O atual reitor da Unicamp, Tom Zé, foi eleito com promessas de uma gestão “progressista” e apoiado pela maioria dos docentes de esquerda da Unicamp. Medidas importantes como o reajuste de 10% das bolsas e de 20% do salário de funcionários e docentes foram muito bem vindas. Porém uma coisa precisa ser dita: ambos os reajustes não repõem a totalidade das perdas acumuladas e vieram em conjunto com uma negativa da reitoria em negociar tanto com os trabalhadores quanto com os estudantes.
Até aqui, a postura da reitoria em relação ao movimento estudantil, suas entidades e seus representantes tem sido a mais pura indisposição ao diálogo. Pior que isso, a reitoria de Tom Zé mostrou que não vacila na hora de reprimir os estudantes. A reitoria, através da Secretaria de Vivência nos Campi (SVC), entregou para a polícia um relatório referente à manifestações ocorridas no dia 03/04 contra a Feira de Universidades Israelenses, em clara tentativa de criminalização dos estudantes. Para a elaboração do relatório, a SVC buscou ativamente o apoio da Guarda Municipal, e apresentou nomes, placas de carro e fotos dos envolvidos na manifestação, servindo como base para a abertura de inquérito policial. Além de estudantes, o relatório indica a presença de trabalhadores e da Kombi do Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp. Também foi afirmado pelo reitor a intenção de abrir processos administrativos, com o nítido objetivo de punir estudantes e trabalhadores que manifestaram sua oposição ao massacre promovido contra o povo palestino pelas forças armadas israelenses.
Ora paternalista, ora autoritária, essa reitoria tomou uma atitude sem precedentes no último período: já seria extremamente autoritário a abertura de processos administrativos contra estudantes (como é praxe do autoritarismo da reitoria), mas, pior que isso, Tom Zé colocou o destino de estudantes nas mãos da polícia. Nem mesmo a mais tucana das reitorias cumpriu papel parecido na última década.
Diante dos questionamentos, a postura da reitoria foi de completa negativa ao diálogo sobre o tema da Feira das Universidades Israelenses, tanto com as entidades das categorias da universidade quanto com organizações externas representantes do povo palestino e árabes no Brasil como a Fepal. O ato do dia 03/04 foi convocado e construído pela Fepal e pelas entidades e coletivos estudantis e sindicais para mostrar que nossa universidade, diferentemente da reitoria, não compactuaria com o massacre do povo palestino.
É preciso, ainda, deixar claro que houve, de fato, um ataque hacker à reitoria, que não concordamos com isso e repudiamos o vazamento de dados do reitor. Qualquer tentativa de relacionar esse ataque isolado à nossa manifestação política legítima não passa de uma cortina de fumaça com o objetivo de criminalizar movimentos sociais.
Diante da repressão da reitoria é preciso a unidade dos estudantes, trabalhadores, suas entidades e coletivos para impedir que qualquer estudante seja punido injustamente por lutar e se manifestar. O relatório completo se encontra em mãos das entidades estudantis e sindicais da universidade. Em breve publicaremos texto com mais informações e os próximos passos do movimento.
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