A Revolução Desarmada

A possibilidade de que os Cordões Industriais reagissem às manobras militares e se lançassem em combate em defesa da revolução representava um dos maiores temores dos golpistas chilenos. Mas tal resposta nunca veio.

FRANCK GAUDICHAUD
Trabalhadores chilenos nas ruas no início dos anos 1970.

Trabalhadores chilenos nas ruas no início dos anos 1970.

No Chile, como em outras latitudes, parece ser verificada a célebre frase de Carl von Clausewitz segundo a qual “a guerra é a continuação da política por outros meios”. Como enfatiza a historiadora María Angélica Illanes: “Ao contrário, o tema da história da Unidade Popular e dos cordões industriais deveria ser o do caráter não insurrecional da via chilena. Um assunto que, na realidade, constitui a grande questão sobre a história do movimento operário no Chile.”

Compreender o fim do poder popular implica, portanto, interessar-se pela ofensiva levada a cabo pela oposição, pelas Forças Armadas e pelos grupos paramilitares durante os últimos meses da UP, mas também pelos preparativos da esquerda e dos cordões industriais para os enfrentar.

“Se sobrar uma mão, amarre Allende com os Cordões”

Como enfatiza a sociologia dos movimentos revolucionários, “às imagens e símbolos revolucionários, a contrarrevolução responderá com contra-imagens e contra-símbolos. Apresentará a revolução iminente, ou em curso, sob características ameaçadoras e sangrentas; descreverá as terríveis consequências; denunciará “agitadores”, “provocadores”, “revolucionários utópicos” ou “revolucionários profissionais”, etc. A linguagem e o simbolismo da contrarrevolução não são menos ricos do que os da revolução.”

Após o Tancazo[1], a contrarrevolução chilena lançou uma intensa campanha ideológica. O objetivo era o de acompanhar a “estratégia de inverno”[2] da oposição e preparar o ambiente para uma intervenção militar. Esta ofensiva reivindica os valores nacionais e invoca o respeito pela democracia ameaçada pela “ditadura marxista”.

O ângulo de ataque é habilmente escolhido, pois busca amedrontar uma população cansada das dificuldades cotidianas. Sugere a existência de um poder popular poderoso, organizado e armado.

No final de julho, a Tribuna, jornal do Partido Nacional, publicou em sua primeira página “Se você tiver uma mão sobrando, amarre Allende com os cordões”. Para esta imprensa, os Cordões Industriais serviriam para “estabelecer, como pede o MIR, a ‘ditadura popular'”. Os presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados, em nome da maioria do Parlamento, emitiram uma longa declaração em julho de 1973: “Devemos ressaltar que os mais altos representantes do Executivo falam abertamente da constituição de um poder popular.

Isso significa, de fato, criar um exército paralelo no qual muitos estrangeiros estão intervindo, o que é claramente intolerável.” Os deputados acrescentaram que “quem tem a maior responsabilidade nesta situação crítica é o Governo”.

O tema de um exército mítico dos Cordões Industriais era frequentemente evocado e também combinado com outro medo: um possível cerco das cidades do país pelo poder popular. As capacidades dos Cordões eram consideradas gigantescas como “dispositivos de força” através dos quais “o marxismo está em condições de exercer controle sobre os meios de produção, setores residenciais, estabelecimentos de ensino e, em geral, sobre toda a atividade cidadã na Grande Santiago”.

Em abril de 1973, a revista de direita Qué Pasa já havia publicado uma alarmante reportagem especial cujo título explícito é: “Os ultras podem tomar Santiago?” e que incluía precisamente um mapa detalhado dos cordões industriais, “pontos-chave” e acampamentos de Santiago. “A tomada de poder, na verdade, já foi planejada pela ultraesquerda – e fala-se sem dissimulação – como resposta a uma possível ‘aventura sediciosa’ da oposição […]. Em caso de emergência, a ultraesquerda pode deixar Santiago sem serviços públicos: água, luz, correios, telefone e telégrafos e meios de locomoção estatais. Ferrovias e linhas aéreas não serão tão facilmente paralisadas, mas isso também seria alcançado em última instância através da ação dos sem-teto e dos cordões.”

Esse medo das classes perigosas, inscrito espacialmente, sublinha o quanto o movimento operário começou a perturbar hierarquias sociais e também espaciais, pelo menos no nível das representações coletivas. Nesse caso, trata-se de um “efeito da localização” material do poder popular.

O ataque aos cordões industriais também provém dos dirigentes sindicais da Democracia Cristã, que – é preciso lembrar – representam uma das forças dominantes do movimento operário e que, sob a liderança de Ernesto Vogel, vice-presidente da CUT, e organizados na Frente de Trabalhadores Unitários (FUT), se rebelam contra as mobilizações do poder popular.

A ideia de extremistas selvagens “ficarem fora do controle” do governo era uma constante. Em seu editorial de 5 de agosto de 1973, El Mercurio escreve que “a ação dos grupos armados continua, apesar dos esforços dos militares para conter essa ação subversiva”. O efeito pretendido é claramente o de aterrorizar a população.

