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BRASIL

Cúmplices, Bolsonaro e Zambelli planejaram fraudar as eleições

A CPMI dos atos golpistas acaba de decidir a convocação do hacker Walter Delgatti para depor. Aliados tentam blindar ex-presidente, mas reunião com o hacker prova mais uma ação golpista.

André Freire, da redação
Marcelo Camargo/Agência Brasil

Os fatos que vieram à tona ontem, 2, com a operação de busca e apreensão da PF nos endereços da deputada Carla Zambelli (PL-SP) e a nova prisão preventiva do hacker Walter Delgatti, não deixam dúvidas sobre a existência de um plano para atacar o sistema eleitoral brasileiro, às vésperas das eleições presidenciais do ano passado.

E, mais este plano golpista, novamente envolve diretamente Bolsonaro (PL-RJ). Embora já exista um movimento de aliados políticos tentando blindar o ex-presidente, a presença dele numa reunião com Zambelli e o haker Delgatti, em agosto do ano passado, dentro do Palácio da Alvorada, para tratar das “fragilidades” das urnas eletrônicas, é uma prova evidente da existência de uma trama para tentar sabotar as eleições presidenciais.

Zambelli assume também que foi a responsável por organizar um encontro de Delgatti com o presidente nacional do PL, Waldemar da Costa Neto, onde os mesmos assuntos foram tratados, sobretudo o tema da segurança das urnas eletrônicas.

Aliados de Zambelli pagaram o hacker

Renan Goulart, assessor do deputado estadual de SP, Bruno Zambelli, irmão de Carla Zambelli, e Jean Guimarães, assessor lotado no gabinete da própria deputada federal do PL, foram os dois responsáveis pela realização de operações PIX para o pagamento dos serviços prestados por Delgatti.

Entre os serviços encomendados estavam a busca por invadir o sistema das urnas eletrônicas, a invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ)  para a emissão de um mandado de prisão falso contra Alexandre de Moraes e a tentativa também de invadir os celulares deste Ministro do STF para tentar obter conversas comprometedoras.

Delgatti confirma todas estas informações, os serviços encomendados e os encontros com Zambelli, Waldemar da Costa Neto e Jair Bolsonaro. O hacker, que volta a estar preso preventivamente, está interessado em fechar um acordo de delação premiada com a justiça.

Estas informações são mais que suficientes, para a cassação imediata do mandato de Carla Zambelli e sua prisão, como uma das operadores da tentativa de fraudar as eleições, facilitando um golpe para manter Bolsonaro no poder.

Mas Zambelli não agiu sozinha. O envolvimento de Bolsonaro e Waldemar da Costa Neto é evidente. São todos cúmplices e responsáveis por ações golpistas contra a democracia.

Mas Zambelli não agiu sozinha. O envolvimento de Bolsonaro e Waldemar da Costa Neto é evidente. São todos cúmplices e responsáveis por ações golpistas contra a democracia.

Mais uma vez, existem militares envolvidos na trama golpista

O advogado de Delgatti, afirmou que seu cliente esteve em outra reunião suspeita. Ele foi levado por um assessor especial do ex-presidente Bolsonaro, o coronel Marcelo Câmara, para uma reunião com o ex-ministro da Defesa, Paulo Nogueira, dentro da sede do Ministério.

Nesta reunião, novamente o assunto foi o mesmo: as urnas eletrônicas. E, o mais absurdo, Delgatti, um hacker já processado pela justiça, teria orientado a elaboração do ofício do Ministério da Defesa do governo passado, questionando o TSE sobre a segurança eletrônica do sistema eleitoral brasileiro.

O atual Ministério da Defesa já está investigando mais esta grave denúncia, que ligam novamente militares da ativa na tentativa de fraudar as eleições. Até porque, um dos possíveis presentes na reunião foi outro coronel, Eduardo Gomes da Silva, que mantém um cargo ligado à Secretaria Geral da Presidência, no governo atual.

Bolsonaro é o líder e o principal beneficiário do golpe

As investigações em curso, tanto da PF como da CPMI dos Atos Golpistas, vêm confirmando o que já era óbvio: Bolsonaro está no centro de toda a tentativa de golpe no Brasil, seja para sabotar as urnas eletrônicas, seja depois das eleições, na tentativa de impedir a posse do atual presidente Lula.

Bolsonaro deve ser novamente interrogado pela PF, agora para prestar esclarecimentos sobre a reunião com Carla Zambelli e o hacker Delgatti. Ele já prestou outros depoimentos, especialmente sobre outra reunião, envolvendo o senador Marcos do Val (Podemos-ES) e Daniel Silveira, o ex-deputado bolsonarista do RJ que quebrou uma placa com o nome da companheira Marielle Franco.

Os envolvidos nesta reunião já apresentaram versões diferentes sobre os assuntos tratados nela. Inclusive, Marcos do Val já mudou várias vezes seu depoimento, em evidente uso de mentiras para atrapalhar as investigações. Nesta reunião, também confirmada por todos os presentes, se tratou de assuntos muito semelhantes à reunião de Bolsonaro com Zambelli e o hacker.

O objetivo, mais uma vez, era demonstrar que as urnas eletrônicas eram passíveis de fraudes, para criar um impasse sobre o resultado das eleições, evitar a posse de Lula e manter Bolsonaro na presidência. Da mesma forma, se tratou de como atingir o Ministro do STF, Alexandre de Moraes, que também está presidindo o TSE.

Além destas reuniões golpistas, os áudios divulgados entre conversas do tenente-coronel Mauro Cid, amigo e principal assessor de Bolsonaro, e do coronel Lawand Junior, demonstram de forma inequívoca que existia um plano golpista para impedir a posse de Lula. E, Bolsonaro, não combateu o plano e nem mandou prender os envolvidos. Só não autorizou a ação, porque temia que a empreitada golpista poderia ser derrotada. Preferiu “fugir” para os EUA, com um cartão de vacinação falso.

Devido a vários ataques à democracia e ao sistema eleitoral, o TSE já tornou Bolsonaro inelegível por 8 anos, decisão que ainda cabe recurso. Mas, diante de todas as evidências disponíveis, fica nítido que a decisão do TSE, sendo importante, é ainda insuficiente.

Bolsonaro está envolvido diretamente nos crimes contra democracia e ainda atua para atrapalhar as investigações em curso, sempre culpando aliados próximos pelos crimes que o atingem diretamente.

Qualquer ideia de poupar Bolsonaro em nome de uma eventual estabilidade política e de uma governabilidade em conjunto com setores da direita e do centrão, seria um grave erro de setores da esquerda, ligados ao PT e ao atual governo federal.

Qualquer ideia de poupar Bolsonaro em nome de uma eventual estabilidade política e de uma governabilidade em conjunto com setores da direita e do centrão, seria um grave erro de setores da esquerda, ligados ao PT e ao atual governo federal.

O momento exige firmeza na defesa de nenhuma anistia aos golpistas, da punição exemplar pelos seus crimes e da imediata prisão de Bolsonaro. Um passo fundamental na luta atual, permanente e prioritária contra a extrema direita neofascista em nosso país.