Nessa quarta-feira, 04 de janeiro, o Afronte! – movimento nacional de juventude, lançou um manifesto pela punição aos crimes do Bolsonarismo. O manifesto faz parte de uma sequência de ações que também tiveram repercussão na posse do Lula em Brasília no último dia 1º, em que milhares de brasileiros presentes gritaram: sem anistia! A movimentação e o manifesto abaixo buscam responsabilizar o ex presidente Bolsonaro e o movimento bolsonarista por todos crimes cometidos contra a democracia e tantos outros que precisam ser investigados e punidos, para que nunca mais se repitam.
Abaixo, o manifesto completo que também está recolhendo assinaturas na página do afrontenacional.
Não esquecer para não se repetir: punição aos crimes do bolsonarismo!
O ano começou com festa para o povo brasileiro. A derrota de Jair Bolsonaro nas eleições foi uma importante vitória para aqueles que lutam pela reconstrução dos direitos sociais e da democracia em nosso país. A vitória de Lula nas urnas expande o horizonte das lutas sociais em defesa da vida da população.
No entanto, como vimos, o resultado das urnas expressou uma votação muito apertada. Bolsonaro utilizou, como nunca antes, o aparato do Estado para desestabilizar o jogo político, que vai desde a manipulação dos recursos financeiros até a politização dos órgãos públicos, como no caso dos bloqueios da PRF, dificultando a votação no segundo turno. Combinado a isso, Bolsonaro garantiu uma maioria no senado e uma grande bancada no congresso nacional, além de eleger aliados seus como governadores, que ameaçam perpetuar sua política de morte.
Seguido da derrota eleitoral, o movimento bolsonarista, financiado pelos grandes empresários ruralistas e do agronegócio, tomou as ruas do país com atos golpistas e trancamento de rodovias. A diplomação de Lula foi seguida de episódios de violência, como as queimas de ônibus no Rio de Janeiro. Vimos também a prisão de empresários que planejavam atentados com bombas e armamento pesado para a posse desse dia primeiro. Todos esses últimos fatos demonstram duas coisas: primeiramente, que o bolsonarismo mantém uma força considerável, capaz de reduzir a governabilidade de Lula para aprovar medidas progressistas e, em segundo lugar, que eles não vão cair sem atirar.
Vivemos os últimos quatro anos em um estado de completa tensão social. Foram levadas às últimas consequências a redução dos direitos da juventude e dos trabalhadores, o aumento da desigualdade social, o genocídio da população negra, a destruição do meio ambiente e o desinvestimento dos serviços públicos, como os cortes bilionários nas universidades federais.
As constantes ameaças de fechamento do Congresso Nacional e do Senado, bem como a incitação dos ideais golpistas no interior das forças armadas, aprofundaram a destruição da democracia. O bolsonarismo nunca escondeu sua afeição pela ditadura e sempre se utilizou de mecanismos próprios do período, como o sigilo de 100 anos sobre as suas contas e a distorção das informações públicas ao seu favor, como foi com a omissão do número de mortos da pandemia. Vivemos um período com um governo que tinha mais militares em sua composição do que cientistas e educadores.
Bolsonaro também deixa um rastro de sangue impagável no país. Foi sob o seu governo que morreram mais de 700 mil pessoas pela COVID-19. Também aumentaram os casos de assassinatos políticos, como os tristes casos de Marielle Franco, Dom Phillips e Bruno Pereira. Bolsonaro e seus aliados cometeram os mais diversos crimes contra a humanidade.
O saldo desses quatro anos é um Brasil devastado e fragmentado. É um fato que muitos órgãos públicos foram corrompidos pelo bolsonarismo e que a extrema-direita ainda nutre um grande apoio social e é financiada por grandes empresários.
É tarefa da esquerda e dos movimentos sociais que lutaram pela manutenção da democracia em nosso país encampar uma forte campanha pela responsabilização e punição dos crimes cometidos por Bolsonaro e seus apoiadores. Nossa luta é pela memória de Marielle, Dom Phillips, Bruno Pereira e todos aqueles que foram levados pela falta de políticas de combate a COVID-19, a fome e a carestia.
O Brasil, no entanto, tem um histórico de impunidade e anistia nos crimes contra a democracia e a humanidade. A Comissão Nacional da Verdade, por exemplo, foi de suma importância no combate aos crimes políticos cometidos pela ditadura. Contudo ela só foi instalada no país 23 anos após o fim do regime. Em países como a Argentina, por exemplo, instalaram sua Comissão da Verdade e puniram pessoas que cometeram crimes contra a humanidade após 4 anos do fim da ditadura, dificultando a perpetuação das ideias autoritárias e fascistas no debate público.
A juventude foi vanguarda na luta contra a extrema-direita. Estivemos nas ruas no Tsunami da Educação, fizemos parte do vira-voto nas últimas eleições, lutamos contra o fechamento das universidades públicas. Comemoramos a vitória de ter eleito Lula, entendendo os desafios que se seguem: lutar pela punição aos crimes do bolsonarismo e contra a anistia aos golpistas.
Nesse primeiro de janeiro, durante a posse de Lula e a ocupação de Brasília por milhares de brasileiros, a palavra de ordem que ecoou foi: sem anistia! Bolsonaro e o Bolsonarismo precisam responder por todos os crimes, que vão desde os ataques à democracia, às fake news, aos crimes contra humanidade e a saúde pública, e tantos outros que devem ser investigados. O Afronte estará em cada universidade, em cada território, buscando somar forças para essa tarefa, mobilizando cada uma e cada um que lutou contra esse governo nos últimos anos.
A luta pela verdade, pela apuração dos crimes do bolsonarismo, deve conduzir à luta por justiça, pela punição de todos os golpistas e financiadores do golpismo. Acertar as contas com o passado é garantir que os erros não voltem a se repetir no futuro.
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