Para completar a investida, em 23 de agosto de 1973, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de acusação constitucional contra o governo por ter extrapolado seus poderes. Esse texto serve para justificar o golpe militar ao mesmo tempo em que denuncia explicitamente o “chamado ‘poder popular’, cuja finalidade é substituir os poderes legitimamente constituídos e servir de base para a ditadura totalitária”. Para a revista Qué Pasa, diante dos cordões e do perigo de “tomada” do capital que eles representariam, a conclusão também parece óbvia: “Quem resistiria? A resposta é simples, só as Forças Armadas.”

“Não à guerra civil!”

Até os últimos momentos de Allende, a maioria da UP mobilizou suas tropas em torno do palavra de ordem repetida até cansar de “Não à guerra civil!”, sem perceber que ela – em grande parte – já havia começado. Poucos dias antes do golpe, a direção do PC discursava para seus militantes afirmando que “assim como a legalidade do governo é uma força contra o golpe, também o é a predominância do espírito profissional (…) nas fileiras das Forças Armadas”.

Uma das maiores mentiras da junta militar foi a de fazer crer que a esquerda estava extremamente bem preparada do ponto de vista militar e pronta para organizar um “autogolpe” com o objetivo de acabar com as instituições democráticas e as Forças Armadas.

Paralelamente a esse suposto “plano Z”[3], os golpistas falaram da presença de 15 mil perigosos guerrilheiros estrangeiros. Essa imagem fantasmagórica é onipresente no “livro branco” da ditadura, cuja redação foi confiada ao historiador reacionário Gonzalo Vial.

Esse contexto foi descartado por todas as investigações sérias que foram realizadas posteriormente, incluindo a comissão presidencial Verdade e Reconciliação (1990), que reconhece a quase total ausência de resistência armada no dia do golpe de Estado. A maioria dos depoimentos indica que nenhum partido realmente estimou o que a violência do golpe poderia significar.

Hoje, Carlos Altamirano precisa: “Afirmo que, fundamentalmente, o grande vazio, o grande erro do nosso governo e da experiência da UP foi ter tentado fazer uma ‘revolução’ sem armas. Uma revolução desarmada”. Esse “vazio histórico” também estava no centro da autocrítica do Partido Comunista desde 1977, a escolha tática feita pela esquerda antes de 1973 era a de respeitar o funcionamento das instituições militares.

Allende e os “gradualistas” pretendiam garantir o monopólio das armas para os militares e acreditam que poderiam fortalecer sua coesão integrando-os ao gabinete cívico-militar. Por seu lado, o MIR e – em menor medida – o MAPU de Garretón [4]e o PS, levantam a ideia da necessidade de armar o povo, embora ao mesmo tempo apelem aos soldados e oficiais “honestos” para que desobedeçam aos generais “sediciosos”. A organização de Miguel Enríquez multiplicou os apelos nesse sentido.

O MIR – com forças muito limitadas e sob a liderança de Andrés Pascal Allende – tentou realizar um trabalho político semiclandestino com soldados e suboficiais. O PC parece ter feito o mesmo. Como Manuel Cabieses[5]reconhece hoje, havia uma convicção em toda a esquerda de que amplos setores dos militares estavam dispostos a defender o governo.

Adonis Sepúlveda – senador socialista em 1973 – também confidenciou: a UP colocou todas as suas esperanças de resistência nas mãos dos próprios militares. “O Partido Socialista não tinha – e não podia ter – uma estratégia de combate para combater sozinho. Sua ação estava enquadrada nas medidas de defesa do governo. Bem, o governo preparou planos de defesa, mas esses planos foram dirigidos […] pelo general Pinochet, como comandante-em-chefe.”

Aliás, as lideranças de cada partido também planejaram um certo número de medidas. O Livro Branco da ditadura fala de dezenas de milhares de revólveres e pistolas, submetralhadoras, lança-chamas e outras armas antitanque, mas a realidade é muito diferente. No seu depoimento, Carlos Altamirano faz os seus cálculos: “Não haveria, entre militantes comunistas, socialistas, MAPU e mesmo MIR, mais de 1500 pessoas com uma formação militar mínima. O que eu chamo de ‘treinamento militar mínimo’? Simplesmente com a capacidade de disparar armas leves.”

Os militares do PS incluíam a guarda pessoal de Allende (GAP) – algumas dezenas de homens bem treinados – e cerca de 150 pessoas que pertenciam ao aparelho militar do partido. Os “Grupos Operacionais Especiais” (GEO) socialistas são os que deviam treinar os militantes para resistir aos primeiros momentos do golpe de Estado e que elaboraram um plano de defesa do governo, chamado “Plano Santiago”.

Isto se baseava na teoria dos círculos concêntricos: trata-se de passar do centro para a periferia, ampliando o arco de resistência e retardando o avanço dos militares sediciosos. Para isso, contaria com a ajuda dos Cordões Industriais e de ações militares leais e militantes subversivas que ocorreriam nas províncias.

