A venda do patrimônio da Petrobrás alcançou a marca de R$ 281 bilhões nos últimos oito anos, com a negociação de 70 ativos. Desse número, 54 ativos foram vendidos nos quatro anos de governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, somando R$ 175 bilhões, o equivalente a 62,28% do valor total. O montante chega a ser 40% maior do que a soma dos ativos negociados durante o mandato de quase dois anos e meio de Michel Temer (R$ 77 bilhões) e de pouco mais de um ano e meio de Dilma Rousseff (28,7 bilhões).
Os dados são do Privatômetro, do Observatório Social do Petróleo (OSP), referente ao período de janeiro de 2015, quando foi implementado o plano de desinvestimento da estatal, até 31 de dezembro de 2022. O levantamento se baseia no Relatório Petrobras Desempenho Financeiro 4º Trimestre de 2022, divulgado nesta quarta-feira (01/03), e inclui venda de ativos e ações, com atualização dos números conforme a variação da taxa de câmbio para a conversão da moeda e a inflação do período.
O levantamento mostra que o primeiro ano do governo Bolsonaro, em 2019, registrou a maior soma obtida com a venda de ativos da Petrobrás no período. Foram R$ 70 bilhões, que representam 25% do acumulado nos últimos oito anos. A maior fatia desse valor foi proveniente da venda da TAG (Transportadora Associada de Gás), rede de gasodutos do Norte e Nordeste, subsidiária da Petrobrás, por mais de R$ 42 bilhões – o ativo mais caro desse período analisado.
O segundo ativo mais valioso, a NTS (Nova Transportadora do Sudeste), subsidiária que controlava a malha de gasodutos mais estratégica do país, que interliga toda a região Sudeste, foi vendida em 2017, por mais de R$ 23 bilhões. A BR, terceiro ativo mais caro e a maior distribuidora de combustíveis do Brasil, acabou sendo privatizada integralmente em 2021, por R$ 12 bilhões.
Segundo Tiago Silveira, economista do OSP e do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps), o processo de privatização da Petrobrás se aprofundou no governo Bolsonaro, em meio à escalada de preços dos combustíveis. Com o novo governo, ele espera que sejam cumpridas as promessas de campanha para o fortalecimento da estatal. “O Ministério de Minas e Energia solicitou a suspensão das alienações de ativos da Petrobrás por 90 dias. A reavaliação da Política Energética Nacional em curso no governo atual deve, corretamente, rever a política de desinvestimento e toda sanha privatizadora dos últimos governos”, declarou.
Para saber mais, acesse o Privatômetro: https://observatoriopetroleo.
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