Nós somos escritores e artistas que estiveram na Palestina e participaram do Festival Pelestino de Literatura. Conclamamos a comunidade internacional a se mobilizar pelo fim da catástrofe que está ocorrendo em Gaza, comprometendo-se a encontrar uma solução política justa e completa para a Palestina. Como visitantes internacionais, exercemos nosso privilégio de nos movimentarmos pela Palestina histórica de maneira proibida à maioria dos palestinos. Encontramos e fomos hospedados por artistas, trabalhadores dos direitos humanos, escritores, historiadores e ativistas palestinos. Nós dividimos palcos com eles. Muitas dessas pessoas, incluindo os organizadores do festival que residem lá, temem pela sua vida neste exato momento. Um deles está preso com seus filhos em Ramallah, enviando notícias sobre pessoas assassinadas por colonos armados na última noite. Um companheiro de Gaza, editor de uma revista, parou de responder a mensagens.
Israel impôs o que chama de “cerco total” e disse que as 2,1 milhões de pessoas em Gaza deveriam evacuar o território em 24 horas. Para onde? Após seis dias de bombardeio que já mataram 2.215 pessoas, das quais 724 eram crianças, durante o quarto grande bombardeio aéreo de Gaza, no décimo sexto ano de bloqueio, essa pergunta – para onde? – segue ecoando sem resposta por todo o globo. Quando o comandante militar de Israel se refere aos palestinos como “animais humanos” e os Estados Unidos apagam uma manifestação reivindicando um “cessar-fogo”, tememos estar assistindo a uma limpeza étnica em escala não vista há décadas.
O governo dos Estados Unidos, do Reino Unido, da França e de outros países estão participando desse crime, aumentando o apoio bélico a Israel, que trava uma guerra com seus militares afirmando, sem rodeios, que planejam tornar Gaza uma cidade de barracas ou, pior ainda, deserta. Uma população de mais de duas milhões de pessoas, em sua maioria famílias refugiadas desde 1948, metade das quais são crianças. Um povo que vive sob o bloqueio israelense e egípcio desde 2014. Para a maior parte deles, se deslocar novamente do seu território não é uma opção.
No sábado [07/10], após dezesseis anos de cerco, militantes do Hamas conseguiram sair de Gaza. Mais de 1.300 israelenses foram mortos e mais de cem foram capturados como reféns – alguns deles são familiares e amigos dos signatários desta carta. Nós repudiamos a perda de vidas inocentes. E agora, enquanto escrevemos, Israel está promovendo a maior expulsão de palestinos desde 1948, bombardeando os cidadãos todos os habitantes de Gaza, sem discriminação.
Nossas palavras soam pequenas diante dessa terrível escalada. Após tantos anos e tantas mortes, devemos todos, juntos, dizer que isso precisa ter um fim. E só acabará com uma Palestina livre.
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