Nos últimos anos, desde o florescimento de um árduo processo de luta e resistência ao bolsonarismo na cidade de Suzano, pudemos observar uma série de contradições e desafios para a construção de um projeto alternativo de esquerda popular e emancipatória. Neste imbróglio que atravessou o governo genocida de Jair Messias Bolsonaro e seus asseclas, culminou em uma agenda de denúncia e enfrentamento de suas medidas reacionárias em todas as esferas do Poder, incluindo a Municipal.
Buscando o engajamento da educação popular, construímos e nos empenhamos no fortalecimento do Cursinho Comunitário Chico Mendes (CCM); fomos às ruas em meio a maior tragédia sanitária da história recente, junto ao Comitê Ação Popular (FPSM), levando comida às pessoas em situação de rua e pobreza extrema; nos mantivemos combativos junto aos movimentos dos profissionais da cultura através de saraus e apresentações abertas; fomos as ruas em uma votação assirada para eleger a Bancada Feminista do PSOL e o Presidente Lula contra o fascismo e a extrema-direita; Constituindo a Frente LGBTQIAP+ de Suzano e realizando a construção coletiva da primeira Parada do Orgulho LGBTQIAP+ da cidade, ao lado dos coletivos: Familia Stronger e A Casa da João.
Entretanto, em meio a todo este longo e árduo processo, um dos principais desafios, inclusive enfrentado no âmago dos próprios setores progressistas da cidade, fora a comprovação do caráter fascista do Governo Municipal, liderado pelo Prefeito Rodrigo Ashiuchi (PL). Passados alguns meses desde a eleição histórica do Presidente Lula para seu terceiro mandado e a intentona fascista irrompida em 08 de janeiro por fanáticos bolsonaristas, já é momento para uma breve mas precisa análise de certos pontos fundamentais na política suzanense quanto ao claro e inequívoco caráter reacionário dos chefes do executivo municipal.
1. A primeira delas, diz respeito a uma série de medidas que vem sido tomadas pela prefeitura nos últimos meses, consubstanciadas tanto nas tentativas fracassadas da prefeitura impedir que a Primeira Parada LGBTQIAP+ da cidade fosse às ruas em Julho de 2022, através de um processo judicial vergonhoso; como na proibição do CTA/SAE da cidade de realizar testagens rápidas para IST’s na população; como também na criminalização do movimento LGBTQIAP+ e na perseguição de trabalhadores de cultura da cidade através de sua secretaria, o Prefeito Rodrigo Ashiuchi (PL) e seu governo só demonstraram seu caráter bolsonarista!
2. Ainda, para os munícipes que se negavam a enxergar, Ashiuchi que já pertencia ao mesmo partido de Bolsonaro, declarou seu integral apoio ao ex-presidente e seu empregado no Governo Estadual: Tarcísio de Freitas.
3. Não suficiente, se uniu ao presidente de seu partido, Valdemar Costa Neto (condenado a dez anos por corrupção passiva e lavagem de dinheiro) para atacar as urnas eletrônicas e gerar dúvidas contra o processo eleitoral brasileiro, alimentando o golpismo bolsonarista que teve sua expressão máxima declarada esta semana, no ataque terrorista à Praça dos Três Poderes.
4. Contudo, após observar as consequências dos atos antidemocráticos que já vinham estendendo-se na cidade desde a confirmação da vitória eleitoral contra Bolsonaro, declarou em suas redes sociais que “manifestações pacíficas são legítimas e garantidas pela nossa Constituição. Mas o que estamos vendo em Brasília é inaceitável e se trata de um ataque direto à democracia brasileira. Sou a favor das devidas punições aos responsáveis por esse vandalismo que nos entristece e envergonha o nosso Brasil”.
5. Quem Ashiuchi deseja enganar? Se manifestações pacíficas são garantidas pela nossa Constituição e são previstas no regime democrático, quem impediria o movimento LGBTQIAP+ do direito de se manifestar, exigindo do poder público acesso à saúde, educação, trabalho e cultura? Qual a alcunha correta para aqueles que violam a democracia e desprezam os direitos individuais e coletivos?
6. E se já não bastasse todas as medidas mencionadas, na última semana a Prefeitura anunciou o aumento exorbitante das passagens de ônibus e vans para R$5,30. Valor superior ao cobrado na própria capital do estado! Esse aumento absurdo e que só coloca os interesses da Radial Transportes, da Suzancooper e do governo Ashiuchi acima das necessidades dos trabalhadores suzanenses. Sendo imperativamente urgente que se avalie a qualidade do serviço e as condições econômicas dos transportados antes de se avaliar qualquer eventual alteração na política de preços. Necessidade esta que cada vez mais demonstra-se inatingível vindo de um governo sem qualquer compromisso com os trabalhadores da cidade.
7. É importante que se diga que não são apenas os detidos no Distrito Federal que são responsáveis pelo o que ocorreu em Brasília. Mas igualmente, a família Bolsonaro, os parlamentares, blogueiros e prefeitos bolsonaristas que alimentam todos os dias, o ódio contra a democracia e os setores populares. Devendo todos os inimigos da democracia e do povo serem exemplarmente punidos, e sem anistia!
Portanto, diante de todo o exposto, faz-se urgente a construção de uma unidade em torno de um projeto verdadeiramente popular e de emancipação. Consubstanciado na participação ativa dos trabalhadores e seus sindicatos e coletivos, dos partidos de esquerda e de movimentos sociais. Deixando de lado seus projetos individuais, vaidades e mágoas em prol da derrota definitiva do bolsonarismo na cidade de Suzano e pela construção do poder popular!
* Victor Bernardo é Militante do Afronte e Resistência – PSOL, Coordenador da Frente LGBTQIAP+ de Suzano e Coordernador do Cursinho Chico Mendes.
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