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BRASIL

Chantagem golpista da Abicom: Petrobrás não pode mais cair nessa

A matéria que segue, elaborada pelo Observatório Social do Petróleo, foi publicada na Folha de São Paulo nesta semana. Apesar de parecer uma matéria somente sobre um recorde de produção, na verdade queremos chamar a atenção para um sentido mais profundo.

Observatório Social do Petróleo
Sindipetro Caxias

No mês de agosto a Petrobras estava sofrendo a primeira pressão das empresas importadoras de combustíveis – representadas no Brasil pela ABICOM – desde o fim de sua antiga política de preços, o PPI. O mercado privado de combustíveis ameaçava a Petrobrás com uma suposta crise de desabastecimento de diesel no país. Segundo associações, empresários e “especialistas”, os postos já tinham dificuldades em encontrar oferta de diesel no mercado por conta da “defasagem” da Petrobrás.

Segundo a ABICOM, naquele momento, o diesel estava sendo vendido pela estatal a R$ 1,18 mais barato do que os importadores, e a gasolina R$ 0,90 mais barato. O argumento era que, como a estatal não aumentava seus preços para se igualar ao dos importadores, replicando o PPI, isto impedia a oferta “normal” de diesel no mercado. Sendo assim, o discurso proferido por esse grupo definia que nenhuma outra política fora do PPI era viável. A Petrobrás cedeu. No primeiro chilique dos privatistas, a Petrobras cedeu parcialmente e aumentou em R$ 0,78 o preço do diesel, enquanto o preço da gasolina se manteve.

O levantamento do Observatório Social do Petróleo (OSP), publicado nesta sexta-feira na imprensa, mostra que o cenário era exatamente o oposto, nenhuma crise de desabastecimento. No mês em que representantes do mercado privado disseram haver uma crise de desabastecimento no país por conta da defasagem de preços da Petrobrás, nunca se vendeu tanto diesel no Brasil.

Isto demonstra que as chantagens e ameaças do mercado privado de combustíveis não tinham pé na realidade. Uma política de preços independente do mercado internacional para a Petrobrás não é só possível, mas necessário. Jean Paul Prates, Alexandre Silveira e Lula precisam ter pulso firme para garantir combustíveis a preço justo para a população brasileira.

Veja o texto do Observatório Social do Petróleo:

Venda de diesel no Brasil bate recorde em agosto e contraria discurso de desabastecimento

A venda de diesel no Brasil bateu recorde em agosto, registrando a maior oferta da última década. No mesmo mês em que o mercado nacional alertou para o risco de escassez de diesel, as distribuidoras de combustíveis do país comercializaram 6.092.657 m³ de S-10 e S-500, um crescimento de 7% em comparação a agosto de 2022, quando foram vendidos 5.696.282,97 m³.

O levantamento é do Observatório Social do Petróleo (OSP) e mostra ainda que a venda nacional de diesel vem crescendo desde junho, mês que registrou volume de 5.328.242,94 m³. Os dados também apontam que, em agosto passado, o litro do diesel fornecido pela Petrobrás às distribuidoras ficou 18% abaixo do Preço de Paridade de Importação (PPI).

O estudo é baseado nas últimas informações atualizadas da série histórica da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) sobre a venda de diesel das distribuidoras, que começou a ser registrada em janeiro de 2013. “Provavelmente, a oferta de diesel no país é um recorde histórico já que antes de 2012 o consumo desse combustível era muito menor do que é hoje”, avalia o economista Eric Gil Dantas, do OSP e do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps).

Segundo ele, os números contrariam o cenário divulgado pelo mercado de combustíveis de que havia risco de faltar diesel no país nos últimos meses, principalmente em agosto. “Enquanto diziam haver uma crise de desabastecimento por conta da defasagem do preço do diesel vendido pela Petrobrás – o que forçou a estatal a reajustar o preço do produto em 15 de agosto -, o cenário era exatamente o oposto, batíamos recorde de venda por parte das distribuidoras”, argumenta Dantas.

Principal fornecedor

O levantamento indica ainda que a Petrobrás foi responsável pelo fornecimento de 73% do diesel comercializado pelas distribuidoras, em agosto. Nos sete primeiros meses deste ano, esse percentual foi de 78%. “Isso comprova que o mercado funcionou normalmente e, apesar da diferença de preços entre Petrobrás, refinarias privadas e importadoras, a oferta de diesel não foi garantida única e exclusivamente pela estatal. Inclusive, no mês de agosto, a Petrobrás teve um peso menor no fornecimento de diesel do que tem historicamente”, afirma o economista.