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MUNDO

Historiador antissionista fala sobre os cinco indicadores do início do fim do projeto sionista

Ilan Pappe, com tradução de Waldo Mermelstein

AL-QUDS OCUPADA 17 de janeiro. 2024 (Saba) – O historiador antissionista professor Ilan Pappe confirmou que há indícios do declínio do projeto sionista, pedindo ao “Movimento de Libertação da Palestina” que se prepare para preencher o vazio para que um longo período de caos não prevaleça, como aconteceu na Síria e em outros países do mundo árabe e do norte da África [na primavera árabe].

Sob o título “O início do fim do projeto sionista”, o historiador Pappe disse, em um simpósio realizado no último sábado na cidade de Haifa, no interior da Palestina, o início do fim do projeto sionista é “uma fase longa e perigosa, e não falaremos sobre o futuro próximo, infelizmente, mas sim sobre o futuro distante,  mas temos de estar preparados para isso.”

Ele expressou seu otimismo de que “estamos no início do fim do projeto sionista, acrescentando: “Devemos fazer parte dos esforços para encurtar este período”.

O historiador antissionista, professor da Faculdade de Ciências Sociais e Estudos Internacionais da Universidade Britânica de Exeter e diretor do Centro Europeu de Estudos da Palestina, apontou cinco indicadores do início do fim do projeto sionista, que são:

O primeiro é “a guerra civil judaica que testemunhamos antes do sete de outubro,  entre o campo laico e o campo religioso na comunidade judaica em Israel”.

Ele disse que a sociedade laica, a maioria da qual é judia europeia, busca uma vida aberta e liberal, ao passo que está disposta a continuar oprimindo os palestinos, mesmo que esteja disposta a renunciar a partes dos territórios ocupados na Cisjordânia e na Faixa de Gaza.

A tendência oposta é representada pelo “Estado da Judeia”. Ele cresceu nos assentamentos estabelecidos na Cisjordânia e aspira transformar “Israel” em um Estado religioso judaico racista.

Pappe destacou que esses dois campos “testemunharão guerras no futuro, porque “o cimento que mantém os dois juntos é a ameaça à segurança, mas mesmo isso parece não estar funcionando mais, e está fracassando diante de nossos olhos”.

O segundo indicador, segundo Pappe, é o apoio sem precedentes à causa palestina no mundo e a disposição da maioria dos envolvidos no movimento de solidariedade em adotar o modelo antiapartheid que ajudou a derrubar esse regime na África do Sul, referindo-se, nesse contexto, ao movimento de boicote a “Israel” e desinvestir dele. (Boicote, Desinvestimento e Sanções -BDS).

Ele disse: “Este é um assunto muito importante… Além do enquadramento de “Israel” como um Estado de apartheid por organizações não governamentais respeitadas como a Anistia Internacional, a Human Rights Watch e a B’Tselem, vejo que estamos entrando em um novo período, transferindo a pressão da sociedade para os governos.”

O terceiro indicador está relacionado ao fator econômico, uma vez que Pappe acredita que “inclui o maior fosso entre os que têm e os que não têm, quase ninguém consegue comprar uma casa e todos os anos muitos encontram-se abaixo do limiar da pobreza”.

E acrescentou: “Apesar dos enormes gastos com a guerra após o 7 de outubro, e apesar do apoio dos Estados Unidos, há uma visão sombria sobre o futuro da solidez econômica da entidade israelense”.

O quarto indicador, segundo o mesmo historiador, é “a incapacidade do exército de ocupação de proteger a comunidade judaica no sul e no norte”.

Ele disse neste contexto: “Há 120.000 refugiados deslocados do norte, todos judeus na Galileia – não há refugiados palestinos entre eles (..) Depois de 7 de outubro, o governo fracassou em prestar assistência às famílias dos mortos e feridos.”

O indicador final é a atitude da nova geração de judeus, incluindo nos Estados Unidos da América, que contrasta com as gerações anteriores, “que, mesmo criticando Israel, acreditavam que este país estava seguro contra outro Holocausto ou ondas de antissemitismo”.

O historiador antissionista disse: “Essa suposição não é mais apoiada por muitos da geração mais jovem de judeus, e muitos deles já estão ativos no movimento de solidariedade com os palestinos.

Esta geração deixa os fundamentalistas cristãos como a principal base para o lobby pró-Israel no futuro, e não uma base sólida para a legitimidade internacional.”
H.H

Original em Saba Net.