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MOVIMENTO

Um PSOL de cara própria na Bahia!

Porque o MES não apoiou a independência política do PSOL na Bahia?

Gustavo Mascarenhas, membro da executiva do PSOL Salvador (BA)
Marcos Musse/@mussefotos

O Partido Socialismo e Liberdade nasceu como instrumento da classe trabalhadora brasileira, na busca de uma referência partidária à esquerda que carregue consigo o socialismo como horizonte estratégico e seja porta-voz das bandeiras históricas do povo explorado e oprimido do Brasil. É inegável que o PSOL se agigantou no último período e, hoje, é uma autoridade frente à vanguarda das lutas sociais no país e uma referência para milhões de brasileiras e brasileiros que lutam e sonham por dias melhores, com uma vida digna para aqueles e aquelas que vivem do seu próprio trabalho.

O crescimento do PSOL e sua legitimidade, enquanto alternativa à esquerda, faz crescer não apenas os ataques dos setores mais reacionários e à direita da sociedade contra nós, como também nos torna alvo de setores da própria esquerda que atuam conscientemente na tentativa de neutralização e redução do papel protagonista do PSOL.

Na Bahia, a tentativa de “domesticação” do PSOL encontrou grande suporte na direção estadual do partido, pelo Coletivo Independentes, que ao ingressar no governo Jerônimo Rodrigues (PT) e Geraldo Junior (MDB) operaram cerca de 13.800 filiações em aliança com lideranças do PT na Bahia, por meio de fraudes comprovadas, além de falsas promessas de inscrição e vantagens em projetos sociais governamentais.

Esse setor, dirigido por Franklin Oliveira, que ocupa cargo de confiança do governo do PT na Bahia, atuou para dificultar a construção partidária nos últimos dois anos que esteve a frente da presidência do PSOL. Limitou o papel ativo e combativo que o partido poderia cumprir, junto ao necessário mandato do deputado estadual Hilton Coelho e à pressão popular diante das políticas antipovo implementadas pelo Governo do Estado. Diminuindo a potencialidade crítica frente ao genocídio da juventude negra operada pelo governo do PT na Bahia há mais de 16 anos, sucateamento da educação e dos serviços públicos, favorecimento do agronegócio em detrimento das comunidades quilombolas, indígenas e destruição do meio ambiente, entre outros.

À luz dessas articulações, o Coletivo Independentes, que apresentou a tese 8 no congresso estadual, buscava influenciar diretamente os rumos do PSOL baiano nas eleições de 2024, principalmente na capital, para uma composição de coligação com o PT e uma frente ampla, com acordos fisiológicos para manutenção da maioria partidária sem debate político com o conjunto das e dos filiados, em uma clara ameaça à autonomia e independência partidária.

Diante desse cenário, a disputa congressual do PSOL Bahia em 2023 foi um plebiscito em defesa da independência política partidária, pela manutenção de uma alternativa política à esquerda, com horizonte socialista, que se alicerça aos movimentos sociais baianos e coloca a política no posto do comando da atuação partidária. Venceu a unidade pela “cara própria do PSOL” que tinha como grande objetivo não permitir o partido se tornar uma sublegenda do PT na Bahia. [Leia aqui uma síntese do Congresso Estadual] 

As correntes que construíram a unidade em defesa da independência política do PSOL foram: Resistência, Insurgência, Subverta, APS (Ação Popular e Socialista), Revolução Solidária, Levante dos Búzios e Embrionários. Além de eleger a nova presidência, esta unidade construiu e aprovou as resoluções congressuais mais importantes do estado: Conjuntural; Táticas eleitorais; Funcionamento do partido e a resolução complementar que definiu a saída de todos os membros do partido do governo Jerônimo Rodrigues (PT). Esta última foi a resolução  mais polêmica, tendo como grande opositor o Coletivo Independentes, que pretendia continuar e ampliar os cargos no governo e contou com o apoio político da Primavera Socialista, MES, Fortalecer e o Ubuntu.

A política da direção do MES para o atual Congresso do PSOL é marcada por uma contradição intransponível.

Em nível nacional, faz um discurso irresponsável de que nosso partido está em risco, porque poderia virar um apêndice do PT, devido à política da atual direção partidária. Mas na Bahia, o segundo maior Congresso estadual do partido, se alia a um setor que participa do governo estadual petista com cargos, usa essa participação para tentar influenciar nas disputas partidárias e, até, vem tentando usar filiações oriundas de outros partidos com base de apoio de sua política, essa sim, liquidacionista.

Mas na Bahia, o segundo maior Congresso estadual do partido, se alia a um setor que participa do governo estadual petista com cargos, usa essa participação para tentar influenciar nas disputas partidárias e, até, vem tentando usar filiações oriundas de outros partidos com base de apoio de sua política, essa sim, liquidacionista.

Na verdade, a resolução do Diretório Nacional do PSOL, de dezembro último, garantiu a independência do partido em relação ao governo Lula. O que nosso partido não fez e não fará é embarcar numa política irresponsável, que ignora o peso de massas que o bolsonarismo (neofacismo) ainda mantém na política brasileira.

Felizmente, essa mesma independência agora foi conquistada no PSOL Bahia. Entretanto, para isso, foi necessário derrotar no voto um dos principais aliados atuais da direção do MES, o grupo de Franklin Oliveira, atual diretor de Centro de Memória da Bahia, cargo de confiança do governador Jerônimo.