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MOVIMENTO

Sindicato dos rodoviários da Grande Recife convoca categoria para reforma estatutária

Por Bruno Rodrigues, de Recife (PE)
Bruno Rodrigues/Esquerda Online

Ao longo das últimas semanas o sindicato dos trabalhadores rodoviários de Recife vem passando pelo desafio de operar uma profunda reforma em seu estatuto. Trata-se de uma luta importante, cujo objetivo é varrer para a lata do lixo os resquícios estatutários ainda em vigor desde a época de Grilo e Patrício.

Os mais veteranos da categoria devem lembrar bem que esses dois dirigentes sindicais pelegos controlaram o sindicato com mão de ferro por vários anos, submetendo a entidade aos interesses da Urbana-PE e esvaziando a participação democrática dos trabalhadores no dia a dia do sindicato.

Mas deve ficar claro para os trabalhadores que, ainda que tenha sido uma vitória da categoria ter conseguido encerrar a era de Grilo e Patrício à frente do sindicato, é preciso agora democratizar e fortalecer sua estrutura.

Entre as principais propostas de modificação no estatuto apresentadas pela gestão Guará destacam-se:

• Corte de uma série de privilégios salariais exclusivos do cargo de presidente e da diretoria, medida que já vem sendo implementada na prática na gestão O Guará, mas que precisa ser oficializada no estatuto;
• Redução do mandato do sindicato de cinco para quatro anos;
• Aumento do número de diretores com definição clara das funções de cada diretor;
• Criação do conselho de representantes com cipeiros de base;
• Definição do quadro de sócios;
• Critérios democráticos e transparentes para as eleições;

Tais propostas foram construídas depois de um longo processo de conversa e escuta na base da categoria, realizado ao longo dos últimos meses. Elas representam, também, uma concepção de atuação no movimento sindical, que entende que estas entidades devem ser combativas, radicalmente classistas, democráticas e pela base.

Urbana-PE atuou para sabotar a reforma estatutária

Como é evidente, o processo de reforma estatutária não tem sido visto com bons olhos pelos patrões, que ainda não se conformaram que o sindicato já não é mais o mesmo dos tempos de Grilo e Patrício. Tanto que a Urbana-PE já anunciou que não permitirá a realização da coleta de votos dentro das garagens.

Querem não só atrapalhar o processo em si, ignorando que a organização sindical e a votação da mudança do estatuto são prerrogativas garantidas pela Constituição Federal. Buscam também dificultar o diálogo direto entre os trabalhadores e o sindicato.

Contudo, a determinação do sindicato é fazer o processo acontecer, em que pesem os empecilhos colocados pelos patrões. Tanto que para isso o sindicato já conversou com o Ministério Público do Trabalho ao mesmo tempo em que comunicou às empresas sobre a realização da coleta de votos, marcada para começar às 3h30 da manhã, desta sexta-feira, 14, garantindo na entrada de cada garagem a presença de mesários com urna e cédula eleitoral.

Propostas da oposição pelega são armadilha contra os trabalhadores

Uma das cláusulas que o sindicato quer aprovar visa impedir que membros da categoria que já tenham testemunhado contra outros membros da categoria, em benefício dos patrões, possam candidatar-se para fazer parte do sindicato. Trata-se de uma medida que busca resguardar o sindicato de, eventualmente, cair nas mãos de quem não tem compromisso com a categoria. Contudo, a pelegada de oposição quer simplesmente anular essa cláusula.

Mas não é só isso. A oposição também vem defendendo entregar o processo de filiação e desfiliação sindical, que sempre foi feito no sindicato, ao setor pessoal das empresas. Ou seja, para eles é aceitável rifar a autonomia do sindicato em proveito dos patrões. Um completo absurdo!

Além de ser atrelada aos patrões, a oposição mostra que simplesmente desconhece que essas proposta ferem a Constituição do país.

> Saiba como votar

Na madrugada do dia 15 desta sexta, 15, a partir das 3h30 da manhã até às 23h59 do mesmo dia, o sindicato disponibilizará na porta de todas as garagens uma mesa coletora de votos, com urna e cédulas, além mesários para orientar o processo. Haverá também uma urna na sede do sindicato, para receber o voto dos aposentados. Só poderá votar quem for filiado ao sindicato.

Na mesa coletora, o trabalhador deverá identificar-se mediante apresentação de um documento oficial com foto (identidade, carteira de trabalho e crachá da empresa), assinar a listagem, receber a sua cédula, votar nas duas perguntas e depositar a cédula na urna. Todo processo será secreto para que seja respeitado o direito de voto dos trabalhadores.

Na cédula constarão duas perguntas:

1. Você aprova o novo estatuto democrático do Sindicato

Sim (  )

Não (  )

2. Você concorda que quem defende a empresa contra outro trabalhador  não possa ser um dirigente do Sindicato como propõe o estatuto do sindicato?

Sim (  )

Não (  )

O sindicato vem orientando aos trabalhadores a votar duas vezes no SIM.