Antes de mais nada, é preciso dizer que o sistema de transporte hoje é racista e excludente! O transporte é estruturado, assim como nossa sociedade, pelo racismo. Mas certamente a privatização aprofunda isso, gerando um abismo maior entre centro e periferia.
Isto acontece porque o transporte público é o serviço que garante o acesso a outros serviços e direitos! Isto significa que é preciso o transporte público para ir ao médico ou à escola, sacar aposentadoria, trabalhar, procurar emprego e ir a um parque, por exemplo.
O sistema de transporte pode agravar o racismo estrutural da nossa sociedade. A esmagadora maioria que precisa acessar esses serviços públicos são pessoas periféricas e negras! Assim, qualquer assunto relacionado à mobilidade deve ser pensado a partir dessa realidade.
Com a privatização, a primeira barreira será a tarifa mais cara. O lucro como prioridade será empecilho também para investir na ampliação de transporte nas periferias. Sob a lógica das mercadorias, o horizonte do transporte coletivo como direito gratuito, a la SUS, ficará mais distante.
Com a privatização, a primeira barreira será a tarifa mais cara. O lucro como prioridade será empecilho também para investir na ampliação de transporte nas periferias. Sob a lógica das mercadorias, o horizonte do transporte coletivo como direito gratuito, a la SUS, ficará mais distante.
Uma demonstração nítida do corte racial no enorme prejuízo que a população sofre com a privatização é ver o perfil das pessoas que são obrigadas a andar pelos trilhos quando a Via Calamidade falha. O perfil é totalmente racializado, afinal a população que precisa desses trens é a população da periferia da cidade e de sua região metropolitana.
A privatização certamente atinge a todos, mas não do mesmo modo! Para nós, pessoas racializadas, significará uma segregação ainda maior e o aprofundamento da limitação forçada de nossa circulação pela cidade.
Nesse sentido, o transporte público pode ser um instrumento de apartheid ou uma das frentes de luta possíveis para enfrentarmos o racismo. Mas, isso depende de qual mobilidade defendemos. Certamente, o modelo privatista que não é.
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