Porto Alegre enfrenta um projeto de destruição que concluirá 20 anos quando o próximo prefeito assumir. Em outros tempos, nossa capital foi conhecida como casa do Fórum Social Mundial, referência para um sonho de outra forma de governar a cidade. Independentemente de qual seja o balanço real dos governos do PT, a verdade é que no imaginário a cidade abrigava uma esperança de mudança e outra forma de relação entre o poder municipal e a população. De todo modo, Porto Alegre vive hoje seu pior momento. O atual prefeito, Sebastião Melo, se elegeu na onda do bolsonarismo, aplicando na capital o programa bolsonarista passo a passo. Com a intenção de apagar o passado da cidade, Melo dedicou todos os esforços para transformar Porto Alegre num exemplo de neoliberalismo, fatiando a cidade e vendendo para a iniciativa privada. Sua candidatura recebeu volumosas quantias da burguesia porto-alegrense, especialmente o setor ligado à especulação imobiliária.

Precisamos de algo muito maior do que apenas uma candidatura decidida pelos partidos: precisamos de um verdadeiro movimento tomando a cidade.

Nós, do Afronte, acreditamos que é preciso construir algo novo, que empolgue e encante a população porto-alegrense. Um projeto popular, elaborado de forma coletiva, apontando para a Porto Alegre que sonhamos. Precisamos de algo muito maior do que apenas uma candidatura decidida pelos partidos: precisamos de um verdadeiro movimento tomando a cidade.

Apesar de governar para a elite e entregar a cidade, Melo consolidou uma imagem “popular” com o uso de muita demagogia e propaganda. Chegando forte para a disputa, torna-se urgente um posicionamento decidido da esquerda porto-alegrense: unidade de esquerda para derrotar Melo e a extrema-direita. PT e PSOL decidiram nas últimas semanas suas pré-candidaturas para o pleito do ano que vem. Mesmo mantendo aberto o diálogo para formar uma possível chapa entre os dois partidos, ambos optaram por ignorar o apelo para que ocorressem prévias abertas para decidir o próximo passo da esquerda na capital. Nós, do Afronte, acreditamos que é preciso construir algo novo, que empolgue e encante a população porto-alegrense. Um projeto popular, elaborado de forma coletiva, apontando para a Porto Alegre que sonhamos. Precisamos de algo muito maior do que apenas uma candidatura decidida pelos partidos: precisamos de um verdadeiro movimento tomando a cidade.

Já está evidente a vontade de parcela importante da população em ver uma candidatura que seja uma novidade que represente uma nova forma de fazer política, representando as camadas mais amplas da sociedade. A votação expressiva que a Bancada Negra recebeu nas últimas eleições demonstram isso. A presença da Bancada numa chapa poderia ser a fagulha que acendesse a paixão por uma nova Porto Alegre, que resgaste as conquistas perdidas nas últimas décadas, mas que também fosse inventiva, popular, democrática e progressista. Infelizmente, a Bancada foi escanteada neste processo.

A esquerda da capital vem perdendo todas as eleições das duas últimas décadas, não é possível ganhar sem mudar radicalmente a forma que conduzimos este processo. Não há condições para derrotar o projeto de destruição em curso sem envolver o povo de forma aberta, participativa e protagonista.

Apostar nas velhas práticas para alcançar novos resultados é um erro. A esquerda da capital vem perdendo todas as eleições das duas últimas décadas, não é possível ganhar sem mudar radicalmente a forma que conduzimos este processo. Não há condições para derrotar o projeto de destruição em curso sem envolver o povo de forma aberta, participativa e protagonista. Uma verdadeira Frente de Esquerda precisa ter no seu centro os movimentos sociais. Uma grande Frente que envolva os movimentos de periferia, juventude, negro, feminista, LGBTQIA+, sindical e ambientalista. Uma Frente que construa um programa para Porto Alegre que aponte para uma cidade repleta de cultura para a juventude, investimento na educação básica, acesso à cidade com a luta por um transporte 100% público, reconhecimento da emergência climática que nos assola e que tenha um programa de ação para eventos extremos, de enfrentamento à especulação imobiliária e todos setores que querem ver uma Porto Alegre cercada e privatizada.

Para alcançar uma maioria na cidade, é preciso uma construção popular e que mobilize aquelas e aqueles que estão na ponta de todos os enfrentamentos contra o governo Melo. Para isso, os partidos precisam perder o medo de colocar as decisões para fora de suas fileiras. Grande parte da juventude porto-alegrense não está vinculada a qualquer partido, mas está envolvida em diversas causas sociais que dizem respeito direto à cidade. Queremos discutir o futuro da capital, inclusive podendo escolher quais serão os representantes da esquerda na disputa eleitoral. Uma candidatura e programa que dê conta de todos os desafios à nossa frente precisa ser construída coletivamente. A juventude quer ser parte deste processo. Enquanto estivermos presos nos círculos de militância que já compõem os partidos de esquerda, estaremos perdidos.

Ainda há tempo de termos a ousadia que a conjuntura exige. É possível construirmos uma movimentação que desde a pré-campanha aponte o caminho e construa um movimento potente de oposição ao governo Melo. Não há outro caminho para derrotar a extrema-direita, seja aqui em Porto Alegre, seja em qualquer parte do Brasil. Por uma Frente de Esquerda de verdade, com os partidos e os movimentos sociais: PRÉVIAS JÁ!