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CULTURA

Peça Parem às Máquinas: Sobre a Greve Metalúrgica de Contagem em 68

Baiano, da Resistência de Contagem, Belo Horizonte (MG)

A GREVE

Os operários forçaram o primeiro REAJUSTE SALARIAL da ditadura, desafiando as leis antigreves!

Cerca de 1.200 trabalhadores da siderúrgica Belgo-Mineira, em Contagem, cruzam os braços reivindicando reajuste salarial de 25%.

A primeira greve depois do golpe militar surpreendeu a ditadura, que desde 1964 impunha uma política de arrocho responsável por corroer mais de 20% do valor médio dos salários.

A greve foi articulada pela diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos eleita no ano anterior e impedida de tomar posse, reivindicando reajuste salarial acusada de ter “elementos de esquerda” infiltrados. Com o sindicato sob intervenção do Ministério do Trabalho, nem os patrões nem o governo esperavam a eclosão de uma greve, que desafiava a legislação restritiva da ditadura.

A greve eclodiu pela base por dentro das fábricas e ganhou as ruas com mobilizações de mais de 15 mil trabalhadores nas ruas.

As empresas ofereceram um reajuste de 10%, recusado em assembleia. No terceiro dia, a greve da Belgo ganhou a adesão dos trabalhadores de outras fábricas, como Mannesmann, da RCA, da SBE e de outras indústrias da região, ampliando-se depois para a fábrica da Belgo em João Monlevade e para a a Acesita, no Vale do Aço.
O coronel Jarbas Passarinho, ministro do Trabalho, foi pessoalmente a uma assembleia intimidar os grevistas. Repetiu as ameaças em rede de televisão. Em 24 de abril, 1.500 policiais militares tomaram a região industrial de Contagem. PMs foram buscar em casa os operários, ameaçados de demissão sumária.
O movimento terminou no décimo-primeiro dia, 26 de abril, com uma aparente derrota dos grevistas.

Mas em 1º de maio o general presidente Costa e Silva foi obrigado a anunciar um abono de 10% dos salários para todos os trabalhadores brasileiros, furando pela primeira vez a política de arrocho.

PAREM AS MÁQUINAS

Este é um elogio à greve de 1968!

Em abril de 1968, os trabalhadores de Contagem paralisaram as fábricas da cidade, cruzaram os braços e ocuparam as ruas. A peça contorna esse acontecimento, encenando o complexo de relações sociais que rondavam o período de 68. A narrativa da peça se dá a partir de três mulheres (uma operária que revende cosméticos, uma sindicalista e um militante da luta armada) que constroem essa luta, um padre, um pelego, uma burguesia em crise pelo rumos do processo de industrialização e um barril de pólvora perto do fogo chamado arrocho salarial. Tudo isso mostra um quadro em transe sobre um Brasil no auge da intervenção militar, e que tencionava cada vez mais a radicalização das lutas populares.

A peça pretende funcionar como uma ferramenta de elucidação histórica, que exponha de forma didática as táticas dos trabalhadores, para que possamos repensar nosso tempo histórico a partir das imagens encenadas do passado.

NÚCLEO CENA CRÍTICA

O Núcleo Cena Crítica surgiu a partir da necessidade, apontada pelo Fórum Popular de Cultura de Contagem, de um núcleo se especializa-se em agitação e propaganda para ampliar a relação dos movimentos com a população, e em contrapartida que utilize a arte como ferramenta de formação e combate da ideologia dominante. Formou-se assim esta unidade cooperativa de artistas que se opõe dialeticamente a narrativa de emancipação popular à narrativa fascista que se apoderou do Brasil. Vemos a necessidade de construir espaços de formação de base através do teatro, criar espaços de ativação da cidadania conectada com a realidade material e com as questões que permeiam a vida da sociedade. E, no cenário atual, está nítido que a conjuntura exige reflexão, contestação e intervenção. Nossa prática é inspirada nos pressupostos teóricos do teatro épico dialético de Bertolt Brecht, o teatro do oprimido de Augusto Boal, e as táticas de AgitProp da vanguarda russa (Meyerhold, Maiakovski e Asja Lacis).

APRESENTAÇÕES

DIA 21/07 (SEXTA)

Horário: 20:00H

Local: PARQUE ECOLÓGICO ELDORADO Endereço: R. Paineiras, 753 – Eldorado, Contagem

DIA 22/07 (SÁBADO)

Horário: 20:00H

Local: PARQUE MUNICIPAL GENTIL DINIZ

Endereço: R. das Esmeraldas, 227 – N Sra Carmo

FICHA TÉCNICA

EM CENA: Gabi Vieira, Mercedes Stephani, Jéssica Luiza Cardoso, Cristiano Nery, Douglas Martins e Ayam Ubrais Barco.
DIREÇÃO: Gabriel Vinícius.
DRAMATURGIA: Gabriel Vinícius com colaboração de Cristiano Nery e Douglas Martins.
ASSISTÊNCIA DE DIREÇÃO: Márcio Teixeira.
TRILHA SONORA: Ayam Ubráis Barco.
CENOGRAFIA: Raul Hermisdorf e Ayam Ubráis Barco.
FIGURINO: Jéssica Luiza Cardoso com colaboração de Daiana Silvestre e Letícia Lorraine.
IDENTIDADE VISUAL E COMUNICAÇÃO: Pabs Andrade.
PRODUÇÃO EXECUTIVA: Pabs Andrade.
PRODUÇÃO AUDIOVISUAL: Pabs Andrade, Daniel Ferreira.

NÚCLEO CENA CRÍTICA: @nucleocenacritica