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MOVIMENTO

O primeiro ano do novo governo Lula, as velhas práticas da direita no comando dos Correios e a burocracia sindical no SINTECT Santa Catarina

Gilson Vieira, José Maria Pego, Jairo Schoestl, Robson Paladini e demais do Coletivo Travessia/SC
@luizrochabh/LPS/Mídia Ninja

Já faz um ano que parte do povo brasileiro elegeu Lula, porém esse importante passo não bastou para reconstruir um país que, mesmo vencendo a extrema direita na corrida presidencial, precisa de muito trabalho das organizações que representam os trabalhadores e que tem como tarefa mobilizar e colocar nossa classe em marcha. Tanto para seguir combatendo as sequelas do bolsonarismo, como para avançar no debate e na disputa de opinião da parte que não votou em Lula.

Embora reconheçamos que o governo Lula e sua coalizão é muito melhor que o ex-governo neofascista de Bolsonaro, também reconhecemos os limites desse governo, em especial acerca de seu arco de alianças com setores antes defensores de Bolsonaro, mas que com seu apoio impedem o avanço do fascismo. São setores que ajudaram os governos golpistas de Temer e Bolsonaro a retirar direitos, tanto pelas contra reformas, trabalhista e da previdência, como também realizando campanhas pelas privatizações dos serviços públicos, inclusive no ataque direto aos Correios.

Mesmo Lula assumindo o compromisso de não privatizar os Correios, seu primeiro ano de governo não avançou quase nada em relação a melhores condições de trabalho, bem como à valorização salarial dos trabalhadores.

Mesmo Lula assumindo o compromisso de não privatizar os Correios, seu primeiro ano de governo não avançou quase nada em relação a melhores condições de trabalho, bem como à valorização salarial dos trabalhadores. Até agora não tivemos nenhuma sinalização clara para a realização de novo concurso público, o que tem sobrecarregado a categoria que conta com efetivo muito reduzido e que não é renovado desde 2011. Não bastasse essa paralisia, os governos anteriores investiram em vários planos de demissão (PDI, PDV) e terceirizações por dentro da empresa

Lula entregou a administração dos Correios para um partido do centrão, o União Brasil, que até ontem vestia a camisa do governo Bolsonaro. É preciso que os Correios enquanto serviço público seja administrado por servidores de carreira, alinhados a política de defesa da empresa, de sua não privatização e de melhorias reais para os trabalhadores que sofrem com a permanência da política de direita que comanda a empresa!

Com o crescimento de vendas pela internet, sem a renovação de efetivos, as condições de trabalho estão cada vez mais caóticas, deixando trabalhadores adoecidos tanto física como psicologicamente. Não bastasse isso, vivemos uma crise seríssima no movimento sindical, que não começou agora, mas que, pelo seu engessamento e não organização das lutas da classe trabalhadora, tem deixado a categoria ainda menos esperançosa quanto a possíveis saídas, pois, ao invés de mobilizar os trabalhadores para resistir aos ataques da empresa, temos dirigentes sindicais aceitando cargos na empresa, mediante barganhas, no mínimo questionáveis.

Eleições SINTECT/SC

Neste momento em que a categoria dos correios mais precisa de um sindicato forte com políticas que orientem e esclareçam quando as lutas que virão, não se pode usar as migalhas ganhas na campanha salarial para ofuscar bandeiras de reivindicação, tais como concurso público, condições de trabalho, plano de saúde, entrega matutina e um longo etc. Temos uma direção de sindicato aparelhada à direção da empresa.

Enquanto os trabalhadores se desdobram atrás dos balcões nas agências e os carteiros queimam no sol escaldante, a direção do Sintect/SC se esforça para ocupar cargos usando como moeda de troca a defesa dos trabalhadores. Não é aliando-se ao patrão que vamos avançar ou defender os trabalhadores. Para avançar temos que organizar a massa.

Se já não bastasse toda política de irmandade Sindicato/Empresa, os trabalhadores foram pegos de surpresa no dia 28 de dezembro com um verdadeiro golpe da direção do Sintect. Todos sabemos que 2024 é ano de eleição para escolher a nova direção do Sintect/SC. De forma golpista a direção abriu as inscrições das chapas dando prazo de 29/12 a 04/01/2024, sabendo que no dia 29/12, uma sexta feira véspera de ano novo, a categoria voltaria somente no dia 02/01/2024. Essa data foi escolhida para que não fosse possível inscrever uma chapa de oposição à direção. Essa política visa a perpetuação no cargo.

Tal manobra deixa claro que a direção tem medo de disputar a eleição e quer manter-se no sindicato para continuar barganhando benesses e cargos. Infelizmente a categoria é a mais prejudicada pois vê suas lutas serem trocadas por interesses de poucos.

Se não é esse o caso, a gestão atual do Sintect/SC deve explicações para a categoria, ou ainda, para garantir um processo democrático de verdade, deve apresentar um novo calendário eleitoral, com prazos maiores e sem melindres, na perspectiva de realmente defender a democracia que tanto foi fundamental para frear os ataques bolsonaristas e elegermos Lula.

Precisamos de um sindicato forte, que lute por direitos, que priorize a organização dos trabalhadores e a gestão democrática. É com esse sentimento que seguiremos na luta, inclusive na defesa da nossa entidade sindical, apesar do péssimo exemplo da direção atual do Sintect/SC.

Firmes na Luta!

Contra a Privatização dos Correios!

Em defesa da Gestão Democrática no Sintect/SC!