Olá, Biel. Optei, mais uma vez, responder aos seus questionamentos sobre a posição do PSOL em Suzano em uma carta aberta. 

Ao me questionar como presidente do PSOL Suzano sobre as movimentações eleitorais de 2024, decidi responder suas indagações e aproveitar a oportunidade e deixar de forma pública a posição do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL 50) de Suzano.

Não creio ser necessário reescrever ou organizar suas perguntas nesta carta, afirmo que todas as suas dúvidas e provocações serão explicitadas neste texto.

Basicamente seu interesse é sobre um dos principais nomes da esquerda do estado de São Paulo e, sem dúvidas, o maior nome da esquerda suzanense, Marcelo Candido. 

No entanto, antes de iniciar as respostas, creio que seja necessário contextualizar o PSOL no atual cenário da política brasileira. Nosso partido é o que mais cresce nos últimos anos e formou importantes bancadas por todo as regiões do país, além de ter superado com folga a cláusula de barreira. Atualmente, o PSOL é o segundo maior partido da esquerda. Em São Paulo, tivemos Boulos como o candidato mais votado a deputado federal e elegemos 5 deputadas e deputados estaduais. O PSOL Suzano se localiza nisso tudo muito bem. Fomos parte importante para o desenvolvimento do PSOL em nossa cidade. 

Desde o golpe contra Dilma, o PSOL entendeu que teríamos um período de lutas muito pesado. Até o último dia de 2022 lutávamos contra o governo neofascista de Jair Bolsonaro. Por termos esse entendimento, optamos por não lançar pela primeira vez um candidato à presidência da república. Em nome da unidade e da luta contra o bolsonarismo também apoiamos o candidato Fernando Haddad do PT. O êxito eleitoral que tivemos na luta contra a extrema-direita no Brasil, não tivemos em São Paulo. 

Essa situação exige que os agentes políticos, em especial da esquerda, interpretem o atual momento histórico em que vivemos. Desde o golpe contra a ex-presidenta Dilma, estamos numa luta defensiva. Lutamos contra a retirada de direitos da classe trabalhadora e para frear a ofensiva neofascista, em especial com a população mais pobre e os mais oprimidos.

Em Suzano, durante as eleições de 2022, pudemos ver quem é quem na luta contra a extrema-direita. Bolsonaro e Tarcísio de Freitas foram representados na cidade pelo prefeito Rodrigo Ashiuchi e seus aliados. Enquanto Lula e Haddad por partidos de esquerda e progressistas.

Durante a campanha eleitoral de 2022, vimos que o PSOL se dedicou e se organizou de forma prioritária nas campanhas de Lula e Haddad. O ex-prefeito Marcelo Candido esteve todos os dias nas ruas rodando por toda a cidade. Essa afirmação não é uma hipérbole, há registros nas redes sociais e na imprensa local. Aqui inclusive cabe uma pergunta “ Quais outras lideranças da cidade tiveram a mesma dedicação e intensidade nas campanhas majoritárias?”.

O PSOL não faz campanha em troca de favores ou cargos. Não entra no toma lá da cá da tradicional política brasileira. A militância do PSOL faz análise política da situação real e organiza suas decisões com base na realidade da luta social. Tanto é verdade que em sua decisão nacional, o PSOL se colocou como base do governo, mas manteve sua autonomia com relação as decisões. O exemplo disso é a questão do arcabouço fiscal em que o PSOL votou contrário.

Isto posto, informo que Marcelo Candido é o pré-candidato a prefeito do PSOL. A direção do PSOL  Suzano tem essa decisão tomada há muito tempo. Inclusive, o PSOL Suzano dentro da movimentação estadual do PSOL ganhou destaque. Hoje os dois nomes que unificam o PSOL em São Paulo são Guilherme Boulos e Marcelo Candido, pois são prioridades estaduais que têm grandes chances de elegibilidade por nosso partido. 

Marcelo Candido tem o compromisso das direções nacional, estadual e municipal do PSOL sobre sua candidatura. Marcelo só não será candidato se ele individualmente não quiser. 

Marcelo Candido e Lula foram perseguidos pelas elites por serem parte da construção de um programa de governo popular. Assim como Lula em 2022, Marcelo deverá ser eleito prefeito em 2024, portanto, o PSOL não vai titubear nesse momento tão delicado da luta.

