Há duas tarefas centrais na conjuntura. A primeira é aumentar a pressão pela prisão de Bolsonaro. O líder fascista e seus colaboradores não podem passar impunes depois de todos crimes que cometeram. A segunda tarefa é intensificar a campanha pela demissão de Campos Neto, presidente do Banco Central (BC), que mantém a maior taxa real de juros do mundo.
A combinação do aperto monetário com o arcabouço fiscal pode comprometer a capacidade do governo de cumprir as promessas de campanha. Após anos de crise social e estagnação econômica, o país precisa de mais investimentos sociais, de geração de empregos, de melhores salários e recuperação de direitos. Lula foi eleito para realizar esse programa. O mercado, o Centrão e a extrema direita querem inviabilizar essas mudanças. O enfrentamento com eles é inevitável.
A esquerda precisa liderar a iniciativa política no país, não permitindo que as forças reacionárias tenham o controle da narrativa e das ações. A atuação parlamentar e institucional precisa vir acompanhada do reforço da luta política nas redes e nas ruas. Sem força social de combate, sem capacidade de mobilização e pressão popular, não haverá avanços.
Sem anistia! Ganhar a maioria do povo para apoiar a prisão de Bolsonaro
As decisões de Alexandre de Moraes, que estão encurralando Bolsonaro e seus comparsas, são muito positivas. Mas a ação repressiva do STF isoladamente não basta. É preciso reforçar a pressão pela prisão do golpista junto às camadas populares, nos locais de trabalho e estudo. Os crimes desses bandidos precisam ser explicados ao povo.
Se houver prisão de Bolsonaro com apoio da maioria população, teremos uma enorme vitória política. O fascismo não pode ser normalizado, aceito como parte do jogo democrático. Tem que ser colocado na ilegalidade. Seus líderes devem ser presos e desmoralizados perante as massas. Mas, para alcançar isso, é preciso conquistar maioria social e ter disposição política para avançar contra os inimigos.
Intensificar a pressão pela demissão de Campos Neto!
O outro front decisivo é o da economia. O bolsonarista Campos Neto sabota o governo. Mantém os juros nas alturas, mesmo com a queda da inflação.
O fato é que está quase impossível pegar empréstimo no Brasil. O trabalhador tem dificuldade de financiar a compra da geladeira, do fogão, do carro ou da casa própria. As famílias e empresas se endividam cada vez mais. Os pequenos empresários e agricultores sofrem para financiar seus negócios. Apenas os rentistas, que ganham fortunas com os juros da dívida pública, estão felizes da vida com o presidente do BC.
A ampla maioria da população apoia a posição de Lula pela redução da taxa de juros. É preciso que a esquerda intensifique a campanha nas redes e nas ruas pela queda da SELIC e demissão de Campos Neto, colocando a necessidade de retomar o controle público do Banco Central. A “autonomia” do BC o seu domínio completo pela Faria Lima.
Artur Lira atua para enfraquecer Lula
O centrão chantageia o governo no Congresso por cargos e dinheiro. E atua pela manutenção das contrarreformas e privatizações de Temer e Bolsonaro. Por isso, ajudou a derrubar as mudanças positivas de Lula no marco do saneamento e quer tornar a regra fiscal de Haddad ainda mais dura e restritiva. Lira se coloca como porta-voz político do grande capital.
Vale notar que os partidos da direita que têm ministérios (como o União Brasil, o PSD e o MDB) não estão entregando os votos a favor das medidas do governo na Câmara dos Deputados. A fidelidade deles é com o agronegócio e os banqueiros.
A extrema direita, por sua vez, não está para brincadeira. Busca o tempo impor derrotas ao governo Lula. A aliança dos fascistas com as grandes empresas de tecnologia (Google, Meta, Twitter, TikTok, Telegram) conseguiu bloquear a aprovação da PL das FakeNews.
O desafio é construir a governabilidade pela esquerda
A governabilidade de Lula não pode depender do centrão de Artur Lira e dos setores da direita. Se ficar refém deles, será muito difícil avançar nas mudanças necessárias após a destruição deixada por Temer e Bolsonaro. Num cenário de frustração social com o governo, quem vai se dar bem será o bolsonarismo, que voltará à ofensiva golpista.
Vejamos exemplos na América do Sul. No Chile, o desgaste do presidente Gabriel Boric, que optou por governar girando ao centro, abriu portas ao avanço da extrema direita. Já na Colômbia, Gustavo Petro está convocando mobilizações populares para pressionar o Congresso a aprovar reformas progressivas. Com isso, está conseguindo avançar.
No Brasil, diante das dificuldades na relação de forças no Congresso e na sociedade, é preciso iniciar a construção de um processo de organização e mobilização social pela esquerda. Isso é crucial para fazer avançar as medidas sociais e econômicas progressivas. E também para enfrentar a extrema direita e as chantagens do centrão e do mercado.
Os partidos de esquerda, os movimentos sociais, os sindicatos, as frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, precisam jogar peso, de forma unificada, nessa tarefa estratégica. O PSOL defende esse caminho. Consideramos que um primeiro passo nesse sentido deve ser a realização de uma campanha pela prisão de Bolsonaro e pela demissão de Campos Neto.
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