A Força Central do MIR e alguns membros dos seus Grupos Políticos Militares (GPM, na base da organização) também acessaram cursos de treinamento paramilitar, às vezes até mesmo em El Cañaveral[6], onde os membros do GAP são treinados. Segundo Guillermo Rodríguez, a Força Central do MIR estava composta por cerca de quarenta homens armados e dividida em duas unidades, equipadas com fuzis e até lançadores de foguetes. Miguel Enríquez, Andrés Pascal e Arturo Villabela elaboraram o “plano estratégico de luta político-militar contra o golpe”, aprovado em fevereiro de 1972.

Para Pascal Allende, o plano oscilava entre duas opções, sem realmente decidir entre, de um lado, a ocupação de territórios urbanos na perspectiva de um acúmulo de forças ao lado dos militares de esquerda e, de outro, a retirada defensiva para o campo, para travar uma guerra de guerrilha a partir daí. De qualquer forma, o MIR não teria mais de 200 armas de guerra e esperava receber o mesmo dos soldados ou do GAP, se necessário.

Os comunistas tinham “comissões de vigilância” (de 10 militantes) e vários “pequenos grupos” (5 pessoas). Estes últimos formam um contingente de cerca de 200 pessoas, bem preparadas. De acordo com um relatório posterior de Luis Corvalán, o armamento do PC era limitado a um número indeterminado de armas pequenas, 400 fuzis automáticos e 6 lançadores de granadas (com 3 projéteis cada). O secretário-geral deve ainda admitir que a formação político-militar nunca foi realmente levada a sério pela liderança.

Além disso, se algumas reuniões de coordenação foram realizadas entre os diferentes aparelhos militares dos partidos de esquerda, isso permaneceu em um nível extremamente embrionário. No entanto, ainda convencida de contar com o apoio da maioria dos militares, a esquerda se deixou levar por um verbalismo bélico revolucionário, distante de sua real capacidade político-militar.

Assim, em 11 de agosto de 1973, Luis Corvalán diante de uma multidão de militantes enfurecidos declarou: “Se a sedição reacionária se tornar maior, especificamente no campo da luta armada, que ninguém duvide de que o povo se levantará como um só homem para esmagá-la prontamente. Numa situação dessas, que não queremos, que não buscamos, que queremos evitar, mas que pode ser dada, não restará nada, nem mesmo uma pedra, que não usaremos como arma de combate”.

Com a mesma eloquência o MAPU anuncia, em 24 de agosto de 1973: “Amanhã, quando o combate começar, sob o ruido da dinamite e da metralhadora, no calor dos gritos e cânticos do povo, abriremos o caminho para a verdadeira vitória”.

Amanhã, quando começar o combate…”

Se os mil dias de Unidade Popular foram vertiginosos, o tempo sofreu uma enorme aceleração no 11 de setembro. Foi um dia de definições. O que estava em jogo não era só a política, a mudança, o socialismo, o que estava agora no centro de tudo era a vida sem abstrações, era a própria vida. No início de setembro, o Patria y Libertad[7] já não hesitava em distribuir em larga escala panfletos que deixavam para Allende duas “alternativas”: demissão imediata ou suicídio.

Todo mundo sabe que o confronto estava próximo, que é questão de horas, no máximo, dias. Como lembra Rigoberto Quezada[8], a questão do armamento voltou a ser discutida nas bases operárias: “o golpe foi anunciado nos jornais, no rádio e até pelo presidente do Senado, Eduardo Frei (pai). Falou-se muito da revolução espanhola, por exemplo, em que os trabalhadores invadiram os quartéis e se armaram.”

O golpe está presente em todas as bocas e em todos os espíritos. Allende tem plena consciência dessa dramática conjuntura e joga sua última carta, ainda que tardia: a convocação de um referendo popular, para mudar a Constituição na esperança de conseguir estabilizar o governo até as eleições presidenciais de 1976. Com bastante certeza pode-se dizer que, se o golpe de Estado ocorreu justamente no dia 11 de setembro, foi porque o presidente da República pretendia convocar o plebiscito nessa mesma tarde, como anunciou pessoalmente ao general Pinochet. Este último não precisa de mais para decidir agir rapidamente.

Não vamos nos alongar aqui nos detalhes das operações militares que vão desde a intervenção da Marinha no porto de Valparaíso, na madrugada do 11 de setembro, até as movimentações de tropas na capital, eventos já bem conhecidos. Foi uma blitzkrieg de poucos dias, uma guerra interna travada em vista do poder total. Incluiu o uso de aviões de combate e tanques e empurrou ao suicídio o presidente Allende no palácio presidencial de La Moneda, por volta das duas da tarde.

Rejeitando o ultimato dos oficiais, Allende decidiu resistir durante algumas horas sem sair do palácio presidencial como pediu o aparelho militar do PS. Juntamente com algumas pessoas do seu círculo próximo e membros do GAP, o camarada-presidente teve tempo para proferir o seu último discurso (conhecido como o “Discurso das Grandes Alamedas”), que é também um testamento político deixado às gerações futuras.