Vale ressaltar aqui que é notório o medo do governo de Suzano sobre a candidatura do PSOL. As movimentações que o governo está fazendo demostram que Candido e o PSOL estão no caminho certo. As eleições de 2024 serão o terceiro turno da polarização de 2022. A própria direção do PT já sinalizou as preocupações sobre o ano que vem. Em Suzano, como mencionei anteriormente, os candidatos de Ashiuchi estarão a serviço de Bolsonaro e Tarcísio enquanto o único nome que pode se opor a isso é o de Marcelo Candido.

As especulações sobre Marcelo ir ou não para outro partido são naturais, pelo peso político e histórico dele em nossa cidade, entretanto, estamos no cotidiano da luta e na organização partidária com Candido.

Em 2020, o PSOL renunciou a sua candidatura porque entendia que o PT tinha melhores condições de enfrentar a extrema-direita bolsonarista de Suzano. Isso é responsabilidade política. Neste momento, o melhor nome para derrotar os aliados de Bolsonaro e Waldemar Costa Neto é Marcelo Candido.

A prefeitura de Suzano se tornou estratégica no debate nacional. Tanto o PL de Bolsonaro, Waldemar Costa Neto e Ashiuchi quanto o governo federal   têm interesse nessa disputa. Marcelo Candido pode vencer as eleições em 2024, portanto, o PT e qualquer partido que não seja aliado de Bolsonaro e Waldemar Costa Neto deverá debater com o PSOL. Não existe nenhuma possibilidade de fortalecer a esquerda sem envolver Candido.

Os dois maiores partidos da esquerda ( PT e PSOL) terão que ter muita responsabilidade política e não caberá aqui lugar aos desavisados ou a oportunistas de nenhum espectro político. A eleição em Suzano é fundamental para o projeto que queremos construir em nosso país, já que é uma das maiores prefeituras governadas pelo PL. Não podemos retroceder ao bolsonarismo, por isso em 2024 a esquerda terá que eleger em todo o país um grande número de prefeitos e de vereadores de nosso campo.

Sobre as candidaturas e as movimentações dos demais partidos, isso não é o foco de preocupação do PSOL. Como mencionei anteriormente, nosso objetivo é fortalecer o campo das lutas sociais. Entendemos que o único nome que pode encabeçar um projeto vitorioso eleitoralmente contra a extrema-direita em Suzano é Marcelo Candido. O PSOL está ao lado das LGBTQIAP+, das mulheres, das negras e negros, das PCDs, da população indígena e nosso programa eleitoral será construído nas lutas da classe trabalhadora.

O PSOL atualmente pauta os debates políticos de nossa cidade, consequentemente todos os agrupamentos políticos debatem o nome de nossa principal figura pública, Marcelo Candido. Os ataques e as mentiras lançadas, infelizmente, fazem parte desse jogo bolsonarista das fakes News. Marcelo preocupa tanto a extrema-direita que sem fazer grandes esforços, todos os dias saem notícias sobre ele. 

O PSOL Suzano será protagonista eleitoralmente em 2024! Não estaremos ao lado dos que atacam lutadores e os movimentos sociais. Não iremos rebaixar em momento algum a qualidade dos debates e nem nos sujeitaremos a mediocridade dessa política institucional estabelecida e que é odiada pela ampla maioria da população suzanense. 

Sobre a movimentação interna dentro da federação do PT, esse é um assunto que não acho justo e menos ainda ético debater.  O PSOL e o PT na história recente têm atuado juntos, como contra o golpe em Dilma, contra a prisão de Lula, na campanha Lula Livre e nas eleições de 2022. O PSOL seguirá sua coerência e apresentará um programa eleitoral que atenda as necessidades da população mais pobre e oprimida.

 O PSOL está construindo um programa político e eleitoral para atender a maioria do povo e não as elites locais. Em 2020, eu disse a você que qualquer um que quisesse debater sobre os rumos da esquerda em Suzano deveria sair do governo do PL. Mantenho minha posição. Não é possível debater como esquerda e agir como extrema-direita. Isso não cabe! Não cola! Não é aceitável, além de ser totalmente incoerente! Qualquer um que queira estar no governo Ashiuchi não deverá falar como esquerda, muito menos pela esquerda. É preciso ter coerência com o que se diz e com o que se faz, aqui parafraseio Paulo Freire.

Por fim, nesta carta aberta, enfatizo que o PSOL está à disposição de toda militância da esquerda, dos movimentos sociais e de quem entende que o projeto neofascista deve ser derrotado, portanto, quem quiser dialogar sobre uma política para Suzano, que coloque no centro do debate a periferia, os mais pobres, os setores historicamente oprimidos e que inverta as prioridades postas até hoje, pode procurar o PSOL!

Suzano, 12 de junho de 2023.

Fábio Torres

Presidente do PSOL Suzano