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BRASIL

A pior estiagem da história do Amazonas e do Pará

A situação é muito crítica em parte significativa do Estado do Amazonas que passa pela seca mais extrema em mais de 100 anos, sendo assim 95% dos municípios desse Estado já entraram em situação de emergência. Mais de 30 empresas da zona franca de Manaus anteciparam, para este mês de outubro, as férias coletivas de seus funcionários, que seria em dezembro, justamente pela escassez de matéria prima. Como uma das medidas o governador do Amazonas já anunciou data para iniciar a dragagem do rio conhecido como Tabocal, por onde passam os grandes navios com insumos.

Gizelle Freitas, CoVereadora pela Bancada Mulheres Amazônidas-PSOL Belém (PA)
Defesa civil/AM

No dia 16 deste mês o Rio Negro bateu o menor nível em 121 anos de medição. O Rio Madeira também atingiu a mínima história e falta muito pouco para o que o Rio Solimões também entre no pior nível, uma grande tristeza, visto que toda uma cadeia produtiva é atingida por isso, além da existência de várias espécies. Quem não se pegou com lágrimas nos olhos ao ver as imagens de mais de uma centena de peixes e botos mortos no lago Tefé (AM)? Segundo pesquisas, tem total relação com os eventos da emergência climática, ocasionado pela alta da temperatura da água e estiagem extrema. Milhares de famílias atingidas diretamente.

Segundo pesquisas, tem total relação com os eventos da emergência climática, ocasionado pela alta da temperatura da água e estiagem extrema. Milhares de famílias atingidas diretamente.

De acordo, com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), a Amazônia já atingiu 10.049 focos de calor em 2023 ultrapassando o pior ano até aqui (nesse quesito) que foi 2019 registrando 10.000 focos de calor. Os Estados com mais focos registrados este ano foram: Mato Grosso (50.2%); Pará (21.2%) e Roraima (12.7%). Com um enorme número de desmatamento, em setembro, em setembro, Manaus foi coberta por fuligem, fumaça e secura. Registrando em outubro índices alarmantes de poluentes no ar, se tornando o pior lugar no Mundo para respirar, segundo World Air Quality Index (que monitora o nível de poluição do ar no Mundo), ocasionando assim crescente no atendimento de urgência/emergência na capital de pessoas com quadro de dificuldade de respiração.

Esse quadro alarmante comprova, a cada dia, que a crise climática é um tema do agora, do presente e não do futuro, portanto, necessita de políticas concretas por parte dos chamados países desenvolvidos para combater seus efeitos. No final deste ano haverá mais uma Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP), em Dubai, e infelizmente, as resoluções das sucessivas COPs não são implementadas pelos próprios países que as firmam. Não iremos nos debruçar sobre tema nesse breve texto, foi apenas um alerta.

A situação no Pará

O Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), tem informado sobre as ondas de calor extrema que tem atingido fortemente Belém, alertas dados, sobretudo, desde setembro no sentido de que a população tome as providências que lhes cabe, mas especialmente, um alerta aos governantes para que tenham iniciativas que minimizem os efeitos à população visto o risco à saúde.

No Estado do Pará, como um todo, a situação também tem se tornado cada vez mais crítica, já são 19 municípios que decretaram estado de emergência devido à seca extrema, segundo o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN), a pior dos últimos 40 anos. Reconhecidamente, a partir, de novembro inicia o período de chuvas intensas no Pará (inverno amazônico), contudo, o CEMADEN já indicou que os rios da região podem não atingir os volumes considerados normais para essa época. No Pará se localiza Alter do Chão, no município de Santarém, conhecida como Caribe Amazônico pela beleza estonteante do local, esse período de final de ano é o mais indicado para visitações devido a formações dos lagos, das praias, com a seca o rio Tapajós, o baixo nível da água, a paisagem está mudando completamente, é triste de ver as imagens. A situação é tão extrema que o Ministério Público já indicou que o município decrete estado de emergência também.

De acordo com o INPE, a seca extrema já provocou 262 focos de incêndio no Estado, em dois dias. No Oeste do Pará centenas de peixes morreram em um lago no município de Alenquer, é a situação mais dramática da história, milhares de famílias sem água potável, sem alimento, sem trabalho porque o sustento vem da pesca. A iniciativa do governador do Estado do Pará foi solicitar ao Presidente Lula recursos para minimizar os efeitos dessa crise, incluindo os municípios de estado de emergência nacional, agora a contrapartida do governador Helder Barbalho deveria ser o combate às empresas que destroem a natureza, as mesmas que tanto ganham isenções no Pará.

O dever do governo do Estado é acolher com iniciativas emergenciais e concretas as milhares de famílias atingidas, e que trate com coerência esse tema investindo num plano real de combate ao desmatamento, à grilagem, por conseguinte, à crise climática.

O dever do governo do Estado é acolher com iniciativas emergenciais e concretas as milhares de famílias atingidas, e que trate com coerência esse tema investindo num plano real de combate ao desmatamento, à grilagem, por conseguinte, à crise climática.

Solidariedade aos irmãos nortistas, amazônidas, que estão vivendo essa grave situação. O futuro é agora! Por justiça socioambiental!