Como explicou mais tarde o escritor Gabriel García Márquez, a morte de Allende em La Moneda em chamas é uma parábola que resume as contradições da via chilena: o de um militante socialista, defendendo com uma metralhadora na mão, uma revolução que ele queria que fosse pacífica e uma Constituição formulada pela oligarquia chilena no início do século. Esta morte é também a de um homem íntegro e fiel aos seus princípios e compromissos até o fim.

Até às 8h do dia 11 de setembro, o Presidente da República confiava na lealdade do general Pinochet e esperava, de um minuto para o outro, a sua intervenção em defesa do Governo. Foi, no entanto, este último quem lidera a rebelião.

Soldados, carabineiros ou suboficiais que rejeitaram o que consideravam uma traição foram imediatamente fuzilados. A estratégia militar desencadeada na capital seguiu um plano simples, mas eficaz: incursão direta em La Moneda para destruir (simbólica e fisicamente) o poder central e, a partir daí, seguir para a periferia com a prioridade de assumir o controle dos cordões industriais. Em suas memórias, o general Pinochet expressou sua surpresa com a fraca resistência encontrada nos Cordões Industriais: “Então começou um árduo trabalho de limpeza. Nesses momentos finais não recebemos nos cordões industriais nenhuma das reações que temíamos.” Imediatamente após o golpe de Estado, inúmeros rumores circularam no mundo anunciando uma oposição maciça dos trabalhadores chilenos ao golpe.

Hoje sabemos mais precisamente a extensão dessa reação popular e da “primeira resistência“. De fato, o principal foco de resistência ocorreu na zona sul de Santiago, graças à ação de militantes de esquerda aguerridos, membros dos aparelhos militares do PS e do MIR que se deslocaram dentro dos Cordões, muitas vezes com o apoio ativo dos trabalhadores dispostos a lutar.

Iniciado o golpe, o aparelho militar do PS (encabeçado por Arnoldo Camú) conseguiu reunir e armar uma centena de homens, enquanto em FESA do Cordão Cerrillos reuniu-se a Comissão Política deste partido. As instruções consistiam em iniciar um plano de defesa do governo que tentaria libertar uma área da cidade onde as ações poderiam ser coordenadas em colaboração com os trabalhadores dos Cordões Industriais San Joaquín, Santa Rosa e Vicuña Mackenna. O ponto de encontro definido era a indústria Indumet (Cordão Industrial Santa Rosa), onde se reuniram os dirigentes do PC, do PS e do MIR e a que se juntaram cerca de 200 trabalhadores combativos. Às 11h, os líderes nacionais de cada organização avaliam sua capacidade político-militar imediata. Como conta Patricio Quiroga, testemunha deste encontro, para os militantes, a precariedade da preparação era evidente. A proposta do PS (tomar de assalto uma unidade militar para avançar em direcção a La Moneda) foi rejeitada pelo PC, que preferia contar com a tão esperada reacção das Forças Armadas (para finalmente passar para a clandestinidade).

Por seu lado, Miguel Enríquez – que aceitou intervir – anunciou que a Força Central do MIR precisa de mais algumas horas para estar operacional e para se reunir… Apenas cinquenta homens bem armados. Segundo Guillermo Rodríguez, desde 6 de setembro o MIR colocou seu aparato político-militar em vigília (e, portanto, enterrou suas armas), convencido de que o governo estava em um novo processo de conciliação com a direita.

Rapidamente, as forças repressivas intervêm, forçando os homens armados pelos fundos de Indumet. Há a dispersão de vários deles, entre os quais um grupo liderado por Miguel Enríquez, que foge da área. É também a partir daqui que começa a perigosa viagem de vários militantes socialistas, incluindo a coluna liderada por Arnoldo Camú. Esta fuga acontece em desordem, embora, após confrontos no bairro popular de La Legua, vários dos combatentes conseguem alcançar seu objetivo: a fábrica de Sumar-Poliéster. Sumar é emblemática, uma vez que, nesta indústria, várias dezenas de armas de guerra foram efetivamente encaminhadas e distribuídas pelo PS.

“Com essas armas a resistência começaria a ser organizada em Sumar Poliéster, e os esforços dos trabalhadores da indústria seriam amplificados nas primeiras horas da tarde, quando alguns dos trabalhadores e militantes que haviam se retirado diretamente de Indumet, bem como aqueles que haviam feito o caminho através de La Legua, começaram a chegar à fábrica.  que também foram reforçados por alguns militantes moradores do comitê de local Galo González do PC. Dessa forma, nas primeiras horas da tarde do dia 11, uma aliança espontânea foi tecida para combater o golpe.” A partir dessa mesma fábrica, o grupo de Camú consegue até mesmo acertar – a partir de uma caixa d’água – um helicóptero que sobrevoava a região e que tem que recuar, fato gravado na memória dos trabalhadores e da população de La Legua até hoje.

