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MUNDO

Estado colonial sionista e resistência palestina: um olhar sobre a imprensa

Neste artigo examino as inter-relações entre o Estado colonial sionista e o comportamento das mídias burguesas, oficiais e não oficiais, liberais e fascistas, no contexto de um novo capítulo do genocídio contra o povo palestino, trazendo a lume os casos da ofensiva contra Breno Altman e os jornalistas que atuam profissionalmente em Gaza, rematando com uma situação de experiência pessoal.

Fábio José de Queiroz, de Fortaleza (CE)

As mídias burguesas e o direito de publicar notícias falsas

A “grande imprensa”, a imprensa oficial, corporativa, reclama para si a prerrogativa do direito de publicar notícias falsas e análises enviesadas. Quem, fora de seu circuito, reclamar para si semelhante privilégio, será acusado de espalhar fake news. Como se sabe, as “fakes” estão dos dois lados, tanto das frações de extrema-direita que dominam as redes sociais quanto dos engravatados da grande imprensa comercial.

Quero formular uma questão prática: como os dois lados se conduzem com relação ao massacre do povo palestino pelo Estado sionista de Israel? Exatamente do mesmo modo, repetindo as notícias falsas plantadas pela máquina de guerra sionista.
Onde estão as crianças israelenses degoladas? Elas têm nomes e rostos? E os civis adultos alcançados pela ação do Hamas? De fato, quantos são ao todo, efetivamente, e quais os seus nomes em toda sua extensão? Os palestinos informam seus mortos com riqueza de detalhes, enquanto Israel segue dizendo suas “meias-verdades sempre à meia luz”, e meias-verdades são meias-mentiras, e ditas à meia luz, certamente, são mentiras.

E o que faz a mídia de extrema-direita e a imprensa corporativa no Brasil? Simplesmente publicam as notícias falsas e as análises enviesadas do Estado sionista. Por certo, nessa dinâmica própria de viver a liberdade de imprensa, não há espaço para os mais de 20 mil palestinos mortos pela infernal máquina de guerra de Israel, azeitada pelo imperialismo ocidental e, muito menos, para contar a história de colonialismo, apartheid e morticínio fabricada, há pelo menos 75 anos, pela ocupação sionista

Os casos de Breno Altman e de jornalistas assassinados em gaza

No livro Esquerdismo, doença infantil do comunismo, Lênin sustentava que não se pode conquistar as massas apenas com a teoria; elas necessitam da experiência. Nesse momento, mesmo com a campanha midiática de liberais e fascistas pró-Israel, tem crescido o número de pessoas que desconfiam das “informações” produzidas por esses setores. Isso tem obrigado os sionistas a verdadeiros malabarismos, sem se falar da costumeira política de intimidação.

Nesse contexto, a perseguição movida contra o jornalista Breno Altman tem sido de grande utilidade para demonstrar o caráter nocivo e opressivo, em escala internacional, do aparelho sionista, com tentáculos espalhados por todo o mundo, inclusive buscando violar a autodeterminação política dos países.

Nesse contexto, a perseguição movida contra o jornalista Breno Altman tem sido de grande utilidade para demonstrar o caráter nocivo e opressivo, em escala internacional, do aparelho sionista, com tentáculos espalhados por todo o mundo, inclusive buscando violar a autodeterminação política dos países.

Por trás dessa perseguição ao jornalista está a Confederação Israelita do Brasil (CONIB), um braço do sionismo no Brasil. A partir de sua movimentação inescrupulosa, envolvendo o MPF e a Polícia Federal, está em curso uma investigação contra o fundador do site Ópera Mundi, desvelando não apenas o poder próprio israelense, mas também os suportes que ele possui no interior de cada país.

Antes de mais, é necessário ter a nitidez necessária para perceber que esse episódio contra a liberdade de imprensa, de expressão e de opinião não está dissociado do fato de que mais de 80 jornalistas foram mortos em Gaza, em 2023, pelas armas do exército israelense, ilustrando, em vermelho vivo, o caráter sanguinário, antidemocrático e repressivo que caracteriza o Estado sionista.

Os que, na imprensa oficial, vociferam – em abstrato – em defesa da liberdade de imprensa, em sua absoluta maioria, permanecem tranquilos e mudos perante o ataque a Breno Altman e a esse banho de sangue contra jornalistas no desempenho de sua atividade profissional.

Uma experiência pessoal

Em 26 de março de 2012, vivi uma experiência do que é lutar pela cessação de um Estado racista, colonial e antidemocrático, porque é exatamente disso que se trata quando a referência é o Estado sionista. À época, precisamente nessa data, um jornalista, então ligado à revista Veja, e hoje pousando de progressista, defendeu em seu blog a minha prisão, alegando que o artigo que escrevi (“Dize-me o que fazer com o Estado sionista que te direi que és”), – no qual defendia o fim do poder sionista e a criação de um Estado palestino laico, democrático e não racista (onde coubessem árabes, judeus, cristãos etc.) -, implicava em racismo contra os judeus.

Essa posição do jornalista, aliás, ajustava-se perfeitamente à tática costumeiramente empregada pelos sionistas, por meio da qual buscam identificar o Estado colonialista e genocida com os judeus em geral. À luz dessa tática, hoje, a CONIB acusa Altman de “injúria racial”; naquela ocasião, fui acusado de “racismo”.

Na oportunidade, o jornalista que me denunciou em seu blog, reclamou o concurso do Ministério Público e da Polícia Federal para me colocar na linha, tal como hoje a CONIB está fazendo no caso de Breno Altman. Não conseguiu isso, é verdade, mas estimulou uma senhora (de impostação sionista) a me denunciar em uma delegacia de São Paulo, a mais próxima da sede da revista Veja.

O que concluir?

A conclusão que deriva de toda essa análise é que a ação de agências sionistas e de seus “assistentes”, em cada país, e no Brasil, em particular, visa causar embaraços pessoais, jurídicos, sociais e políticos, e, no limite, produzir focos de repressão contra os que ousam denunciar os crimes de um aparelho estatal gendarme, a serviço do Ocidente, no Oriente Médio.

A conclusão que deriva de toda essa análise é que a ação de agências sionistas e de seus “assistentes”, em cada país, e no Brasil, em particular, visa causar embaraços pessoais, jurídicos, sociais e políticos, e, no limite, produzir focos de repressão contra os que ousam denunciar os crimes de um aparelho estatal gendarme, a serviço do Ocidente, no Oriente Médio.

Fica no ar uma pergunta: como é possível que ocorram tais coisas num país declaradamente livre? Independentemente da resposta solene que se tenha a essa pergunta, nesse momento, o fundamental é não renunciar a duas tarefas concretas e imediatas: solidariedade ao povo palestino, solidariedade a Breno Altman.