Porto Alegre está à venda, Liquida Porto Alegre e Melnickstão (referência à construtora Melnick), desde que o prefeito Sebastião Melo assumiu a prefeitura da capital dos gaúchos, essas são expressões e frases com as quais todas as moradoras e moradores de Porto Alegre já se habituaram. Nos últimos três anos, o prefeito Sebastião Melo, com seu vice-prefeito Ricardo Gomes, colocaram Porto Alegre à venda: praças, parques, prédios públicos, tudo está à venda. Modificações no plano diretor, novas regulamentações e parcerias com as vereadoras e vereadores direita têm sido feitas para “passar a patrola” e garantir a lucratividade das grandes empreiteiras.
A prefeitura contava com um Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano e Ambiental (conhecido também como conselho do Plano Diretor, pois o mesmo fiscaliza e debate as propostas do Plano Diretor da cidade – CMDUA), desarticulado e com pouca mobilização para garantir maior lucratividade dos seus parceiros. Porém sem eleição desde 2018 a prefeitura foi obrigada a realizar novas eleições para o CMDUA e na primeira votação na regional 1 – (região central da cidade) o prefeito Sebastião Melo em pleno ano eleitoral sofreu sua primeira grande derrota.
Por obrigação legal, após judicialização por grupos que exigiam que o CMDUA voltasse a ter eleições democráticas, o prefeito Sebastião Melo abriu o processo eleitoral em janeiro contando com a pouca mobilização na cidade. As eleições que irão ocorrer ainda nas demais regiões até início de fevereiro teve seu início no dia 09/01/2024 com a participação em peso da população.
A primeira votação ocorreu na regional central, espaço importante para os mega-empreendimentos, suas incorporadoras e seus representantes e por isso os empresários ligados às grandes imobiliárias e construtoras se mobilizaram para tentar manter sua hegemonia na região. No início para disputar a regional 1 foram inscritas 3 chapas. A chapa 1 representando os setores que defendem um Porto Alegre mais justa, que respeita o meio ambiente e a qualidade de vida na cidade e duas chapas, 2 e 3, que representavam os grandes empresários. Faltando uma semana para o pleito, a chapa 3 se retirou. Com a proximidade da data da votação as eleições polarizaram, vereadores representantes da extrema-direita e do capital financeiro iniciaram uma guerra nas redes sociais para defender a chapa 2, defendendo o progresso e desenvolvimento da cidade. As organizações políticas da esquerda, parlamentares e movimentos sociais se organizaram para convocar a população que mora na região central para votar na chapa 1.
A eleição para regional 1 do CMDUA ocorreu no dia 09 de janeiro, na Câmara de Vereadores e foi possível presenciar os maiores absurdos. Primeiro o total despreparo da prefeitura para uma eleição, sem cadastramento prévio, com equipe reduzida a eleição passou da meia-noite (a prefeitura tinha previsto das 18h às 20h a votação). A população ficou mais de 5h para poder votar em seus representantes para o conselho e seus delegados. Dentro da Câmara de Vereadores as filas eram gigantes, mal estar generalizado devido ao entardecer de verão com temperaturas altas. Faltou copos para a água que só foram repostos depois das 22h. O prefeito Sebastião Melo, através da sua secretaria que organizava o pleito, não garantiu até o anoitecer fila preferencial, deixando idosas, idosos, gestantes e pessoas com dificuldade de locomoção horas em filas. Não existia orientação onde iniciava ou terminava a fila. Centenas de pessoas deixaram de votar, pois não poderiam aguardar 5h em pé. Uma demonstração do total desrespeito que a prefeitura tem com a população que tem o direito de participar das eleições dos conselhos de Porto Alegre.
Voir cette publication sur Instagram
Fora a total desorganização por parte da prefeitura, não faltam registros de abuso do poder financeiro por parte da chapa 2, que alugou ônibus e colocou pessoas que não eram da região para votar, utilizando-se da possibilidade de uma auto-declaração de local de trabalho. Também foram relatados dezenas de casos de pessoas que foram liberadas mais cedo do trabalho ou estavam ganhando hora extra para estarem votando na chapa 2, não faltaram pessoas com crachás das imobiliárias e construtoras de Porto Alegre tentando garantir que os representantes das grandes imobiliárias e construtoras saíssem vencedores da votação.
O que se viu ao longo das 7 horas de votação, acompanhando as pessoas que ficaram mais de 4h na fila, foi o embate entre duas propostas de cidade e de sociedade. Uma mais justa, não excludente e que respeita o meio ambiente, outra que é representada pelo prefeito Sebastião Melo, vereadoras e vereadores de direita e empresas do ramo imobilário que quer lucrar com uma cidade menos justa, com especulação imobiliária e empreendimentos imobiliários milionários, desrespeitando o meio ambiente e as regras do plano diretor.
A região central de Porto Alegre mostrou para o prefeito Sebastião Melo que o projeto de “Liquida Porto Alegre” não terá vida fácil em 2024. Com 1577 votantes totais, 941 (59,67%) votaram na chapa 1 e derrotaram o prefeito no ano que teremos as eleições municipais.
Chapa 1 Eleita no RGP1 (regional 1).
Titular: Felisberto Luisi
1ª Suplente: Manuela Dalla Rosa
2º Suplente: Paulo Guarnieri
Calendário de votação das próximas regionais:
Comentários