Perseu Abramo publica nova edição de Revolução e contrarrevolução na Alemanha de Leon Trostsky
Publicado em: 27 de março de 2023
Cultura
Valerio Arcary
Professor titular aposentado do IFSP. Doutor em História pela USP. Militante trotskista desde a Revolução dos Cravos. Autor de diversos livros, entre eles Ninguém disse que seria fácil (2022), pela editora Boitempo.
Cultura
Valerio Arcary
Professor titular aposentado do IFSP. Doutor em História pela USP. Militante trotskista desde a Revolução dos Cravos. Autor de diversos livros, entre eles Ninguém disse que seria fácil (2022), pela editora Boitempo.
Revolução e contrarrevolução na Alemanha é uma das obras mais importantes de Leon Trotsky. Reúne um conjunto de ensaios escritos, no calor dos acontecimentos, a partir do terrível impacto da crise econômica de 1929, até a sinistra ascensão de Hitler ao poder em 1933.
Trotsky argumenta à exaustão, diante do perigo de uma derrota histórica diante do nazismo, a necessidade emergencial, insubstituível e incontornável, de uma Frente Única do Partido Comunista com os social-democratas do SPD, as duas maiores organizações da esquerda na Alemanha. Seus alertas foram ignorados e a tragédia se consumou.
Prevaleceu no Partido Comunista da Alemanha, o mais poderoso do mundo no início dos anos trinta do século passado, uma orientação sectária e ultraesquerdista, que pretendia combater, simultaneamente, o nazismo e a socialdemocracia. A acusação de que o SPD seria um partido “social-fascista”, socialismo nas palavras e fascismo nos atos, foi uma das maiores monstruosidades ideológicas do estalinismo. A divisão da classe trabalhadora e seus aliados nas classes populares provocou, irremediavelmente, uma fratura na resistência antifascista. A subestimação do perigo terminal que Hitler representava foi fatal.
A revolução política e social foi o fenômeno histórico novo mais significativo do século XX, e não surpreende, portanto, que os marxistas que não sucumbiram às pressões sociais hostis, porque mantiveram vínculos com o movimento dos trabalhadores, tenham-lhe dedicado a sua atenção.
Em nenhuma outra época da história as sociedades recorreram, com tamanha frequência, aos métodos revolucionários para resolverem suas crises. A aceleração histórica das transformações, uma das previsões visionárias de Marx, foi vertiginosa. Encontrou pela frente, contudo, em uma proporção impensável há cem anos atrás, uma força de resistência social e reação política que a humanidade, até então, desconhecia. A expressão mais degenerada da contra-revolução política e militar do capitalismo no século XX foi o nazifascismo.
Este livro apresenta uma elaboração original que despertou ásperas polêmicas na esquerda e nos meios marxistas, quando foi escrito, mas passou a prova no laboratório da história. Foi traduzido para o português e publicado, por iniciativa de Mario Pedrosa, logo em seguida. Ainda que seja uma análise meticulosa da dramática dinâmica da luta de classes na Alemanha, noventa anos atrás, permanece uma inspiração para a nova geração.
O ressurgimento de uma extrema-direita neofascista com influência de massas, no Brasil e em boa parte do mundo, na segunda década do século XXI, sinaliza que a permanência tardia do capitalismo é uma ameaça real à vida civilizada. A urgência da luta contra o bolsonarismo permanece um desafio imenso e inadiável. A iniciativa do lançamento do primeiro volume da coleção de obras de Leon Trotsky pela Editora da Fundação Perseu Abramo do PT é, portanto, instigante e animadora.