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MOVIMENTO

Metroviários de Recife iniciam paralisação de 24h contra a privatização da CBTU

Transporte é um direito social que viabiliza o acesso aos demais direitos

 Rosilda Maria da Silva Pinheiro, da FENAMETRO
Divulgação

A categoria metroferroviária de Recife, que encontrava-se em estado de greve desde o dia 20 de abril de 2023 contra a entrega do metrô do Recife ao Estado de Pernambuco e consequente privatização, decidiu na noite de ontem (12), em assembleia, pela paralisação total do sistema por 24 horas.

A decisão de parar 100% dos serviços deu-se pela insatisfação dos trabalhadores e trabalhadoras metroferroviários com o governo Federal.  Entre as razões, o governo não retirou a Companhia Brasileira de Trens Urbanos- CBTU do Plano Nacional de Desestatização;  falta investimento no sistema que está  sucateado não foi iniciado do Plano de Restruturação do Metrô do Recife, e a negativa da SEST- Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais- quanto a aprovação do Acordo Coletivo de Trabalho da categoria, acordo esse cuja as cláusulas já haviam sido debatidas e aceitas junto a administração da empresa.

Diante de todos esses fatos, a recente declaração do Ministro Rui Costa quando reafirma a continuidade dos estudos da CBTU para PPP, na tarde de ontem, em reunião com o Presidente Lula e a Governadora Raquel Lyra, em Brasília, elevou-se ainda mais o ânimo da categoria para o fortalecimento da decisão de paralisar as atividades.

Na campanha eleitoral, Lula afirmou que a era das privatizações teria chegado ao fim. No entanto, inclui no novo PAC empréstimo aos estados e municípios para as PPPs e concessões de serviços públicos, como transporte.

A mobilidade urbana atrai o interesse de grandes grupos econômicos que querem lucrar com o transporte público. Não por outra razão, que uma das prioridades do bolsonarista Tarcísio de Freitas em São Paulo é a privatização da CPTM e o Metrô.

As PPPs são privatizações com risco zero para o capital. A maior parte do investimento é feito diretamente pelo estado e o restante através de empréstimos subsidiados pelos bancos públicos, principalmente o BNDES.

A população é prejudicada porque a primeira medida que a empresa privada toma é aumentar a tarifa. BH é um exemplo disso. Após três meses da concessão reajustaram a tarifa em 17,78%, o valor do bilhete único foi de R$ 4,50 para R$ 5,30. A tarifa dos trens da Supervia no Rio é de R$ 7,40. Em São Paulo, as linhas privadas são subsidias pois a tarifa prevista nos contratos de PPPs são maiores do que o usuário paga na bilheteria. Detalhe o Metrô estatal não recebe subsídio.

Essa é uma grande contradição do governo Lula .Um governo que pretende priorizar os mais pobres não pode adotar um modelo que leve ao aumento da tarifa nos transportes públicos. Principalmente agora, quando se  debate a implantação de tarifa zero em muitas cidades (mais de 70 cidades já implantaram, total ou parcialmente). E o próprio PT, na ultima reunião do diretório nacional, incorporou a tarifa zero como bandeira para todas as cidades.

Rosilda Maria da Silva Pinheiro é Secretaria de Assuntos da Situação da Mulher da FENAMETRO – Federação Nacional dos Metroferroviários