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BRASIL

Prefeita de Praia Grande tentou barrar afegãos, mas nada fez com aglomerações de Bolsonaro em plena pandemia

Leandro Olimpio, da Baixada Santista (SP)

Virou notícia nos últimos dias o drama enfrentado por refugiados do Afeganistão no Brasil. Em setembro de 2021, o país estabeleceu a concessão de visto humanitário para as famílias que fugiam do Talibã. O levantamento mais recente aponta que mais de 6 mil afegãos já desembarcaram em solo brasileiro.

Com abrigos lotados, São Paulo e Guarulhos não conseguiram receber novas famílias. Com isso, 200 afegãos, incluindo crianças, foram obrigados a permanecer no Aeroporto de Guarulhos. Desde agosto de 2022, o aeroporto liberou apenas 3 vezes o uso de chuveiros para essas famílias. Precariedade que explica porque parte dos imigrantes está com sarna. Um acordo feito pelo governo federal com o Sindicato dos Químicos de São Paulo deu uma solução emergencial: eles seriam abrigados na colônia de férias do sindicato, em Praia Grande, litoral de São Paulo.

Quando já estavam na estrada, cinco ônibus com 128 afegãos tiveram que parar na Rodovia Anchieta porque a prefeita da cidade, Raquel Chini (PSDB), recusou recebê-los. Guardas municipais foram mobilizados para as vias de acesso à cidade e para a porta da colônia para impedir a chegada dos refugiados. A alegação era de que eles colocariam em risco a saúde dos moradores da cidade. Além disso, de que a colônia não tinha auto de vistoria do Corpo de Bombeiros.

Mas o histórico da prefeita demonstra que saúde nunca foi uma prioridade. Na pandemia, ela reabriu escolas com salas lotadas e forçou professores a voltarem pro ensino presencial mesmo sem a segunda dose da vacina.

Não dá pra esquecer também da sua relação amistosa com Bolsonaro, responsável pelas mais de 700 mil mortes em função da Covid-19. Além de declarar apoio a Bolsonaro e Tarcísio Freitas no segundo turno, Raquel Chini fez vistas grossas para as diversas vezes em que Bolsonaro promoveu aglomerações em Praia Grande, nos fins de semana em que se hospedou no Canto do Forte. 

Questionada na época, se contentou em dizer que existiam outras aglomerações que ninguém queria enfrentar, como os bailes funks. Foi mais uma cúmplice da cruzada negacionista e genocida de Bolsonaro.

Após negociação com o Ministro da Justiça, Flávio Dino, Raquel Chini aceitou receber os afegãos. Agora ela tenta construir a imagem de uma prefeita humana e sensível. Nas redes sociais, em tom marqueteiro diz que Praia Grande é uma cidade que acolhe. Mas a responsabilidade integral pela estadia dos afegãos é do Governo Federal. Aliás, foi uma exigência da prefeita para não barrar os ônibus que seguiam para a cidade.

A alegada preocupação sanitária parece não passar de uma cortina de fumaça para mais um caso de xenofobia. É assim que a extrema-direita opera em todo mundo. Não seria diferente no Brasil e nem em Praia Grande.