O artigo a seguir, escrito pelo líder prisioneiro palestino Munther Khalaf Mufleh,foi republicado a partir do original árabe, do Handala Center. O Esquerda Online baseou-se na versão em inglês em https://samidoun.net/2023/03/munther-khalaf-mufleh-prisoners-movement-victory-is-an-implementation-of-unity-and-true-partnership/
Após a escalada dos ataques sionistas contra as conquistas obtidas pelo movimento dos prisioneiros ao longo dos anos, e as tentativas do fascista Ben Gvir (1) de tomar nossos direitos, promulgando leis e políticas, como as leis para a execução de prisioneiros, revogação da nacionalidade e deportação de prisioneiros e ex-prisioneiros, bem como os ataques às conquistas da vida cotidiana do movimento dos prisioneiros, como o corte do acesso à água, a fixação de horários breves para o banho e a imposição de dezenas de medidas punitivas, como a transferência [de prisão] e o isolamento repetidos, levaram o movimento dos prisioneiros a agir. Essas políticas expressam a natureza odiosa e racista do sionismo, revelando sua verdadeira face e seus mecanismos que sempre visam atingir tudo aquilo que é palestino. O movimento dos prisioneiros implementou uma série de medidas táticas crescentes e preparou e ameaçou lançar uma greve de fome aberta e coletiva no primeiro dia do Ramadã (22 de março).
Com esses passos, o movimento dos prisioneiros visava dar ao inimigo uma nova lição, e começou a implementá-los anunciando os nomes dos líderes nacionais palestinos que começariam a greve de fome aberta, liderados pelo secretário-geral da Frente Popular para a Libertação da Palestina, o líder Ahmad Sa’adat e líderes de todas as facções, dirigidas por Mohammed Al-Tus, Abu Shadi; Hassan Salameh; e um extenso grupo de heróis do movimento dos prisioneiros.
Pela primeira vez desde 1993, a fórmula do diálogo direto foi imposta com a presença de todo o Comitê Superior de Emergência, representando todas as facções palestinas, sob o slogan de “unidade nacional e parceria verdadeira”. Por meio de sua primeira mensagem às massas, assinou um código de honra para consolidar esse conceito de parceria e de unidade, especialmente porque foi a primeira aparição do nome do comitê de emergência. Isso tem como objetivo promover a unidade, não só em nível do movimento dos prisioneiros, mas também em nível do nosso povo palestiniano onde quer que esteja.
Durante sua maratona de discussões com a autoridade prisional sionista, o Comitê de Emergência constituiu um modelo forte e sólido no qual as demandas do movimento dos prisioneiros foram apresentadas com ousadia e fervor revolucionários, desafiando todos os obstáculos com o firme compromisso de que os direitos não são implorados, mas sim tomados.
Isso foi implementado na prática durante essas sessões, e os resultados foram os seguintes:
- As decisões sobre as condições de vida serão adotadas por todo o gabinete sionista e não por uma única decisão do criminoso Ben Gvir e seu gabinete.
- A remoção de dois prisioneiros do confinamento solitário, que estiveram envolvidos [em atos de] resistência.
- Retorno do abastecimento de água ao normal, sem limitações de tempo.
- Devolver o acesso à cozinha dos prisioneiros na prisão de Ofer.
- Abertura de instalações públicas (“cantina” ou loja da prisão, lavanderia, barbeiro, etc.) na prisão de Negev na sexta-feira.
- Permitir a comunicação por telefone público a partir da clínica prisional de Ramle cinco vezes por semana.
- Encerramento dos processos sobre vários detidos administrativos [e garantir que sua detenção não seja renovada], especialmente os detentos idosos.
- Abertura de uma seção especial para prisioneiros detidos após sua prisão.
- Além de uma série de demandas que exigem acompanhamento da liderança de emergência a serem implementadas dentro das seções, elas precisarão de acompanhamento periódico dos representantes da seção.
Todas essas conquistas não teriam sido realizadas se não fosse pela vontade de nosso povo palestino e sua valente resistência que estava presente conosco e sempre nos impulsiona a uma ação maior, mas essa conquista é um passo no caminho de mil quilômetros em direção a nosso objetivo de liberdade e libertação. Ela pode ser fortalecida para aumentar a pressão sobre a ocupação, para extrair mais conquistas e para deter as políticas de assédio e opressão por parte da autoridade prisional, a fim de alcançar o sonho da libertação.
Munther Khalaf Mufleh é um prisioneiro político palestino, membro do Comitê Central da Frente Popular para a Libertação da Palestina. É diretor do Centro Handala para Assuntos do Movimento dos Prisioneiros e porta-voz do ramo prisional da FPLP. Ele é escritor e jornalista palestino, e foi admitido como membro do Sindicato dos Jornalistas Palestinos enquanto estava preso em reconhecimento ao seu trabalho.
Notas
1 Itamar Bem Gvir é membro do partido sionista de extrema-direita Judaísmo Religioso e ocupa o Ministério de Segurança Nacional, diretamente responsável pela repressão aos palestinos dentro das fronteiras de 1948 e nos territórios ocupados.
2 Seguindo a prática do colonialismo britânico durante o Mandato da Palestina (1921-1948), as forças sionistas se dão o direito de deter palestinos/as por períodos indeterminados sem acusações formais nem julgamento.
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