Nessa minha volta a Brasília, constato, um tanto perplexo, que o baixo nível anda alto na Câmara dos Deputados. Credito essa involução à maioria conservadora da nova legislatura, em que a extrema direita bolsonarista e reacionária tem um peso considerável.
Vejam só que tem acontecido.
Ministro é convidado para se explicar e não o deixam falar.
Em vez da natural divergência, xingamento.
Usa-se o argumento da força em vez da força dos argumentos.
A interpretação dos fatos é substituída pela quase “via de fato”.
No lugar da verdade, a fake news, a tal “pós-verdade”, a “lacração” nas redes antissociais.
Deputado acusado de ter assessor desviado de função? Faça-se silêncio e omissão.
Uma acusa um de assédio, outro acusa uma de invenção.
Diante dos fatos, pergunta-se: E o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, com seus componentes já indicados? Simplesmente não é instalado. Artur Lira, pelo visto, deve achar que está tudo bem e o órgão é desnecessário.
Tudo isso leva água (suja) para o moinho da antipolítica. O que é péssimo para nossa precária democracia.
Para não dizer que não falei de flores, nem tudo é apenas baixaria. Os ministros Camilo Santana (Educação), Sônia Guajajara (Povos Indígenas e Originários) e Silvio Almeida (Direitos Humanos), por exemplo, foram sabatinados por horas a fio em diferentes Comissões. Com raras exceções, sempre com civilidade e bom conteúdo político.
O que dá certo alento. Percebe-se que, afinal, que há vida inteligente no Parlamento!
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