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MUNDO

Crise previdenciária (França): Ainda estamos aqui, Macron, a sua hora vai chegar!

A mobilização do 6 de abril mostrou os incríveis recursos dessa mobilização, sua implementação, sua legitimidade. Agora, nosso objetivo deve ser o de desafiar o poder de Macron, um poder antissocial, ilegítimo e antidemocrático.

Antoine Larranche, de Europe Solidaire Sans Frontières
CGT/CHU Toulouse

Com 400.000 pessoas em Paris, 60.000 em Bordeaux, 90.000 em Toulouse, 50.000 em Nantes, 6.000 em Bourges, 400 em Lamballe, 15.000 em Perpignan e Toulon, 10.000 em Tarbes 1, mas também uma série de cidades onde há mais pessoas do que da última vez (em Lyon, Pau e Bayonne, por exemplo), temos agora uma mobilização que continua a ser extremamente poderosa à escala do que conhecemos nos últimos 30 anos.

Além das manifestações, vimos novamente centenas de várias ações, bloqueios, na reitoria de Bordeaux, nas estações com a invasão de vias, um pedágio na Autoestrada132, etc. Após aas ações nos últimos dias, como a ocupação da reitoria de Paris, a liberação portar cartazes no Arco do Triunfo [no centro histórico e simbólico de Paris!], na coluna do monumento aos girondinos…

Os números de greve permanecem em um nível relativamente alto, perto do último dia, alto para um décimo primeiro dia. A greve foi forte nos trens intercidades, deve ser retomada entre os lixeiros e continua nas refinarias [de petróleo], incluindo a de Gonfreville, tendo a Justiça suspendido [a ordem de requisição judicial contra a greve].

Tudo isso é a marca de um movimento que continua sendo extremamente profundo, de participantes que querem vencer. A Intersindical3, em reação a este novo dia de sucesso e à recusa de Macron de qualquer compromisso, foi levada a convocar uma nova greve na quinta-feira, 13 de abril, quinta-feira, um dia antes da reunião do Conselho Constitucional4. Somente uma mobilização excepcional poderia levar à censura ao governo atual, como saída para a crise deste momento.

O sucesso da mobilização de hoje mostra mais uma vez a magnitude da crise política que estamos vivendo. O movimento venceu a batalha da opinião [pública], forçou o presidente a utilizar o artigo 49-35 e, apesar da votação da lei no Parlamento, não quer ceder, enquanto o poder afunda em uma ilegitimidade cada vez mais forte, minoria que é, com uma repressão cada vez mais forte, condenada por organizações humanitárias, mas também pela ONU, a União Europeia, os EUA. Ele ainda se encontra no centro de escândalos com as ameaças [do ministro do Interior [Gérald] Darmanin contra a Liga dos Direitos Humanos, o escândalo da contaminação da água potável por clorotalonil, as revelações adicionais sobre a violência cometida pela gendarmeria6 em Sainte-Soline7.

Este movimento sofre de uma fraca auto-organização, com poucas Assembleias Gerais, as greves renováveis8 não são suficientemente numerosas, mas a sua imensa força tem sido, em cada fase, atravessar marcos políticos. A outra é questionar a legitimidade das decisões institucionais: não vamos parar, mesmo que o Conselho Constitucional valide a lei. Contestamos a legitimidade deste conselho, como contestamos a do 49.3 e das instituições antidemocráticas da Quinta República. A melhor maneira de lidar com isso seria uma greve geral que paralisasse o país pelo tempo que for necessário.

Na sexta-feira, 14 de abril, um dia após o novo dia nacional de greves e manifestações, é imperativo que o movimento continue a expressar nas ruas sua rejeição à contrarreforma e sua legitimidade contra Macron. Perante o Conselho Constitucional, como no momento da aplicação do [artigo] 49.3, é necessário ao final da tarde pressionar pela ocupação das praças e preparar-se para se manifestar. E, será necessário recorrer ao verdadeiro responsável por este ataque, Emmanuel Macron, organizar uma grande marcha em direção ao [Palacio do] Eliseu, unitária, com todas as organizações políticas, sindicatos, associações, os Coletes Amarelos, os coletivos feministas e ecologistas radicais, todas as estruturas do movimento social.