Mas é a exceção que comprova a regra. Já à tarde, vários militantes tombaram sob as balas e a maioria dos militantes do Cordão Industrial está paralisada, na ausência de diretivas e de armas. O anúncio da morte de Allende, para muitos deles, significa o fim de qualquer tentativa de oposição ao golpe. A liderança do MIR, muito rapidamente, decide que o confronto é impossível e que devem recuar.

A CUT, por sua vez, permaneceu muda, sem organização ou rádios clandestinas capazes de articular os trabalhadores. Este dado é ainda mais impressionante se lembrarmos que poucos dias antes (em 4 de setembro), a central sindical havia conseguido reunir várias centenas de milhares de pessoas em apoio ao governo. Sem poder de reação, a queda de Allende é também a da CUT, pondo fim a uma longa crise do movimento sindical.

No entanto, foram milhares que, em vão, esperaram por armas em suas respectivas indústrias. Mireya Baltra, que no dia do golpe foi ao Cordón Vicuña Mackenna por ordem do seu partido, admite que “os trabalhadores me pediram armas…” O sentimento de José Moya, que também esperou na sua fábrica as armas com que lutar, encontra-se na maioria dos militantes do Cordão Industrial: “Passamos a noite inteira à espera de armas que nunca chegaram. Escutamos tiros no Cordão São Joaquim, onde havia várias empresas; lá eles tinham armas em pelo menos uma delas, uma empresa têxtil, a Sumar […] nosso sonho era que a qualquer momento pudéssemos conseguir armas e pudéssemos fazer o mesmo. Mas nada aconteceu.”

Em Valparaíso, a mesma observação: “Tínhamos uma sensação de total impotência”, lembra Pierre Dupuy. É inconcebível. O que os líderes da UP estão fazendo? […] é mais forte do que eu, tenho que gritar, nossos líderes nos traíram.”

Sem falar em traição, o pequeno grupo que milita no Cordão Industrial de Cerrillos também rejeita as instruções de seu partido para recuar. Durante a manhã, patrulhas de soldados percorrem as avenidas e instalam metralhadoras e pequenos tanques em frente às fábricas, controlando imediatamente as vias de acesso aos Cordões. É o caso de Vicuña Mackenna e também de Cerrillos. Na zona onde Guillermo Rodríguez está no comando, quando chegou já há vários batalhões militares fortemente armados: “Eu diria que não havia funcionamento [do sistema de defesa] para o 11 de setembro no Cordão e nem havia a estrutura do MIR. Quem chegou lá para tentar administrar a situação são os membros da direção do GPM. Nenhum dos que respondiam ao meu comando chegou, ficamos sem armas.”

Depois de vários atrasos, esses militantes de Cerrillos conseguem formar um contingente bastante considerável na indústria de Perlak, abandonada pelos trabalhadores. Ao cair da noite, apesar de vários confrontos com os soldados, dois pequenos grupos de 20 e 30 pessoas ainda estão prontos para lutar. A debandada era tal que recuperaram armas abandonadas no Cordão por outros militantes da UP.

Ao longo da noite, eles atacam patrulhas que passam nas proximidades e dificultam a movimentação das unidades militares. Este tipo de atos heroicos ocorre em vários pontos do país, mas tudo é muito precário, sem coordenação ou centralização das direcções partidárias, de tal forma que, durante a noite, os dois grupos que resistem em Cerrillos trocam tiros entre si, acreditando que estavam perante o inimigo: um militante é mortalmente ferido…

No caso de ex-Yarur[9], “quando nem as forças amigas nem as armas apareceram, e ficou claro que Allende estava morto e a batalha militar perdida, os trabalhadores angustiados foram mandados para casa. Alguns líderes permaneceram em ex-Yarur, seja para proteger a fábrica contra roubos e danos pelos quais poderiam ser responsabilizados, ou em uma postura final de desafio que terminou quando as tropas se aproximaram da fábrica e os líderes mais revolucionários pularam o muro do complexo e desapareceram na resistência subterrânea.”

Hernán Ortega, após uma reunião realizada em Fensa, ordena a retirada imediata do CI: “porque o que percebi que viria era um massacre”. Apesar de algumas reações corajosas, mas esporádicas, naquele 11 de setembro de 1973 os Cordões Industriais permaneceram paralisados. Essa afirmação é confirmada, indiretamente, por uma revisão minuciosa das sentenças proferidas pelos tribunais militares após o golpe: apenas sete tribunais marciais foram realizados, envolvendo 55 pessoas ligadas aos Cordões Industriais.

Nos bairros populares mais organizados, a mesma situação se repete. De acordo com Christine Castelain, apenas acampamento  Ho-Chi-Minh possuía um certo grau de preparação (e duas submetralhadoras). Em Nueva La Habana, por volta das 10 horas da manhã, é realizada uma reunião do conselho de administração e, posteriormente, um dos quadros do MIR. De resto, há apenas uma espingarda para defender todo o acampamento, razão pela qual o MIR apela para não seguir os habitantes que decidem resistir. Por sua vez, Abraham Pérez insiste na falta de preparo dos miristas do campo para enfrentar esse tipo de situação.

