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Parlamento ou pra lamento?

Lula Marques/ Agência Brasil

Chico Alencar

Chico Alencar é professor de História graduado pela UFF, mestre em Educação pela FGV e doutorando na UFRJ. Tem 30 anos de experiência na política institucional, já tendo sido Deputado Federal por quatro legislaturas. Ganhou nove vezes o prêmio de “Melhor Deputado” do site Congresso em Foco e foi escolhido por jornalistas o parlamentar mais atuante do Brasil. Chico Alencar foi eleito em 2022 com 115.023 votos pelo PSOL-RJ para mais um mandato de Deputado Federal.

Nessa minha volta a Brasília, constato, um tanto perplexo, que o baixo nível anda alto na Câmara dos Deputados. Credito essa involução à maioria conservadora da nova legislatura, em que a extrema direita bolsonarista e reacionária tem um peso considerável.

Vejam só que tem acontecido.

Ministro é convidado para se explicar e não o deixam falar.

Em vez da natural divergência, xingamento.

Usa-se o argumento da força em vez da força dos argumentos.

A interpretação dos fatos é substituída pela quase “via de fato”.

No lugar da verdade, a fake news, a tal “pós-verdade”, a “lacração” nas redes antissociais.

Deputado acusado de ter assessor desviado de função? Faça-se silêncio e omissão.

Uma acusa um de assédio, outro acusa uma de invenção.

Diante dos fatos, pergunta-se: E o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, com seus componentes já indicados? Simplesmente não é instalado. Artur Lira, pelo visto, deve achar que está tudo bem e o órgão é desnecessário.

Tudo isso leva água (suja) para o moinho da antipolítica. O que é péssimo para nossa precária democracia.

Para não dizer que não falei de flores, nem tudo é apenas baixaria. Os ministros Camilo Santana (Educação), Sônia Guajajara (Povos Indígenas e Originários) e Silvio Almeida (Direitos Humanos), por exemplo, foram sabatinados por horas a fio em diferentes Comissões. Com raras exceções, sempre com civilidade e bom conteúdo político.

O que dá certo alento. Percebe-se que, afinal, que há vida inteligente no Parlamento!