1.29/03: 450.000 em Paris, 80.000 em Bordéus, 150.000 em Toulouse, 60.000 em Nantes, 8.000 em Bourges, 400 em Lamballe, 15.000 em Perpignan, 15.000 em Toulon, 15.000 em Tarbes, 15.000 em Le Puy-en-Velay 23/03: 800.000 em Paris, 110.000 em Bordéus, 150.000 em Toulouse, 80.000 em Nantes, 8.000 em Bourges, 15.000 em Angoulême, 1.000 em Lamballe, 20.000 em Perpignan, 30.000 em Toulon, 24.000 em Tarbes, 15.000 em Le Puy-en-Velay…

 

Anotações

[1] 29/03: 450.000 em Paris, 80.000 em Bordéus, 150.000 em Toulouse, 60.000 em Nantes, 8.000 em Bourges, 400 em Lamballe, 15.000 em Perpignan, 15.000 em Toulon, 15.000 em Tarbes, 15.000 em Le Puy-en-Velay 23/03: 800.000 em Paris, 110.000 em Bordéus, 150.000 em Toulouse, 80.000 em Nantes, 8.000 em Bourges, 15.000 em Angoulême, 1.000 em Lamballe, 20.000 em Perpignan, 30.000 em Toulon, 24.000 em Tarbes, 15.000 em Le Puy-en-Velay…

Notas:

1 Em 29/03, os números foram: 450.000 em Paris, 80.000 em Bordeaux, 150.000 em Toulouse, 60.000 em Nantes, 8.000 em Bourges, 400 em Lamballe, 15.000 em Perpignan, 15.000 em Toulon, 15.000 em Tarbes, 15.000 em Le Puy-en-Velay; Em 23/03: 800.000 em Paris, 110.000 em Bordéus, 150.000 em Toulouse, 80.000 em Nantes, 8.000 em Bourges, 15.000 em Angoulême, 1.000 em Lamballe, 20.000 em Perpignan, 30.000 em Toulon, 24.000 em Tarbes, 15.000 em Le Puy-en-Velay…

2 Autoestrada nacional, que vai de Paris a Caen, uma estrada de grande importância nacional que liga a capital à Normandia!

3 Coordenação de todas as grandes organizações sindicais do país (CFDT, CGT, FO, CFE-CGC, CFTC, UNSA, Solidaires, FSU, Unef, la Voix lycéenne, FAGE, FIDL, MNL)
Abaixo, seu comunicado de 29/03 [em francês] https://www.cfdt.fr/portail/presse/communiques-de-presse/communique-intersyndical-l-intersyndicale-determinee-donne-rendez-vous-le-6-avril-srv1_1284845

4 https://pt.wikipedia.org/wiki/Conselho_Constitucional_da_Fran%C3%A7a

5 https://www.correiobraziliense.com.br/mundo/2023/03/5080751-conheca-o-artigo-49-3-mecanismo-usado-para-driblar-o-parlamento-na-franca.html

6 Mais ou menos equivalente às PMs do Brasil. Polícia militarizada.

7 Grandes reservatórios de água combatidos pelos pequenos agricultores e ecologistas

8 A greve de massas renovável fracassou entreos dias 7, 8 e 9 de março, mas foi além do calendário sindical. Isso não significa que essa perspectiva não seja mais válida, mas que no curto prazo ela pode não mais existir. Os setores em greve renovável também estão lutando para manter sua greve, com os fundos de greve começando a encolher e os grevistas sendo menos numerosos. No entanto, essas greves permitem manter uma agitação cotidiana o que é crucial para o movimento.

9 A greve de massas renovável fracassou entre os dias 7, 8 e 9 de março, mas foi além do calendário sindical. Isso não significa que essa perspectiva não seja mais válida, mas que no curto prazo ela pode não mais existir. Os setores em greve renovável também estão lutando para manter sua greve, com os fundos de greve começando a encolher e os grevistas sendo menos numerosos. No entanto, essas greves permitem manter uma agitação cotidiana o que é crucial para o movimento.

 

Publicado em: Crise des retraites (France): On est encore là, Macron, on viendra te chercher chez toi!

 

 

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frança / greve geral