Ele lembra que, no início, quando o golpe começou, era o único líder presente em uma assembleia que acontecia no acampamento e da qual participavam 500 pessoas e lhe perguntava quando as armas chegariam. No Sul, a mesma situação, mesma impotência: a repressão em Constitución, por exemplo, começaria por volta das 23h do dia 11 de setembro de 1973, aprofundando-se no dia 12 contra trabalhadores, moradores e militantes de esquerda em geral, sob a direção de militares da Escola de Artilharia de Linares, sob o comando do capitão Juan Morales Salgado.  Sem possibilidade de resistência.

Finalmente, sem a ajuda de soldados de esquerda e sem planejamento político-militar de longo prazo, o poder popular é incapaz de organizar a resistência armada ao golpe de Estado. Como diz hoje Guillermo Rodríguez, que juntamente com os seus companheiros e apesar de tudo lutou naquele dia, “acho que lutamos pela história naquela altura, mas foi para deixar uma bandeirinha a dizer: fizemos a tentativa e noutras partes nada foi feito”.

Repressão e o início do terrorismo de Estado

A violência de Estado invade o país e coloca na mira, em primeiro lugar, os militantes de esquerda e dirigentes do movimento sindical e popular, todos aqueles que se lançaram na aventura do poder popular. Nos depoimentos, a dimensão traumática daquelas horas de violência intensa é onipresente. É o início do “período negro” para militantes que sofrerão detenção, tortura, assassinato de pessoas próximas, exílio e/ou clandestinidade por anos.

Ao mesmo tempo em que a ditadura impõe seu manto de terror a toda a sociedade, os habitantes das cidades, os trabalhadores dos Cordões, os militantes de esquerda sabem o significado concreto do que o terror de Estado pode representar.

Um exemplo entre muitos é o de Carlos Mujica, operário da indústria metalúrgica Alusa, militante do MAPU e delegado do Cordón Vicuña Mackenna: “No dia do golpe já havia mortos na rua, trouxeram-nos de outro lado, atiraram-nos para lá […] E não se podia fazer nada! Acho que o mais difícil foi naquela época, em 1973, 1974. Aí em 1975 a CNI foi me procurar na Alusa, me levaram para a Villa Grimaldi, lá jogaram uma na grade eletrificada (denominada em espanhol parrilla), em um estrado e aplicavam corrente elétrica nas pernas, nas coxas. Eles sabiam que eu era delegado do setor…”

Centenas de milhares passam pelas mãos dos serviços secretos da junta militar e foram torturados. “Guillermo Orrego tinha 24 anos e  trabalhava na Standard Eléctric, uma fábrica que era subsidiária da norte-americana ITT e pertencia ao Cordão Industrial Vicuña Mackenna. Em 11 de setembro de 1973, esteve em sua fábrica, junto com dezenas de operários, para atender ao chamado dos Cordões e da CUT para cuidar das fábricas e das empresas.

No dia seguinte, foi preso em outra fábrica do setor, a Textil Progreso, para onde foi tentar coordenar a resistência. Guillermo foi transferido para o Estádio Chile, no centro de Santiago, onde viu Victor Jara antes de ser morto, aproximadamente em 16 de setembro. Foi transferido para o Estádio Nacional, no setor 7. Algo semelhante aconteceu com Ismael Ulloa, que era líder sindical do Cristalerías Chile, também pertencente ao Cordón Vicuña Mackenna. Após ser preso, Ismael esteve no estádio nacional, de 27 de setembro a 8 de novembro, quase 50 dias. Muitos dos detidos se lembram da tortura que sofreram, como Germán, que era o controlador – ou seja, era responsável pelo processo de passagem para a área de propriedade social do Estado – da fábrica Sumar Sedas.

Vários milhares de sindicalistas e militantes estão, até hoje, presos-desaparecidos. Em Constitución, figuras do movimento popular local como Arturo Riveros Blanco (nomeado governador após a captura da cidade) ou José Alfonso Saavedra Betancourt, líder sindical e do Comando Comunal de Trabalhadores fazem parte das pessoas imediatamente presas e continuam detidas e desaparecidas até hoje. No caso do primeiro, os depoimentos confirmam que ele foi preso pelos carabineiros: “No dia seguinte, Riveros foi para Celco, onde participou de uma reunião com dirigentes sindicais. Antes de terminar, os militares cercaram a indústria e começaram a prender a maioria dos sindicalistas e trabalhadores, todos individualizados por um escrivão de carabineiros que os acompanhava. Nessas circunstâncias, Riveros foi preso e transferido, juntamente com os demais, em um micro-ônibus de transporte coletivo para a Delegacia de Polícia de Carabineros, localizada ao lado do Gabinete do Governador.”

