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BRASIL

Privatizações e negacionismo climático: o caos da gestão pública em Porto Alegre (RS)

Henrique Haag, de Porto Alegre (RS)

Os eventos climáticos extremos que temos vivenciado nos últimos anos escancaram a falta de preparação para a prevenção e mitigação dos duros impactos sociais nas nossas cidades. A capital gaúcha demonstrou mais uma vez que em uma cidade sem planejamento e sem gestão pública eficiente, nada funciona.

A tempestade vinda do extremo-sul do continente, com ventos que passaram de 100km/h, chuvas intensas e queda de granizo atingiu em cheio o Rio Grande do Sul no dia 16/01, chegando em Porto Alegre e região metropolitana ao anoitecer e adentrando a madrugada. Os impactos foram imediatos: queda de luz, ruas alagadas, árvores caídas, semáforos desligados e demais transtornos esperados nessa situação. No que diz respeito à capital, o último evento climático dessa magnitude ocorreu em 2016.

Muitas coisas mudaram na cidade ao longo desses oito anos. Porém, aquilo que se mantém como imutável até aqui diz respeito às gestões públicas da capital. Amanhecemos no dia 17, com a demonstração dos efeitos práticos da política de privatizações de serviços essenciais como energia elétrica e abastecimento de água no Estado. Tanto a Corsan (Companhia Riograndense de Saneamento) quanto a CEEE – Companhia Estadual de Energia Elétrica (atual Equatorial Energia) são fruto do avanço das privatizações propostas pelo governo de Eduardo Leite (PSDB), com aprovação e apoio do prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB).

A precarização dos serviços demonstrou sua face perversa mais uma vez: aproximadamente 1,2 milhões de pessoas estão sem abastecimento de água, cerca de 92% da população da capital, segundo dados da própria prefeitura de Porto Alegre. Isto ocorre, pois 5 das 6 estações de abastecimento de água estão sem energia elétrica. Ou seja, não existem geradores de emergência para mitigar os impactos das chuvas. Além disso, o próprio prefeito declarou que a empresa Equatorial Energia não tem retornado às tentativas de contato da administração pública.

Quais são as respostas efetivas dadas pela prefeitura diante de um evento climático que se repete frequentemente? Nenhuma. A postura da gestão pública em nome do prefeito Melo é de surpresa, como se nunca fosse possível ter planos de prevenção aos impactos de crises como essa. Ou pior, o prefeito pede em suas redes sociais ajuda e doações à população, de motosserras e telhas de barro, para serem usadas no corte de árvores caídas e casas destelhadas. Posição contraditória, visto que os dados mostram que a prefeitura tem fechado os últimos três anos em superávit. Então, como não tem dinheiro para comprar equipamentos de emergência? Uma demonstração absurda de despreparo e descaso com as pessoas afetadas.

O enfrentamento ao negacionismo climático é uma luta dura e que requer urgência, tendo em vista que a falta de responsabilidade com o tema faz com que milhões de pessoas sejam afetadas de diferentes formas a cada chuva forte.

Desde nossa atuação política no Rio Grande do Sul, com forte intervenção do mandato parlamentar do Dep. Estadual Matheus Gomes, temos pautado a emergência climática como tema central da realidade do Estado. O enfrentamento ao negacionismo climático é uma luta dura e que requer urgência, tendo em vista que a falta de responsabilidade com o tema faz com que milhões de pessoas sejam afetadas de diferentes formas a cada chuva forte. Precisamos de um plano de prevenção aos impactos da crise climática, que passe por investimento financeiro justo com a gravidade da situação, ao contrário do que fez o governador Eduardo Leite destinando somente R$50 mil para a Defesa Civil do RS.

Iniciamos agora um ano decisivo para a política local nas nossas cidades, já que 2024 é um ano eleitoral. Não podemos permitir que projetos de negacionismo climático sigam conduzindo as políticas públicas e de investimento social, como o da gestão Sebastião Melo em Porto Alegre. O prefeito Melo, aliado do bolsonarismo na cidade, governou até aqui precarizando os serviços públicos essenciais e privatizando as empresas públicas. A resposta para isso virá, na nossa capacidade de organização e solidariedade, mas é preciso refletir sobre a cidade que queremos e isso exige dar respostas para a crise, ou melhor, estar preparados e evitar antes mesmo de acontecer.

 

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