A relação entre o Futebol e a Ditadura Chilena


Publicado em: 12 de setembro de 2023

Esquerda Online

Esse post foi criado pelo Esquerda Online.

Por Diogo Xavier, Recife (PE)

Esquerda Online

Por Diogo Xavier, Recife (PE)

Esse post foi criado pelo Esquerda Online.

Compartilhe:

Ouça agora a Notícia:

No dia 11 de setembro de 1973 o Presidente Salvador Allende, eleito democraticamente pelo povo chileno, levou um golpe pelo exército comandado por Augusto Pinochet o que deu início a uma das mais sanguinárias ditaduras do continente sul-americano.

A relação do regime Pinochet com o futebol é estreita e começa antes do bombardeio do Palácio de La Moneda.

O Time que atrasou o golpe

As tensões sociais eram muito evidentes naquele momento no Chile, muitos diziam que o golpe não era uma questão de “se”, mas de quando. Havia uma fratura social que tornava latente a tentativa da direita com apoio dos EUA de não permitir que um presidente abertamente socialista governasse.

Nesse contexto Colo-Colo, time mais popular do Chile e apelidado de Cacique, tinha um grande time em 1973 e conseguiu um feito inédito até aquele momento para o futebol do país, chegar às finais da Copa Libertadores da América. O time ia passando de fase e levando multidões aos estádios.

A comoção geral causada pelo Cacique é dita por alguns como fator que atrasou o golpe militar, pois este era planejado pelos militares há muito tempo, mas as manifestações populares a cada rodada não permitiam que fosse levado a cabo.

O Colo-Colo perdeu a final para o Independiente em junho e em setembro aconteceu o golpe.

O Estádio Nacional

O Estádio Nacional do Chile é a casa principal do futebol no país e recebe ainda hoje os jogos da seleção. O lugar foi um palco central na repressão, logo nos primeiros dias milhares de pessoas foram presas, torturadas e mortas no local.

A morte mais marcante no lugar foi do cantor Victor Jara, que era muito associado ao partido socialista, ele foi preso teve seus dedos das mãos todos quebrado e foi assassinado já no dia 16 de setembro.

O lugar que foi centro de tortura segue fechado mesmo nos grandes jogos. É uma forma de não deixar perder a memória no tempo.

O letreiro diz: Um povo sem memória é um povo sem futuro.

A busca pela reparação histórica segue viva no Chile. Existem comissões para punir torturadores e o passado ditatorial é muito discutido. Falar do tema é não deixar que ele se repita. Um exemplo para outros países do continente.

Carlos Caszely, o artilheiro contra Pinochet

Carlos Caszely, era o centroavante do Colo-Colo e foi artilheiro da Libertadores de 1973. Apoiador de Salvador Allende e da Unidade Popular o atleta sempre se colocou como um rebelde do futebol.

No ano de 1973 o Chile classificou-se para a Copa da Alemanha no ano seguinte porque a União Soviética se negou a jogar a repescagem devido ao golpe militar.

Encontro entre Carlos Caszely e Salvador Allende

No embarque para a Copa do Mundo Caszely se negou a cumprimentar o ditador Augusto Pinochet. Esse fato não ganhou tanta repercussão na época devido a censura no país, no entanto a cena fez com que Pinochet ordenasse o sequestro da mãe do jogador. Que foi presa e torturada.

Em 1988 houve um plebiscito para a população votar pela permanência da ditadura e Caszely fez campanha pública e apareceram juntos na televisão para denunciar o sequestro. Esse vídeo foi uma das peças de propaganda que mais gerou comoção contra a ditadura. E por fim Pinochet foi derrotado o que abriu caminho para o fim do seu regime.

Em 2015 os sócios do Colo-Colo realizaram uma votação para excluir o nome de Pinochet como presidente de honra do clube. Essa votação foi simbólica, mas muito emblemática, pois o Cacique ganhou a fama de time do regime. Os torcedores tentam excluir esse resquício da história do clube.

A relação atual

Bandeira da Garra Blanca, torcida do Colo-Colo, com alusão a morte de Pinochet

Em 2015 os sócios do Colo-Colo realizaram uma votação para excluir o nome de Pinochet como presidente de honra do clube. Essa votação foi simbólica, mas muito emblemática, pois o Cacique ganhou a fama de time do regime. Os torcedores tentam excluir esse resquício da história do clube.


Compartilhe:

Contribua com a Esquerda Online

Faça a sua contribuição