Em escala nacional, o número de óbitos desde setembro de 1973 ainda é impreciso e varia de acordo com as estimativas. De acordo com Nathaniel Davis, embaixador dos EUA no Chile na época do golpe, “as estimativas sobre o número de pessoas mortas durante ou imediatamente após o golpe variam de menos de 2500 a mais de 80.000. Um intervalo entre 3.000 e 10.000 mortos abrange as estimativas mais confiáveis.” Essa repressão foi claramente direcionada às classes populares, como evidenciam as estatísticas oficiais da Comissão da Verdade e de Reconciliação (1991), segundo as quais: “O conjunto de atos que violaram  direitos humanos por agentes do Estado, começou a ocorrer a partir do mesmo dia 11 de setembro, com a prisão e posterior desaparecimento ou morte de algumas das pessoas que estavam no Palácio de La Moneda,  ou em alguns campi universitários ou industriais, como é o caso, por exemplo, da Universidade Técnica do Estado ou em fábricas dos chamados “cordões industriais”, que foram invadidas por militares, procedendo à prisão das pessoas que neles estavam.

No documentário Setembro Chileno – feito ao calor dos acontecimentos, após o golpe –, Bruno Muel colheu o depoimento de um metalúrgico do Cordão Vicuña Mackenna que contou como cerca de 90 trabalhadores teriam sido baleados por soldados em sua fábrica (sem que tenha sido possível verificar essa informação). Uma das primeiras medidas da Junta visou esmagar o movimento sindical e banir a CUT. A derrota do movimento revolucionário implicou verdadeiros expurgos políticos dentro das empresas que – no caso das mais importantes – sofreram a razia dos militares: em Madeco houve mais de 270 detidos, 500 pessoas foram imediatamente demitidas em Sumar, e uma repressão mais direcionada também foi realizada, como em Yarur e Cristalerías Chile.

Muitos patrões participaram ativamente do sistema de denúncia e prisão de militantes instalado pela Junta, como aconteceu justamente na fábrica Elecmetal: “Em 17 de setembro de 1973, a Companhia Elecmetal, localizada na Avenida Vicuña Mackenna 157 foi devolvida a seus antigos proprietários com a nomeação de Patrício Altamirano como delegado direto da Junta Militar. O conselho de administração desta empresa entregou seis dos seus trabalhadores, alguns dirigentes da empresa e outros do cordão Vicuña Mackenna, a um destacamento composto por membros do Exército e dos Carabineros.  Os trabalhadores José Devia Devia, José Maldonado, Augusto Alcayaga, [os irmãos] Miguel e Juan Fernández Cuevas e Guillermo Flores foram brutalmente assassinados e depois jogados em várias ruas de Santiago. Só por acaso seus corpos foram encontrados no Instituto Médico Legal pouco antes de serem enterrados como N.N e apresentavam sinais de tortura e vários ferimentos de bala.  A decisão de entregá-los foi tomada pelo conselho de administração da empresa composto por Ricardo Claro Valdés, Fernán Gazmuri Plaza, Danilo Garafulic, Gustavo Ross Ossa, Raúl Briones e pelo delegado direto da Junta Militar Patricio Altamirano, que deteve pessoalmente Juan Fernández Cuevas em seu gabinete e o entregou a seus executores. Os demais líderes foram presos dentro da Elecmetal e levados em uma viatura policial e um carro fornecido pela própria empresa”.

Ao que tudo indica, Armando Cruces, um dos principais líderes dos Cordão de Santiago, também foi preso nessa mesma onda de repressão de Elecmetal e pôde escapar – e depois ir para o exílio – apenas porque o deram como morto: “confundiram seu sangue com o sangue de seus companheiros“. Outro caso de repressão   é o da empresa têxtil Sumar. As quatro usinas foram invadidas em 12 de setembro e colocadas sob intervenção por tropas do Exército. Em 23 de setembro, cerca de vinte trabalhadores foram presos, incluindo Ofelia Villarroel  (chefe do Departamento da Mulher do Sindicato de trabalhadores de escritório e militante comunista), Adrián Sepúlveda (trabalhador da seção de Fiação e delegado de base) e Donato Quispe (trabalhador boliviano).

Estes três trabalhadores, reconhecidos pelo seu compromisso sindical, são executados neste mesmo dia. Hernán Ovalle Hidalgo era o oficial no comando. De acordo com a Comissão da Verdade e Reconciliação: “Múltiplos e consistentes depoimentos de operários e trabalhadores de escritório que estavam dentro da empresa indicam que as vítimas foram presas lá por oficiais do Exército, e depois separadas dos outros trabalhadores que também haviam sido presos, sendo esta a última vez que foram vistos com vida. Os corpos dos atingidos foram encontrados em vias públicas, na rodovia General San Martín.

Esta repressão e militarização dos locais de trabalho atinge todo o país e é acompanhada pela demissão de 100 mil funcionários inscritos nas “listas negras” da Junta (para que não pudessem ser recontratados). Ao mesmo tempo, a ditadura impôs a lei marcial, fecha o Congresso, suspende a Constituição e proíbe a atividade de partidos políticos, inclusive os que apoiaram o golpe.

