Chegou a hora de varrer o interventor Cândido Albuquerque que, desde 2019, está à frente da reitoria da UFC. Seu mandato representa uma página obscura na história da universidade e, depois de quatro anos de dura resistência travada contra os abusos e o autoritarismo que marcaram toda sua gestão, finalmente será possível virá-la.
O mandato de Cândido à frente da reitoria dura até o dia 22 de agosto, quando ele deverá entregar o cargo. E, nesse mês de abril, ocorrerá o processo de consulta para um novo reitor, de acordo com o seguinte calendário:
04 à 20/04 – Campanha eleitoral
25 e 26/04 – Consulta via Sigaa
28/04 – Reunião do CONSUNI
22/08 – Último dia do interventor na UFC
Impor uma massiva votação de rechaço contra Cândido
Contudo, consideramos que não basta simplesmente esperar até agosto, quando Cândido deixará de ser reitor. Será necessário ainda muita mobilização na universidade, particularmente durante todo este mês de abril, no qual precisaremos fazer uma ampla campanha entre os dias 04 e 20, para trazer à tona o balanço dos quatro anos de sua gestão bolsonarista à frente da reitoria e ganhar o máximo de estudantes. Como afirmamos em texto anterior:
Desde seu primeiro dia à frente da Universidade, Cândido tem usado a reitoria como um verdadeiro “gabinete do ódio” para perseguir estudantes, servidores e professores. Um dos principais exemplos disso é que ele nunca convocou os RDs (Representantes Discentes) legitimamente eleitos pelos estudantes da UFC para assumir suas vagas nos conselhos superiores da universidade (CONSUNI, CEPE E CONCUR). Assim, ele pôde usar os espaços dos conselhos para impor medidas autoritárias na universidade, como: corte de bolsas; tentativa de tomada da sede do DCE no Centro; imposição de realização dos Encontros Universitários como um evento virtual; gestão desastrosa do RU do centro e no primeiro semestre de 2022, período marcado pelas filas enormes e demoradas e alimentação de péssima qualidade, e no RU de Russas, no interior; utilização irregular do e-mail da universidade para fazer intimidação, bravata e demagogia, contra a maioria da universidade que lhe é oposição; desprezo à adoção do passaporte vacinal no retorno às aulas em 2022; elevação do valor da refeição no RU de R$1,10 para R$3,00 e retirada do suco; concessão de honrarias da universidade para seus compadres políticos, etc.
Esta tarefa deve ser abraçada pelo conjunto do movimento estudantil (CAs, DAs, Coletivos, etc.) com o máximo de prioridade, pois ela é decisiva. O Afronte, que foi oposição ao interventor desde o seu primeiro dia à frente da reitoria vem colocando-se desde já ao lado da chapa formada pelos professores Custódio e Diana, que dispuseram seu nome para dirigir a universidade e que tem se comprometido a fazer uma gestão democrática e voltada a garantir as condições de assistência e permanência estudantil.
Contudo, infelizmente há coletivos que argumentam que intervir nesta consulta não deveria ser tarefa prioritária para o movimento estudantil já que, para todos os efeitos, o peso do voto dos estudantes é reduzido. Consideramos esse raciocino absolutamente equivocado e, pior, perigoso. Se conseguirmos arrancar, digamos que, 10.000 votos a favor da chapa Custódio-Diana (uma quantidade qualitativamente superior aos 7.772 votos obtidos na consulta anterior), a despeito do peso jurídico do voto estudantil na consulta, serão 10.000 votos de rechaço aos quatro anos da gestão Cândido. Ou seja, mesmo que o voto dos estudantes não tenha peso jurídico, ele tem peso e importância política para marcar posição dentro da universidade e para fazer pressão sobre o CONSUNI (Conselho Superior Universitário), que fará a lista tríplice no dia 28.
ALERTA: estado de mobilização na UFC para barrar possível golpe no CONSUNI
Há ainda mais motivos para que abril corra em permanente estado de mobilização estudantil na UFC. Não está dado que o CONSUNI, conduzido sob as rédeas curtas de Cândido, respeite o resultado da consulta. Por isso, o último CEB (Conselho de Entidade de Base), realizado no dia 03, aprovou corretamente a realização de um grande ato no dia 28/04, para pressionar o CONSUNI e evitar que seja arquitetado mais um golpe na UFC, que favoreça a candidatura indicada por Cândido. Ainda mais tendo em vista que Cândido alterou ilegalmente a composição do CONSUNI, a pouquíssimos dias da realização da consulta, uma manobra escandalosa e escancarada.
Assim, fica claro perceber como é perigoso simplesmente ignorar o processo da consulta.
Nesse sentido, foi muito importante que o CEB tenha acolhido a proposta apresentada em plenário pela militância do Afronte de que seja realizada no dia 17/04 uma assembleia geral emergencial com o objetivo de eleger, por aclamação, uma chapa de RDs (Representantes Discentes). Trata-se de uma medida importante, ainda que sob o risco de ser barrada por Cândido, porque, caso consigamos empossar a chapa de RDs a tempo dela participar da elaboração da lista tríplice (dia 28/04), teremos um reforço considerável para impedir, no voto, um possível golpe de Cândido e garantir que o nome do professor Custódio encabece a lista tríplice.
Por eleições diretas e paritárias
Cândido foi empossado mesmo tendo recebido uma votação pífia (610 votos) na consulta realizada na época, contra a candidatura do professor Custódio (7.772 votos).
Contudo, em razão do antidemocrático sistema de consulta indireta, baseado na chamada lista tríplice, e com apoio da extrema-direita que então governava o país, Cândido tomou posse, mesmo sendo o menos votado na consulta. Cândido certamente não foi o único interventor imposto por Bolsonaro. Ele e mais 21 interventores foram empossados de forma antidemocrática em outras Instituições de Ensino Superior.
Portanto, no marco do processo de consulta para reitor, a militância do Afronte também estará empenhada em denunciar a chamada lista tríplice, instrumento antidemocrático que permitiu que Cândido, o menos votado na última consulta, fosse arbitrariamente nomeado. Ao mesmo tempo, o Afronte defende e defenderá a paridade de votos nas próximas consultas para reitor, ou seja, o fim do atual sistema “70-15-15”, que agiganta o peso do voto para professores, e reduz o peso dos votos para estudantes e servidores. Assim, num sistema de voto ideal, ou seja, paritário, o voto de cada segmento da comunidade teria peso de, mais ou menos, 33,33%.
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