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BRASIL

FNP aponta suspeitas e pede investigação rigorosa em 7 anos de contratos da Petrobrás

Assessora de Imprensa do Observatório Social do Petróleo
Agência Petrobras

Diante da venda suspeita da Refinaria Landulpho Alves (Rlam) ao grupo árabe Mubadala Capital, que pode se tornar alvo de investigação interna da Petrobrás, a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) defende que a nova gestão da estatal promova uma devassa em todos os contratos firmados nos últimos sete anos. Desde que Jean Paul Prates assumiu o comando da empresa, no final de janeiro, a entidade sindical tem cobrado uma apuração dos atos dos governos passados e chegou a entregar ao presidente da Petrobrás um requerimento de auditoria interna. “É necessário e urgente que sejam investigadas todas as vendas de ativos da estatal ocorridas entre 2016 e 2022. Há muitas negociações suspeitas, com casos escandalosos de venda do patrimônio da Petrobrás a preço vil”, alerta a advogada da FNP, Raquel Sousa.

Segundo ela, as vendas de importantes ativos da estatal iniciadas em 2016, no mandato de Michel Temer, se intensificaram a partir de 2019, no governo de Jair Bolsonaro, quando foram realizadas ao menos três negociações suspeitas. A advogada chama a atenção para a venda da BR Distribuidora, Transportadora Associada de Gás (TAG) e Nova Transportadora do Sudeste (NTS).
Raquel argumenta que a lesividade da negociação da BR, levando-se em conta somente a questão do preço e sem considerar a importância estratégica da empresa, decorre do tipo de procedimento adotado. “A Petrobrás vendeu o controle acionário da BR na Bolsa de Valores disfarçada de uma simples venda de ações, cujo resultado foi receber um valor aviltante”, destaca.
Com relação à TAG e NTS, ela garante que não há justificativa para as vendas. “Eram duas empresas totalmente operacionais, com receita fixa e lucratividade. A NTS, por exemplo, tinha um lucro líquido de R$ 49 bilhões até 2028”.

A privatização das duas subsidiárias de gás, de acordo com Raquel, foi um péssimo negócio para a Petrobrás. A estatal deixou de ter independência no transporte da sua produção e passou a pagar aluguel a preço de mercado pelo uso dos dutos que eram de sua propriedade. “Hoje, a Petrobrás é refém da Brookfield e Engie, donas da NTS e da TAG, respectivamente. Elas ditam o preço de quanto vão cobrar para transportar o gás da estatal. E a Petrobrás paga 100%, mesmo utilizando somente 50% da malha. É um negócio da China e que não tem qualquer justificativa do ponto de vista financeiro”, alega.

Outro caso na lista dos mais escandalosos e que deve ser investigado, completa a advogada, é a venda da Petroquímica Suape, em Pernambuco. Negociado em 2018, o ativo foi vendido por 16% do valor gasto na sua construção e a Petrobrás ainda pagou um empréstimo ao BNDES, cuja soma era maior do que o montante recebido pela venda. “Foi uma sabotagem. A estatal teve um prejuízo grande com esse negócio, gastou bilhões para construir a unidade e não recebeu um tostão de volta”, afirma.

Reforçar as provas

A auditoria interna solicitada pela FNP, segundo a advogada, vai reforçar as provas das ilegalidades na venda de ativos e o rombo causado nas contas da Petrobrás. “Existem vários indícios e provas, inclusive, de vendas que foram lesivas à estatal e ao país, sendo que algumas delas, a exemplo da TAG e NTS, continuam causando prejuízos. A investigação vai confirmar o crime que foi cometido na Petrobrás e as provas devem ser levadas ao judiciário”, declara.

Além da investigação, a FNP também cobra a reversão das vendas irregulares de ativos e punição a todos os envolvidos nas transações ilegais. “O novo governo tem o dever de rever e tomar medidas contra tudo o que foi feito em prejuízo ao país, para beneficiar poucos em detrimento do interesse público, e obrigação moral de reverter as vendas indecorosas”, ressalta a advogada.
Para Raquel, é imprescindível esclarecer a história da Petrobrás desses últimos sete anos. “Queremos que a Petrobrás seja passada a limpo, que ela possa recuperar moralmente o seu nome, que foi jogado na lama pela Lava Jato, e mostrar quem são os verdadeiros saqueadores do país”, conclui.