A repressão antioperária continua nos meses seguintes na capital, assim como nas províncias. Em outubro de 1973 ocorreu a chamada “caravana da morte“, liderada pelo general Sergio Arellano Stark e deixou mais de 100 mortos, dezenas de pessoas torturadas nas seis cidades visitadas pela comitiva criminosa, violando inclusive as disposições da própria Justiça Militar. Ao dar conta dos acontecimentos em Antofagasta, El Mercurio – um grande apoio ideológico da ditadura – relata: “Mario Silva Iriarte, Eugenio Ruiz Tagle Orrego, Washington Muñoz Donoso e Miguel Manríquez Díaz foram executados, todos envolvidos na formação dos chamados ‘cordões industriais’.

O comunicado oficial do Gabinete de Relações Públicas do Quartel-General da Zona em Estado de Sítio informava que “as execuções foram ordenadas pela Junta Militar do Governo para acelerar o processo de depuração dos marxistas e concentrar esforços na recuperação nacional”.

Pouco a pouco, Pinochet e seus acólitos dão à repressão uma dimensão transnacional. Em coordenação com os demais regimes militares da região e com o apoio do governo dos Estados Unidos, eles organizam a chamada “Operação Condor”. E foi claramente no quadro da relação de forças política mundial que se inscreve este trágico fim da Unidade Popular. Foi uma vitória estratégica do imperialismo que permitiu não só fazer recuar os inúmeros avanços sociais conquistados durante esses mil dias, mas também transformar o Chile em um verdadeiro laboratório: o de um capitalismo neoliberal, até então desconhecido em outras latitudes.

Este pequeno país do Sul torna-se, assim, o primeiro a experimentar as suas receitas sob a liderança dos Chicago boys. Os 17 anos de ditadura correspondem ao que Tomás Moulian chamou de “revolução capitalista” devido à grande remodelação por que a sociedade vai passar. Trata-se, na verdade, de uma contrarrevolução no sentido mais estrito do termo. E a magnitude da violência estatal é claramente desproporcional diante da resistência que se lhe opõe, o que só pode ser explicado porque não se tratava apenas de assassinar os indivíduos mais ativos no processo de UP, mas também de remover os vestígios, nas profundezas de suas raízes sociais, das experiências de autogestão que se multiplicaram.

Maurice Najman, que viajou ao Chile para observar a UP, afirma em outubro de 1973: “em suma, os militares intervieram quando o desenvolvimento do poder popular levantou, e até começou a resolver, a questão da formação de uma liderança política alternativa à Unidade Popular”. Diante do golpe, Nachman acreditava em uma rápida resistência armada. Essa previsão errônea se devia a uma visão superdimensionada da força do poder popular. A oposição em massa à ditadura só aparecerá mais tarde, no início dos anos oitenta, com os grandes protestos.

 

FRANCK GAUDICHAUD
Doutor em ciência política e professor de estudos latino-americanos na Universidade de Toulouse 2 Jean Jaurès. É membro do conselho editorial da revista ContreTemps (www.contretemps.eu) de Paris e colaborador da Jacobin Latin America.

 

[1] Nota da edição brasileira do EOL. Ensaio geral de golpe militar desfechada em 29 de junho de 1973.
[2] Nota da edição brasileira do EOL. A estratégia do “inverno russo” foi a ideia lançada em 1972 pelo deputado democrata-cristão Claudio Orrego para ceder espaço ao governo Allende para depois desgastá-lo com a força das instituições do Estado, em uma analogia com o papel do inverno nas guerras em que a Rússia foi invadida.
[3] Nota da edição do EOL: O Plano Z era uma fabulação da Junta Militar para justificar a barbárie com que atuou a partir de 11 de setembro
[4] Nota da edição brasileira do EOL – O MAPU havia se radicalizado e tinha uma aliança com o MIR, a Esquerda Cristã e com a esquerda do PS. Em março de 1973, um setor do partido, mais ligado às posições gradualistas do PC rompe com o partido e forma o MAPU Operário e Camponês dirigido por Jaime Gazmuri. À época, era claro o apoio do aparato do PC para consumar esta divisão.
[5] Nota da edição brasileira do EOL -Dirigente da revista Punto Final ligada ao MIR até o golpe
[6] Nota da edição brasileira do EOL: A casa de El Cañaveral era a residência alternativa de Allende enquanto era presidente e estava localizada na pré-cordilheira de Santiago
[7] Nota da edição brasileira do EOL: Patria y Libertad era o grupo de extrema-direita que se organizou ainda antes da posse de Allende.
[8] Nota da edição brasileira do EOL: Rigoberto Quezada era militante socialista e administrador da empresa nacionalizada Sumar, uma das mais importantes do cordão industrial Cerrilos.
[9] Nota da edição brasileira: Esa fábrica era propriedade dos Yarur, uma das famílias mais ricas do país, que a governava de forma ditatorial Os trabalhadores a ocuparam em meio a um conflito sindical e exigiram sua intervenção, o que foi feito a contragosto pelo governo porque estava fora da lista das empresas a serem nacionalizadas. Peter Winn conta essa história em seu livro, os Tecelões da revolução.