pode tremer
Abriu-se uma janela de oportunidade, que pode passar rapidamente. Se deixarmos o inimigo escapar quando ele pode ser esmagado, ele voltará com mais força logo adiante.
Caso Bolsonaro e a cúpula militar golpista sejam rigorosamente punidos, o país terá imensurável triunfo democrático. Haverá melhores condições para a luta popular e de esquerda pelas transformações sociais necessárias.
O governo Lula tem que se manter firme no apoio às investigações e punições ao comando bolsonarista, sem hesitar diante das pressões pela conciliação que existirão. O Ministro da Defesa, José Múcio, sempre disposto a acobertar os militares, deveria ser demitido.
Sem pressão política e mobilização popular, não se pode confiar que o STF levará o processo às últimas consequências. Qualquer anistia ao comando golpista será imperdoável. A esquerda e os movimentos sociais precisam estar à altura do momento histórico, ocupando as ruas e as redes, sem medo de lutar contra o fascismo.
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